A Maior Inovação da Internet vem dos anos 1950

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Eu vejo muita gente em busca de “inovação”. As agências querem inovar, os geradores de conteúdo querem inovar, os blogueiros já estão com medo de virar notícia velha, o Twitter já está sério o bastante para todo mundo usar, só não saber como ganhar dinheiro com ele…

OK, inovar é preciso, mas será mesmo tão essencial assim? Será que nada feito no passado presta, será que todos os modelos são obsoletos?

Nos anos 60 existia um programa chamado Teatrinho Troll, sucesso absoluto. Antes, o Repórter Esso – Testemunha Ocular da História. Eram programas excelentes, que marcaram época, e existiam única e exclusivamente por causa do patrocínio direto. Sim, crianças, anunciantes associavam seus produtos a programas, e as pessoas diziam “viu no Repórter Esso?”

Rápido vôo de DeLorean para o Século XXI. Enquanto o mundo inteiro discute como ganhar dinheiro com YouTube, enquanto nem o Google sabe o que fazer com o elefante branco, um cara chamado Seth MacFarlane, criador de Family Guy e American Dad fecha um acordo para produzir o “Seth MacFarlane’s Cavalcade of Cartoon Comedy.”.

Programetes de um, dois minutos, bem dentro da curta atenção dos espectadores modernos.

Monetização? Dois métodos: AdSense, quando no YouTube, e uma animação curta, relacionada com um anunciante, antes do vídeo em si. Vejam um exemplo que já ficou clássico, o Mário (vai, pergunta) salvando a princesa:

“Você foi raptada por algo que vai em saladas” é uma frase maravilhosa, mas o foco é: “Presented by Burger King“, em uma vinheta antes do filme. Animada, no estilo do desenho, mas ainda uma vinheta publicitária. PATROCÍNIO.

Não dá para ser mais convencional do que isso. Nem o merchandising no Pânico consegue ser tão convencional.

Recapitulando: Temos conteúdo original, veiculado no YouTube, auge da Web 2.0, financiado pelo mesmo modelo de monetização da televisão dos anos 50.

O vídeo acima, com 5 meses de idade teve 11.940.435 de visualizações.

Você acha que o Burguer King não está CAGANDO por não ter “inovado” na publicidade, por seguir um modelo de quase 60 anos de idade, por parecer, aos olhos dos publicitários modernosos um Sabonete Eucalol ou algo assim?

A resposta correta seria “Eu tive 12 milhões de exibições do meu comercial, e você?”

Quantas iniciativas modernas, inovadoras, estilosas conseguem números assim?

Notem, estamos falando de UM vídeo. O pacote com o Google prevê 50, e já há 23 no canal do projeto. O menos visitado, lançado 5 dias atrás, tem 500 mil visualizações.

O melhor de todos, Macacos Falam Sobre Religião, tem 1,3 milhão de visualizações.


Qual a lição que tiramos daqui?

Simples: Inovar é legal mas algumas vezes o foco fica todo na inovação, nos perdemos e esquecemos que não adianta inovar sem ter conteúdo. Eu prefiro um vídeo convencional com um puta conteúdo e que seja visualizado 12 milhões de vezes, a um conceito revolucionário, inovador, genial mas que eu não tenha idéia de como transformar em bufunfa.

Principalmente, só porque uma idéia é antiga, não quer dizer que esteja obsoleta. Aplicar conceitos de patrocínio dos anos 1950 na Internet do Século XXI não tem nada de genial. Genial é perceber que o pessoal que vai te chamar de velho, arcaico, conservador e inimigo da inovação não paga seu aluguel.

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