Blogs: Exigimos respeito. Empresas: Feito. Blogs: Ahn?

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Uma das falhas conceituais das mídias sociais é que a média das opiniões nunca é equilibrada, é sempre negativa. Isso vem de uma perspectiva humana onde se uma empresa faz algo correto, não fez mais que a obrigação, e portanto isso não precisa ser divulgado.

É verdade. Eu reclamei do Google ontem, mas não falei que o AdSense vem pagando direitinho desde o rolo com os cheques e a Receita Federal, quase dois anos atrás. Eu fui no Tiramissu fui bem atentido, comi uma excelente provoleta, não falei nada. E não, não estou me retratando. É assim mesmo, é da nossa natureza.

Percebi isso quando reparei o quão pé-atrás a blogosfera é com anunciantes e empresas que querem se aproximar. "encontro com blogueiros" é visto com desconfiança por quem vai, inveja e desdém por quem não vai, e certeza de conspiração por quem ficou mais indignado de ser convidado do que ficaria por não o ser.

Só que não é assim que a banda toca. Fazendo um histórico dos contatos que tivemos, via MeioBit com gente do porte de Microsoft, Yahoo, Nokia, Nortel, etc, percebi uma grande maturidade e um grande respeito por parte dessas empresas. De minha parte nunca vi fofoca sobre concorrentes, nunca vi propostas por debaixo da mesa tipo "escreve sobre XXX e você ganha um celular", não vi sequer acordos como "olha, a gente banca a viagem em troca de x posts".

É um relacionamento de respeito mútuo, nossa linha editorial não muda. Temos às vezes posts elogiosos seguidos de posts detonando a mesma empresa. Declaramos nosso amor a várias delas (o que deixa os freetards e xiitas doidos, pois eu amo meu iPod mas também adoro o Symbian da Nokia). E tenho um HTC Touch com Windows Mobile.

Em nenhum momento alguém reclamou. Fui a um evento da Nokia com um HTC Touch, em um evento da Microsoft trabalhei normalmente com meu Mac. Ninguém chegou para pedir para não usar. Não há paranóia, não há cobrança besta.

Para as empresas esse relacionamento com blogs é excelente. Convenhamos, se a Folha ou o Estadão cobrem um evento qualquer, publicam uma notinha e olhe lá. Se um blog de tecnologia vai, isso é garantia de uns 3 ou 4 posts pelo menos, além de fotos, vídeos e o que pintar. O espaço que damos é proporcionalmente muito maior, com o mesmo custo de um veículo normal.

Esse tipo de relacionamento, entretanto, poderia ser muito, muito facilmente envenenado. Vide o mercenarismo predatório que virou o campo dos posts pagos. O Morróida faz propaganda até de pomada para espinhas, sem dizer que é jabá. Qualquer vídeo legal no YouTube, temos que ir no Sim, Viral para confirmar se é legítimo ou propaganda de alguma coisa. De uma brincadeira legal o marketing viral transformou os consumidores em criaturas desconfiadas.

Talvez pela experiência vinda do exterior em lidar com blogs as grandes empresas de tecnologia não estejam cometendo os erros primários do pessoal do marketing genérico, e isso é muito bom. Não estamos sendo tratados como veículos frios, estamos sendo tratados como blogs, como blogueiros, e devidamente respeitados. É isso que queremos. Não é jabá, não é mordomia, não é MacBook Pro topo de linha. Inclusive se a Apple mandasse um MacBook Pro para cá, eu sortearia entre os leitores*.

Nós só queremos ser reconhecidos como essa espécie nova e rara na mídia brasileira, nós somos formadores de opinião que têm opinião.

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*Claro que não sortearia, viajou?

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