No domingo dei uma entrevista para a CBN. Quando me convidaram esqueci do detalhe de que rádio, ao contrário de TV, é quase sempre ao vivo. Só que ao contrário do esperado, não me apavorei com a idéia de dar vexame em rede nacional. Aliás, nem minha proverbial timidez foi problema.
Para espanto geral de quem me conhece e acompanha, digamos que nem gaguejei.
“Cardoso virou homem?” dirão alguns.
Não chega a tanto. Como já disse em outros posts, fazer gênero de tímido é ótimo, ainda mais quando se é tímido mesmo, mas não dá para você investir em uma carreira de blogueiro popular, se vive escondido em seu porão. O negócio é botar a cara na janela, participar mesmo que saiba que não vai ser tão bom quanto gostaria. Falar em público e para público é algo que só se aprende fazendo, pois técnica nenhuma vai te deixar confortável com um microfone na mão.
Como foi falar com a Tânia Morales, da CBN? Eu diria que foi tranquilo. Ela visitou este blog, perguntou coisas pertinentes e me deixou à vontade. Confesso que como eu gosto de rádio, foi meio “trapaça”, eu já sabia que tinha que dar respostas curtas, sabia que não poderia usar palavrões, sabia que não deveria ter um rádio por perto sintonizado na emissora, para evitar microfonia, mas na verdade eu já estava escaldado da Bossa Conference.
O evento em Porto de Galinhas foi todo em inglês. Desenvolvedores do mundo inteiro, não só brasileiros, acompanhando palestras de hackers (no melhor sentido do termo) de 1a linha. Não dava para ser em português. Sem problemas, eu entendo inglês muito bem, assim como escrevo. Mas não falo.
É, é verdade. Eu sou tímido demais para falar inglês sóbrio. Bêbado tudo bem, mas não de cara limpa.
Mais uma vez a necessidade falou mais alto e o mundo se lixou para as minhas limitações. Na hora de entrevistar os gringos, não dava para pedir para outro traduzir. Ainda mais quando fiz amizade com o Peter Brown, da Free Software Foundation. Não dava para pedir um uisque no café da manhã, nem para levar cerveja para o salão quando o entrevistei.
Só sei que conversamos horas, rimos muito, e no final eu estava até soltando piadas na língua do Bardo.
Morri? Não. Na verdade só parei de frescura, atitude sempre recomendada, diga-se de passagem.
Será isso o princípio de uma carreira como orador? Dificilmente, falar em público é muito mais do que não desmaiar diante de um microfone, mas é o início de muito mais possibilidades, que eu sequer cogitava, como entrevistas internacionais, pequenas palestras e apresentações mais profissionais em blogcamps e barcamps.
Foi bom para mim? Foi excelente, mais uma das coisas boas que aconteceram comigo graças aos blogs. Se não fosse por eles, eu provavelmente nunca iria superar essa pequena porém significativa barreira.