Militar é preciso mas tirar o escorpião do bolso também ajuda, floquinho.

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No texto de ontem (tecnicamente anteontem mas quem está contando?) mostrei como a indústria de quadrinhos está abrindo as pernas para a militância, trocando suas histórias que divertiam ao mesmo tempo em que muitas vezes apontavam problemas sérios ocorrendo no mundo por panfletagem rasteira, pregando aos convertidos e transformando uma mídia que levou décadas para desenvolver tons de cinza em algo maniqueísta e rasteiro.

O discurso que as editoras compraram, e boa parte dos estúdios de cinema e TV também é que diversidade vende. Que Hollywood era branca demais, e que havia todo um contingente de minorias excluídas clamando por representatividade. Você sabe, se construir, eles virão.

Claro que esse é o racional dos estúdios, a militância que cobra diversidade nos filmes está pouco se lixando pra lucro, ou perceberiam que Hollywood faz isso desde sempre, Máquina Mortífera não colocou Mel Gibson do lado de um negro para irritar o Fürher, Danny Glover estava lá para agradar uma boa parcela dos espectadores, e isso deu tão certo que o estúdio topou colocar supremacistas brancos como vilões do segundo. Sim, eu aprecio a ironia de Mel Gibson (mesmo sendo) ser chamado de racista depois de ter feito um filme com sulafricanos brancos malvados e denunciando o Apartheid.

Só que Roger Murtaugh é um puta personagem, e, reforçando o texto anterior, o filme não é panfletário. Mesmo com Mel Gibson literalmente carregando cartazes.

Se o objetivo fosse mais diversidade, seria excelente. Sandman de Neil Gaiman é uma obra maravilhosa por incorporar lendas de dezenas de culturas. Wolverine é sempre mais legal quando vai pro Japão. Até The Martian ficou muito mais legal com a participação da China. Mais diversidade significa mais possibilidades de contar histórias, e isso é bom.

Só que a militância não quer isso, quer panfletagem de verdade, quer filmes didáticos, maniqueístas e que não deixem dúvida de quem são os vilões. Homens Brancos Ocidentais, claro. Alguns estúdios compraram o peixe, a Marvel principalmente comprou o peixe, e agora estamos vendo o resultado.

Quando anunciaram um ghostbusters com mulheres os fãs ficaram com pé atrás, já a militância adorou. A internet entrou em êxtase, seria a grande virada, a quebra de paradigma, o momento em que Hollywood perceberia que o caminho é a diversidade, que as mulheres estavam cansadas daquelas estrelas impossivelmente magras e seu padrão de beleza inatingível. A representatividade venceria.

O resultado? O filme fez US$229 milhões no mercado mundial. Só o orçamento foi de US$144 milhões. Lanterna Verde, aquela pilha fumegante de bosta fez US$219 milhões. Ghostbusters foi execrado por público e crítica. As piadas quando não eram sem-graça eram com mão pesada. Chris Hemsworth virou o secretário das caça-fantasmas, REGREDINDO o papel original da Janine, que não era sexualizada, mas competente e sabia se virar.

Durante toda a campanha do filme o diretor foi o primeiro a vender o discurso de empoderamento feminino, aí quando o resultado apareceu, declarou que a culpa havia sido dos haters de Internet, que queimaram o filme do filme. Machistas sexistas que não aceitavam um filme com mulheres empoderadas.

OK, imaginemos que NENHUM homem tenha levantado a bunda para ver o filme. NENHUM. O que sobra? Bem, segundo o relatório da Motion Picture Association of America, sobra bastante gente.

Isso mesmo: A proporção de mulheres no público de cinema é exatamente a mesma da população: 51%. A única justificativa para Ghostbusters bombar como bombou seria um enorme percentual do público feminino ter rejeitado o filme.

O argumento aqui vira comédia. Vi gente defendendo que os maridos e namorados PROIBIRAM as mulheres de ir assistir Ghostbusters. Obviamente isso foi idéia de uma daquelas mal-amadas do Tumblr, uma mulher saudável sabe que quem detém o poder de decisão cinematográfica são elas, não nós.

Mesmo que não fosse, esse argumento não se sustenta. Em 2015 esses mesmos machistas ajudaram Force Awakens a faturar US$2 bilhões. Rogue One, que tem muito mais diversidade que Ghostbusters, protagonista mulher empoderada e tudo mais, já passou de US$1 bilhão. E tem isto…

Um filme sobre mulheres… negras… e CIÊNCIA? Os tais pirocos machistas proibidores de namoradas no cinema jamais deveriam permitir que elas assistissem e… ops.

Hidden Figures estreou um mês atrás, já faturou US$131 milhões com um orçamento de US$33 milhões e agora que está chegando no mercado internacional. Liderou por muito tempo na bilheteria e só agora caiu para segundo.

O segredo? Simples: É uma PUTA HISTÓRIA, contada com habilidade e emoção, não é panfletário e infantil.

Então o problema de Ghostbusters foi ser ruim?

NÃO! O problema de Ghostbusters foi que ninguém levantou a bunda pra assistir.

A militância lotou a Internet enchendo a bola do filme, mas não se deram ao trabalho de prestigiar, estavam ocupados procurando outra coisa para patrulhar e reclamar. Prometeram uma revolução nas telas, mas ela não chegou nem às bilheterias. E isso é uma constante.

Lembra o mimimi de representatividade nos quadrinhos, que querem personagens com que possam se identificar, etc? (sim, essa gente trata representatividade como espelho, e são incapazes de trabalhar com metáforas) Então temos esta personagem da Valliant, Faith.

Caso você seja um de meus leitores cegos, eu explico: Ela é gorda. Muito gorda. É uma super-heróina da Valiant, que desafia padrões de beleza e estética de gibis de heróis. Ela é empoderada poderosa e passa uma importante lição de aceitação de seu corpo para meninas vítimas de bullying.

A personagem surgiu antes mas foi relançada em 2016 com uma mini-série e muita fanfarra, afinal nada está mais na moda que o discurso de inclusão, certo? o Atlantic a apresentou com o título “Conheça Faith, a super-heróina que os fãs de gibis merecem

Note que o discurso de positivismo e diversidade só vale pra mulheres, na hora de pegar os machos a Faith volta pro tal padrão:

Ou seja: Perfeito para as militantes do Tumblr: Super-Heroína, gorda, que pega os saradões, o sonho molhado das excluídas. Vai vender HORRORES afinal o que mais há é gente excluída fora dos padrões de beleza, e mulheres precisando de representatividade, não gostosonas de maiô desenhadas por machos, certo?

Faith teve uma primeira série de quatro números. Em Janeiro de 2016 a revista vendeu 22 mil exemplares, o que a colocou como a 102ª revista de quadrinhos mais vendida naquele mês. Howard the Duck ficou em 69º com 28,971 exemplares.

No mês seguinte o número dois vendeu METADE, 12266 exemplares. Ou seja: Além de quase ninguém comprar, 50% das minas empoderadas abandonaram a revista depois de UM EXEMPLAR. Depois disso as vendas se mantiveram até o arco acabar em Abril.

Em Julho do mesmo ano resolveram relançar Faith, republicando o mesmo arco, com mais dois exemplares e muita divulgação nas redes sociais, Facebook, páginas feministas, etc. A História se repetiu: 22386 de venda, 103ª revista mais vendida, em Agosto caiu para 195º lugar, com 10588 exemplares. A primeira edição inédita, em Novembro vendeu 16463. A segunda e última, no mês seguinte, 7375 exemplares, colocando Faith em 221º lugar, atrás até de Josie e as Gatinhas, que ficou em 210º

(fonte para esses e todos os dados de quadrinhos: ComiChron)

O problema como sempre não é Faith ser gorda, o problema é que ela é mal-escrita. Na época clássica do Esquadrão Suicida ele era comandado com mão de ferro por Amanda Waller, que era gorda E negra, coisa que segundo os floquinhos deveria provocar urticária em nós porcos machistas leitores de gibi.

Só que nós adoramos a Amanda Waller, ela chuta bundas, ela já peitou o Darkseid, ela peita o Batman!

Sério, veja esta cena do desenho da Liga da Justiça:

 

Você já viu algum militante falar da Amanda Waller? Pois é.

Nesta pesquisa aqui foi constatado que em 2016 dos 200 títulos mais vendidos em quadrinhos, 38 eram protagonizados por minorias, o que é um grande avanço em termos de diversidade, mas isso só não adianta.

Não adianta fazer uma revista em quadrinhos protagonizada por um índio americano, se o troço só vende 7000 exemplares e é tão impopular que não consigo SEQUER achar uma capa em alta resolução. Uma boa parte dos tais 38 títulos com diversidade foram pra vala, eram pura panfletagem.

E a militância, que tanto pediu revistas assim, não meteu a mão no bolso, continuaram não consumindo quadrinhos, pois como eu sempre digo, quem chilica não consome.

Lembra da Mockingbird, que voltou a ficar popular na TV em Agentes da SHIELD e que ganhou revista própria? Aconteceu o mesmo de sempre: Mão pesada, panfletagem:

Piora. Em uma das histórias ela conta sua origem, de como queria ter super-poderes. Só que ela era fascinada pelos heróis homens e percebeu que a única forma de ser super-herói era ter um cromossomo Y.

Isso mesmo que você leu. A autora/personagem para promover a Narrativa ignorou a existência de centenas, talvez milhares de mulheres heroínas em toda a História da Marvel.

Por algum motivo é culpa de nós homens que a Mockingbird não tenha se inspirado na Sue Storm, Vampira, Cristal, Feiticeira Escarlate, Vespa, Viúva Negra, Ororo, Mulher-Hulk, Capitã Marvel, Lady Sif, etc, etc etc.

Qual o resultado disso tudo?

Mockingbird sofreu uma queda absurda de vendas, todas as mulheres que seriam atraídas em bandos para o título não apareceram, os leitores tradicionais fugiram também.

Sobre a agenda feminista da Mockingbird, deve estar cheia de horário vazio, a revista foi cancelada no número 8.

Agora o resultado final disso tudo: Temos gente que chilica e patrulha quadrinhos sem ser consumidor de quadrinhos, editoras que foram enganadas por essa gente e vendas abissais. A mensagem (errada) é que diversidade não vende, temas sociais não vendem. Os Social Justice Warriors conseguiram fazer a indústria de quadrinhos regredir 20 anos.

A Marvel, em seu retiro criativo anual decidiu que chega de política e ativismo, seus personagens vão voltar a combater vilões tradicionais e monstros do espaço. Marc Guggenheim, que assumiu um dos títulos dos X-Men falou que as histórias serão

“Mais sobre os X-Men como heróis do que sobre os X-Men como minoria oprimida lutando pela própria existência”

Isso não é o que os leitores querem. Nós gostamos dos X-Men perseguidos, olhados com desconfiança. Porra, aprendemos mais sobre segregação e discriminação ali do que com todos os militantes radicais que gritam MATEM OS BRANCOS. Respeitamos Charles Xavier justamente por ele não segregar de volta. Aliás existe até um termo para mutantes que odeiam humanos: Vilões.

Em 2017 teremos menos minorias e menos diversidade nos gibis, não por culpa do homem branco malvado cis racista, mas dos próprios militantes, que criaram uma inclusão forçada, não compraram o produto que tanto diziam querer e abandonaram os autores, pois sem ter sobre o quê chilicar, não podem lacrar na Internet.

Ao invés de prestigiar e promover os trabalhos que acertam na diversidade, a militância ou se cala ou se volta contra os personagens que não seguem a Narrativa de vítimas oprimidas, como o caso de Miles Morales, o garoto negro que é o novo Homem-Aranha, favorito de quase todos os fãs, até por não ser um clone. Esta sequência o tornou persona non grata entre a militância. Não que faça diferença, eles não compravam os gibis mesmo…

Miles não quer ser o Homem-Aranha Negro, ele quer ser o Homem-Aranha. Miles quer ser julgado pelo conteúdo de seu caráter e não pela cor de sua pele. É disso que são feitos os heróis.

Originalmente ele era de um Universo alternativo, mas por causa da popularidade foi trazido pra cronologia oficial, integra a mais nova formação dos Vingadores e ganhou revista própria. Nada mau para um público que segundo a militância odeia diversidade.

Esperemos que a Marvel tenha aprendido a lição, que voltem a valorizar as histórias por seu conteúdo, não pela quantidade de panfletagem, e que PELAMORDEDEUS parem de dar atenção a chiliquentos de Internet.

Isso vale para todo mundo que cria conteúdo. Se você acha que está fazendo a coisa certa, não dê ouvido a chiliquentos patrulhando e tentando forçar a agenda de militância deles no seu trabalho. Ignore, espante, seja implacável. Confie em sua consciência e não se preocupe com as ameaças: QUEM CHILICA NÃO CONSOME.



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