Uma morte mais significativa que a do Marcelo

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vagalume No começo da semana passada estava voltando pela Ayrton Senna (acho, sou péssimo navegador) durante a noite, quando um vagalume azarado entrou no caminho do carro, espatifando-se no vidro a 120Km/h.

O pequeno inseto encerrou sua existência em uma pequena mas gloriosa mancha de luz verde, contrastando com o céu negro. Em perspectiva, se uma supernova explodisse em alguma constelação distante não brilharia tanto quanto os miligramas de Luciferina em meu para-brisas.

Insetos no vidro não são novidade para viajantes, normalmente são um incômodo, mas o pequeno show pirotécnico que aquele vagalume proporcionou, o pequeno momento de deslumbramento com a diversidade e complexidade da Natureza superou todo e qualquer descontentamento que eu pudesse ter com “um bicho sujando o vidro”.

Silenciosamente passei a mão pelo vidro, agradecendo ao pequeno inseto por ter existido, e considerei o quanto ele foi especial para mim. Um pequeno vagalume conseguiu algo que 99% da Humanidade não consegue: Me maravilhar, mesmo por um momento. Desejei que aquele fosse o fim de uma longa e frutífera vida de vagalume, que ele tenha deixado milhares de descendentes, mas no fundo gostaria que ele soubesse o quanto foi especial em seus momentos finais, para uma criatura tão além de sua compreensão.

Quanto ao Marcelo Silva, ex da Suzana Vieira…

Eu gostaria muito de poder dizer que gostaria que a morte dele tivesse tanta importância para mim quanto a de meu vagalume, mas não consigo ser hipócrita.


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