OK, invejo o Jeff Paiva, por motivos óbvios. De resto, é uma profissão inglória.
Nos velhos tempos uma campanha mais-ou-menos passava em brancas nuvens, mas o espectador não reclamava em fóruns públicos de algo sem-graça ou meramente equivocado. Era possível errar, ou pelo menos fazer o feijão-com-arroz sem críticas.
Hoje isso não é mais possível. Com o marketing viral, joguinhos, hotsites e similares fazer o correto não é mais suficiente.
É até compreensível. Você está lidando com o bem mais precioso de seu espectador, o tempo dele. Não é mais um ato passivo de assistir a um comercial durante o intervalo de um filme. No momento em que você exige interação, no momento em que o leitor tem que ir ao YouTube ou visitar um site para consumir sua propaganda, ela passa a ter obrigação de impressionar.
Nos casos positivos a recompensa é uma viralização instantânea. (viralização é um termo chique para o bom e velho boca-a-boca) Blogs divulgam de graça a ação, leitores passam para os amigos via email, MSN, etc. Temos benefício de imagem, a marca vai às alturas, a mídia abre espaço para comentar o caso…
Esse é o cenário de sonho.
Na prática é muito, muito complicado conseguir esse efeito. Não adianta nem colocar posts pagos disfarçados em blogs conhecidos, se sua campanha for ruim, como a dos Fatos do Gol, ninguém vai replicar.
Se sua campanha for ofensiva, como a do Pallas, vai é ganhar um monte de comentários mal-humorados, e seu cliente terá que fazer uma retratação pública.
Então vamos todos fazer campanhas legais!
Uau, que lindo, viva Polyanna.
Não é tão simples. Criar campanhas geniais não é algo trivial. Para cada anúncio genial que o Nizan fez, criou 50 feijão-com-arroz no dia-a-dia. Acertar sempre na Internet só se você tiver uma agência com uma puta (publicitário adora falar “puta”) equipe de criação e gente por dentro das manhas da Internet para botar o pé no chão e decidir se vai ou não vai.
O sonho de todo mundo é criar um Will it Blend? aquela série de vídeos onde colocam de tudo no liquidificador da BlendTec, e ele destrói qualquer coisa. Ou quase qualquer coisa, com exceção de Chuck Norris, neste excelente encontro entre dois memes da Internet.
Não é fácil. Com clientes se metendo então fica pior ainda.
Acrescente a isso o tiro pela culatra que acontece quando um viral ruim é revelado como viral.
O brasileiro costuma ter pena dos perdedores, mas no caso da Internet a única forma da sua propaganda ser aceita é ser bem-sucedida. Um viral disfarçado, mas que todo mundo gosta não sobre quando “desmascarado”, já um filme ruim? Sai de baixo.
Então, em resumo temos: Verbas pífias, prazos minúsculos, clientes míopes e um público que não perdoa um trabalho que não seja genial.
Ainda acha que marketing online é ficar tomando chopp e bolando filminho pro YouTube?