Machete Don’t Text

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olha o tamanho do facão do FDP!

Nascido como um dos trailers falsos de Grindhouse, Machete ganhou vida própria e virou um longa, uma hora e quarenta minutos da mais descarada Mexploitation, um filme delicioso para quem não se leva a sério. Se você procura crítica social aprofundada, uma discussão séria sobre a questão da imigração nos EUA, não chegue perto de Machete, melhor continuar se masturbando lendo a New Yorker.

Machete é exagerado, mentiroso, maniqueísta, caricato e não se desculpa por isso. Lembre-se, Steven Seagal é um Barão do Tráfico mexicano especializado em artes marciais. Se você não consegue passar por esta exigência básica de “suspensão de incredulidade”, o filme não é pra você.

Já se sua resposta foi “O Seagal? Então tá…” sem questionar a etnia dos envolvidos, vai se divertir.

Danny Trejo é um policial federal mexicano que é traído por seu chefe, sendo capturado em uma busca por uma jovem sequestrada. Depois de esfaquear Machete ela tira um celular da perseguida (sim, está pelada durante toda a cena) e chama os vilões. Apelativo? Sim, a idéia de Robert Rodriguez é parodiar essa linha de cinema apelativo dos anos 70, que nos deu pérolas como Blácula, o Vampiro Negro.

Steven Seagal corta a cabeça da mulher de Danny Trejo, avisa que a filha também foi morta, bota fogo na casa mas por algum misterioso motivo não mata Machete. Qual motivo? Não interessa, isso aqui não é Austin Powers, onde as atitudes dos vilões são questionadas.

Três ano depois Machete está nos EUA. Ilegal, fazendo trabalho de Mexicano, no mau sentido. Ele é ajudado pela Michelle Rodriguez, que comanda uma rede secreta de ajuda a imigrantes ilegais. Uma hora um sujeito escolhe aleatoriamente um mexicano (Machete, claro) para matar um candidato ao Senado do Texas (ninguém menos que Robert De Niro) que é linha-dura contra imigrantes. Linha-dura no sentido de sair com uma milícia patrulhando a fronteira e atirando em mexicanos. No começo do filme a mílicia do Senador, comandada por Don Johnson, fazendo papel de um xerife racista, atira numa imigrante grávida.  Eless gravam tudo em DVD e o Senador manda distribuir pros correligionários.

O sujeito que contratou Machete é um empresário que está por trás da campanha do Senador, a idéia é que ele seja alvejado, sobreviva e ganhe a eleição, com a popularidade conquistada pelo atentado. Machete seria incriminado, morto no processo e tudo ficaria bem.

O problema é que como Machete mesmo diz, “fuderam com o mexicano errado”.

Não que a violência comece aí. O filme tem uma contagem de corpos que chega a 91 presuntos, sendo que Machete despachou pessoalmente 40, das formas mais violentas, criativas e exageradas que você pode imaginar.

Machete não é Dexter, não tem sutileza. Em uma das melhores cenas ele estripa um bandido abrindo a barriga como peixe, puxa uma ponta dos intestinos, pula da janela e usa as tripas do sujeito como corda pra chegar no andar debaixo. Durante toda a cena o cidadão estripado está gritando.

Sadismo?

Não, esse é o ponto. A violência de Machete é feita para chocar mas não para impressionar. É uma violência exagerada, quase de desenho animado. É o oposto daqueles Pornôs de Tortura como O Albergue e Saw. Acho que a grande diferença é que em Machete o espectador tira prazer de quem atira, nesses pornôs de tortura ele tira de quem é alvejado. É uma “violência sadia”, por assim dizer.

A violência não é a única caricatura do filme. Os personagens são todos caricatos, menos a Lindsay Lohan, que interpreta de forma magistral a filha do Senador, devassa piranha viciada em crack. incrivel como ela fez bem o papel…

Machete tem um irmão, um Padre interpretado por Cheech Marin. Deliciosamente caricato, ele tem câmeras nos confessionários e faz dossiês dos fiéis que vão se confessar. O empresário malvado, claro vai se confessar com o irmão de Machete, que obviamente deve ser o único padre da cidade e-OPA! Esse é o tipo de pensamento que não se pode ter em Machete. Não dá pra começar a questionar.

Entre os vários inimigos que aparecem Machete enfrenta um assassino de aluguel (que anuncia na televisão!) com o incrível nome de… Osiris Amanpour. Se não superou pelo menos igualou o fantástico nome do vilão de Mistery Men: Casanova Frankenstein.

Danny Trejo não passa a faca só em bandido, ele traça a Michelle Rodriguez, a Jessica Alba, Lindsay Lohan e a mãe, o Senador se amarra quando recebe uma fita do Machete transando com a mulher e a filha dele…

Michelle Rodriguez, gostosíssima de couro e balas

A farofa é total quando os mexicanos vão enfrentar a milícia, sob o comando de Machete. Até as enfermeiras do Hospital Secreto dos Mexicanos aparecem. Veja se estão apelando:

Quase certeza que esse uniforme não é padrão...

A briga final entre Machete e Steven Seagal poderia ser maior, mas pelo visto o filme já estava ficando grande demais e ainda faltavam as cenas de punição dos malvados, afinal toda boa história tem que ter esses momentos.

E, ele estragou o velório

Machete é para quem se diverte com clichês usados sem culpa, como na cena acima. O Padre desarma um dos bandidos, que pede misericórdia. “Deus tem misericórdia. Eu não! *BANG*”  Ou quando Machete some, a Jessica Alba fica desesperada procurando. Quando ele volta ela reclama, diz que ele poderia ter mandado um SMS (text me).  A resposta?  “Machete don’t text”.



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