Da irrelevância de ofender que não me lê

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É comum receber comentários irados de gente que caiu de paraquedas, leu algo que considerou ofensivo e por sua vez promete nunca mais voltar.

Entre as várias posturas possíveis, a mais prejudicial ao blog é se preocupar.

É um fato: Não importa o quê você escreva, para quem, de que forma, alguém vai ficar ofendido. Exemplo: Hoje comentei no Twitter sobre um comercial antigo da Telecom Italia, “Ghandi”, que acho absolutamente lindo. Assista:

O conceito é lindo: Sociedade de informação, todos unidos assistindo das mais variadas formas um discurso de Mahatma Ghandi. “Imagine como seria o mundo se ele pudesse se comunicar assim”

O resultado? Um sujeito apareceu pra comentar:

“É muito escroto ficar cooptando símbolos de valores universais como esses para se vender stuff.”

Eu perguntei se a família dele tinha costume de trocar presentes no Natal, como não respondeu, era só mais um hipócrita, apertei o foda-se (também conhecido com ban, no twitter) e esqueci.

O ponto é: Não importa o quão legal algo seja, sempre alguém vai se ofender. Seja um comunistazinho de butique reclamando quando o Augusto usa uma imagem do Che Stallman no BR-Linux, seja um conservador quando você diz que não acha que os gays deveriam ser exterminados imediatamente ao chegarem nos campos de “reeducação”, seja por uma feminista em ECP (Elevada Carência Peniana) ao perceber que mulheres mais bonitas recebem mais atenção e o mundo as trata melhor.

hooters Da irrelevância de ofender que não me lê
“você muito menos, minha tia”

O segredo para a ofensa não se virar contra o ofensor, é que ela nunca deve ser direta. Os melhores casos de “ofendidos” são de gente que caiu de paraquedas, não tem nada a ver com a conversa, e nem deveria estar ali.

Vejam por exemplo o excelente comercial “Catfight”, da péssima cerveja Miller:

São duas donas boas discutindo sobre a cerveja. Acabam brigando, arrancando as roupas num chafariz, terminam se agarrando. Aí vemos que são dois caras num bar discutindo como seria o comercial de cerveja ideal.

O filme rendeu 400 cartas para a cervejaria. 50% apoiando, 50% reclamando. A mídia, que adora um bafafá, “denunciou” a exploração das mulheres, a objetificação do corpo feminino, bla bla bla, aquele tipo de coisa que vira até Lei, em países que resolveram todos os seus problemas e podem gastar tempo legislando sobre comercial de cerveja.

Agora onde o buraco é mais embaixo: Das cartas de protesto, a maioria absoluta era de mulheres, de mais de 40 anos, com filhos.

O comercial passava em intervalo de jogos de futebol e esportes em geral. Onde a demografia é basicamente… masculina. Pouquíssimos homens reclamaram, mesmo assim imagino que por causa da mulher chata exigindo que o fizessem.

O que temos: Um comercial que fez sucesso entre seu target, e desagradou quem não consome cerveja, não tem decisão de compra e não tem uma imagem positiva do produto, pra começo de conversa.

Se a Miller deixasse de produzir o comercial por medo de ofender as matronas, perderíamos um excelente filme, a troco de quê? Comerciais politicamente corretos que não despertam sequer um bocejo?

Um blog pode e deve se preocupar em não ser ofensivo. A seus leitores, a seu público-alvo. Se eu começar a publica horóscopos ou propaganda política do Bispo Macedo estarei ofendendo 100% de quem me lê, já se publicar textos mostrando falcatruas de igrejas, ofenderei quem nunca foi meu leitor.

EU acho que o mais lógico é não me preocupar com quem não me lê. A alternativa, ser bonzinho, legal, “isento”, meramente informativo, quem acompanhou o experimento que fiz no MeioBit por um tempo sabe o quanto isso é chato. E se for assim, melhor nem ter blog.

Quanto aos incomodados, a porta do blog é serventia da casa.

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