Como fazer um criativo chorar

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Há empresas que cobram e caro por estratégias onde prometem 10 mil visualizações em um vídeo no YouTube. Já vi campanhas com investimento alto, clientes satisfeitos e resultados efetivos que não chegaram nem perto disso. Veja por exemplo o 7Splashs, da Trident. O vídeo mais visualizado que achei no YouTube, no perfil oficial é este aqui com 3168 visualizações. E é uma campanha que eu assinaria.

Essa é a realidade. Uma ação criativa, falando para um público específico que tem o perfil exato do internauta. Funciona, mas não necessariamente viraliza. Ai vem essa menina e posta o vídeo abaixo:

Isso mesmo, 1,768,105 visualizações em um vídeo onde ela ensina a fazer cachos no cabelo, usando chapinha (acho).

Recapitulando: Mandam um cara pra viajar pelo mundo, e conseguem 3 mil. A menina penteia o cabelo, ganha 2 milhões.

Culpa da agência? De forma nenhuma. Agência que garante viralização é picareta. A curva de 3 mil visualizações do sungaboy é correta dentro da realidade não-viralizada. Peguemos um exemplo “de gente grande”, a sensacional campanha da BlendTec, Will it Blend? Onde o sujeito coloca coisas inusitadas num mega-hyper liquidificador. É a mais bem-sucedida campanha viral do YouTube, hoje os vídeos são feitos em auditórios enormes e fazem turnês.

O vídeo onde destroem um iPhone tem 7 milhões de visualizações. Em dois anos. O da garotinha acima, quase 2 milhões em um ano. Agora vejam a área de distribuição de acessos:

Will it Blend:
Japinha do Cabelo:

A distribuição do Will It Blend é muito mais global, dada a mensagem universal e independência do idioma. A japinha teve uma dificuldade muito maior, já que fala o tempo todo e suas instruções não são legendadas.

O que acontece no caso é bem simples, cai nos dois principais motivos para um vídeo fazer sucesso na Internet:

1 – Ser algo curioso, inusitado, RÁPIDO, que cause deslumbramento, um pouco de ultraje OU

2 – Ser algo que as pessoas procuram

U-AU!

É isso mesmo. Uma vez a Liliana me mostrou uma série de vídeos de uma inglesa que ensinava a… aplicar maquiagem. Eram milhões de visualizações, a mulher estava lançando até linha própria de produtos. Virais criativos são ótimos, eu adoro, mas algumas vezes temos que deixar de lado TODA a “criatividade” e apostar no genialmente óbvio.

Um fabricante de chapinhas de cabelo pode criar um vídeo viral cheio de efeitos especiais custaria uma fortuna e não conseguiria o público cativo que essa menina tem, e garanto que o orçamento de mídias sociais seria muito melhor aplicado se simplesmente contratasse a japinha para usar os produtos durante os vídeos, e fizesse uma menção ao nome.

É triste para alguém que vive de criatividade como eu admitir isso, mas ao mesmo tempo reconheço que tudo que li no único livro que todo publicitário precisa ler, A Ciência da Propaganda, de Claude Hopkins escrito em 1923 continua atual. E vale mais do que aquele seminário caríssimo que você foi onde um especialista descreveu o que você faz todo dia na agência.

Até porque as aventuras do SungaBoy são ótimas, mas milhares de adolescentes ficariam muito mais felizes se encontrassem um vídeo ensinando a tirar chiclete do cabelo.


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