O Cavallini escreveu um ótimo post, Blogueiros ou Putinhas? – pausa para os leitores de 1o Parágrafo irem apra lá xingar o cara. Pronto – O centro da questão é: Blogs se acham o máximo mas acabam sendo putinhas de dois ou três cafetões. Eu não concordo. Uma menina da Cicciolina aqui no Rio começa negociando em R$500,00. Uma agência se aproxima de blogs com R$150,00 – se chorar sobem para R$200,00.
Mas o texto do Cavallini passa longe da agressão gratuita que a explicação acima dá a entender. Ele destrincha o modelo atual e aponta vários problemas, como o Inferno que é negociar com 15 ou 20 blogs para veicular uma campanha, pagar (independente do valor) esses 15 blogs, follow-up, etc. No Brasil é fácil comprar mídia. Temos veículos grandes, a negociação é rápida, profissional, quase automatizada. Blogs não. A maioria dos blogueiros não consegue responder na hora nem quanto é seu CPM.
O centro do post dele, entretanto, é este:
A idéia de olhar a blogosfera como um organismo único e centralizado interessa a poucos.
Interessa para alguns blogueiros carentes, que podem se sentir parte de uma gangue.
Interessa para alguns jornalistas da imprensa tradicional, que têm assunto ou motivo para levantar polêmicas ou alguém para botar a culpa de sua decadência.
Interessa para alguns anunciantes, que realizam medíocres ações de post pago como falsa mostra de mídia social, quando na verdade não passam da forma mais ordinária de propaganda.
E, finalmente, interessa para duas ou três empresas que cacifam estes blogueiros para levar algum. Os chefes da gangue. Se autodenominam criativos mas só sabem fazer post pago. Se autodenominam agências mas são apenas redes de mídia.
Eu sou um criador. Ou Criador, segundo meu ego. Gosto de idéias inteligentes. Gosto de ações de marketing de guerrilha, acho que foi a grande revolução dos últimos 30 anos em Comunicação. Por isso me mancomunei com o Yahoo para o tal Eclipse. Achei a idéia genial em sua simplicidade.
Da mesma forma eu desprezo a preguiça mental. Aquele Gol Facts foi uma das coisas mais patéticas que já vi em termos de propaganda. Ao reaproveitar o meme do Chuck Norris Facts para uma campanha automobilística tiraram todo o mojo da idéia original. Me pareceu um caso clássico, como o que aconteceu com Orígenes Lessa.
O Famoso escritor também era publicitário. Um dia fez uma campanha muito famosa para uma marca de fechaduras, com o slogan “Fechadura Tal – aquela que Fecha e Dura”. Um cliente de sabonetes cismou que queria um anúncio igual. Ele pensou, pensou, pensou e acabou soltando “Sabonete tal – aquele que Sabo e Nete”. Dizem que o cliente não gostou.
No caso do Lessa era impossível, mas nos casos atuais, concordo plenamente com o Cavallini:
Se autodenominam criativos mas só sabem fazer post pago. Se autodenominam agências mas são apenas redes de mídia.
A geladeirinha da Coca-Cola foi um excelente mimo QUE EU NÃO RECEBI! mas é só isso. Não tem nenhuma criatividade envolvida. Não causa espanto, deslumbramento, vontade de replicar. Colocar mulher pelada nas varandas em SP comendo chocolate idem. OK, é legal, etc, mas só isso.
O post pago entra não como uma opção, mas como uma muleta. Não é preciso ser criativo, não é preciso criar nada que tenha potencial viral. Basta pegar R$3.000,00, espalhar por uns 30 blogs e pronto, “marketing de rede”. Desculpem, isso não é rede social, é Bolsa-Família.
Eu sou do tempo em que todo anúncio importava. Já sentei com o grande João Galhardo, diretor de arte das campanhas do Hollywood, para fazer um calhauzinho de uma coluna, e o cara se dedicava tanto quanto a um anúncio de página inteira 4 cores na Veja. Eu vi um diretor de arte tentar mais de 100 opções de uma logomarca para um cartaz de supermercado. Quando criei o comercial com o Enéas para as Casas Veneza, fiquei com ele ao telefone linha a linha, palavra a palavra até acharmos o texto ideal para o ritmo dele.
Curiosamente a publicidade de verdade continua criativa, a publicidade de internet que se acomodou. Pensando bem, todo mundo que conheço que foi de blog para agências é Diretor de Alguma Coisa, Gerente de Vendas, Atendimento… ninguém se apresenta como criador. Parece a volta dos anos 90, quando os marketeiros se revoltaram e expulsaram os criativos das agências. Nas redes de mídia de hoje vemos muitas ações conservadoras, mas pouca ousadia. Ousado é aquele efeitinho DHTML da dobra da página no canto direito do site…
As agências reclamam de falta de verba. É verdade, a verba para ações online é pífia, troco de pinga, mas quanta verba precisaram para fazer o Will it Blend?
Você só precisa de uma idéia genial. Aliás, você precisa de idéias geniais todos os dias. E não dá pra esperar por menos. Não dá pra se acomodar. Um de meus melhores professores na ESPM foi o Mílvio, grande Redator, que no primeiro dia explicou para todo mundo parar com a onda de grande publicitário, prêmio, etc, que isso era muito bonito mas o cliente quer saber do anúncio de AMANHÃ. O seu anúncio genial de ontem, hoje está embrulhando peixe na Praça XV.
É preciso pensar grande, é preciso parar de reclamar da verba, sentar a bunda e se sair com uma campanha genial dentro daquele orçamento. É fácil? Nem um pouco, mas o mercado tem bastante gente de publicidade com capacidade criativa para isso.
Só falta sair da acomodação. Muita gente usa o serviço de putinhas por se sentir incapaz de seduzir uma mulher daquele quilate, mas uma das moças mais bonitas que conheço acaba de soltar no Twitter:
Eu moro sozinha, trabalho, cuido de casa e da minha fuça. Mas se me der um bombom q seja, eu fico besta.
Viram? É simples. Vocês que complicam.