Um dos maiores paradoxos da Internet é que a mídia que nos livraria das colunas nos jornais, que diria adeus a Centimetragem, a mídia onde os programas não precisariam ser editados até o último segundo está se mostrando mais restrita em termos de espaço do que qualquer outra mídia.
Os vídeos no YouTube ou no VideoLog tem um tamanho máximo, tanto físico quanto de minutagem. As fotos do Flickr, embora grandes também são limitadas. Podcasts estão restritos por causa da realidade que é a banda não tão larga no Brasil.
No YouTube a situação é ainda pior, o déficit de atenção geral faz com que vídeos com mais de 3 minutos sejam deixados de lado. O YouTube tanto sabe disso que se você tiver uma conexão MUITO boa, como os links de 100MBits da GVT (ou Nirvana, pra encurtar) verá nitidamente o gás que é dado nos primeiros 15 segundos do vídeo, após os mais o download ocorre em velocidade normal.
Isso existe baseado em estudos onde 90% dos visitantes assistem só os primeiros 15 segundos antes de mudar de vídeo.
Com a popularização do Twitter, chegamos a uma situação onde qualquer um que escreva profissionalmente tem filhos coloridos pelas orelhas; nosso caminho para a Utopia foi interrompido: Dos textos delimitados em laudas ao texto eletrônico onde era mais fácil fazer uma edição, por fim chegando à Maravilhosa Liberdade (respeitado o bom-senso) do texto na web.
Essa liberdade cedeu lugar a draconianos 140 caracteres. Como passar uma história, como passar emoção, sequer informação?
Pior, não temos NEM 140 caracteres.
Um sujeito que escreve muita coisa digna de ser retuitada é o Tico Santa Cruz, mas ele é um dos músicos mais prolixos do planeta. Reza a lenda que a versão original de American Pie era dele, Don McLean cortou 60% dos versos para chegar na versão final.
Ele simplesmente NÃO consegue escrever em menos de 140 caracteres. Acho que deve ser o único usuário que pagar pra enviar twits, então aproveita todos os espaços.
Com isso seus twits mais importantes precisam ser editados. Lembre-se, um Retwit é composto de RT @usuário. No caso dele “RT @ticostacruz “, 13 caracteres. 140? Melhor 127.
Isso dificulda quem gostou da mensagem mas não tem tempo de editá-la, dificulta quando você quer dar um RT de um RT e dificulta na hora de comentar a mensagem.
Imagine então que você tem que adicionar uma tag, indicando onde viu a frase, ou algo assim. ” #rodaviva” Menos dez, seu espaço pra texto agora tem 117 caracteres.
Precisão e concisão são essenciais. De brilhantes e livres embaixadores da Nova Mídia, nos tornamos correspondentes de guerra na Europa dos anos 1940, reescrevendo inúmeras vezes nossos textos para se encaixarem nos exíguos formulários telegráficos.
A cereja do bolo? Tags.
Quando cobri o Prêmio Multishow consegui sugerir “#PMS”, ao invés de “#premiomultishow”. De brinde, citação a Big Bang Theory.
No NokiaCamp, de semana passada, a tag já veio pronta. “#nokiacamp09”, comento 12 caracteres.
Se já é complicado escrever com 140 caracteres, imagine com 128.
Portanto, deixo dois conselhos para quem frequenta o twitter e quer ver seu conteúdo replicado, conselhos válidos para pessoas físicas E campanhas de divulgação, eventos etc:
1 – Seja MUITO sucinto. Quanto menos texto seu post no Twitter tiver, mais será passado adiante, menos sofrerá mutações e mais chance seu nome terá de permanecer associado a ele.
2 – Acredite no contexto. Não dependa de tags para identificar o conteúdo relacionado com eventos. Elas existem para facilitar a ferramenta de agregação que seu time de TI colocou no ar. “#nokiacamp09” pode ser susbtituído por “#nk09” por exemplo.
Uma tag neutra tem inclusive chance de passar despercebida por gente não muito favorável a seu evento.
Simples, óbvios e desnecessários conselhos? Talvez, mas se conselho fosse bom ninguém dava, Twitava.