Editora Abril Gananciosa? Não, blogueiro, você que é pobre.

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Quanto você cobraria para veicular um anúncio em um blog iniciante?

Vamos complicar: Imagine que você é um jornalista experiente, mas nunca teve um blog. É seu primeiro. Agora imagine que seu blog só pode ser visto por UM tipo de computador. Pra complicar MAIS ainda, pense que esse computador, o único capaz de acessar seu blog custa MUITO caro, mais de R$2 mil.

Feia a coisa? Imagine então que pra complicar esse computador sequer é vendido no Brasil.

Quanto você cobraria por um anúncio na primeira edição desse blog, com audiência cativa ZERO e nenhum histórico de visitas?

A maioria dos blogueiros sequer cobraria, sairia oferecendo permutas, pensaria em crescer e depois então cobrar. É uma visão correta, dentro do que o senso comum chama de… humildade.

Felizmente o pessoal da Editora Abril não dá bola para blogueiros, entendem seu negócio como business e não acreditam nessa postura de “vamos começar bem mirde e se crescer…”

Depois da edição da VEJA para o iPad cinco outros títulos da editora sairão na plataforma: Elle, Casa Cláudia, Alfa, Exame e Lola. Confesso que não sou o target, nunca tinha tomado conhecimento da existência da Revista Lola, por isso foi a que escolhi para investigar.

O resultado é assustador para o pessoal que pensa pequeno, que minimiza o fato da revista ter uma edição no iPad ou mesmo para os haters que argumentam (não que haters realmente agumentem) que não há iPad no Brasil nem público para justificar uma edição, que dirá publicidade.

A Abril não só está investindo de verdade na plataforma como está cobrando de verdade. Não é um experimento, não é uma parceria. É, como eu disse, business. Não interessa que a edição seja a primeira, não importa que não tenham sequer números de circulação para fornecer (até pq não circulou ainda).

Uma edição dessas tem um alcance muito maior do que os leitores primários. É o tipo de trabalho que gera notícia, é comentado e replicado em sites, programas, revistas e jornais. Antes do iPad se firmar como mídia viável por causa da audiência, já se firma por esse efeito multiplicador. É, resguardadas as proporções, o mesmo que ocorreu com o Second Life. A quantidade de visitantes é ínfima mas a publicidade gratuita, o buzz gerado pela simples existência do Avião da TAM ou da Agência do Itaú é dezenas, centenas de vezes o valor do investimento.

Por isso a Abril pode cobrar o que cobra. Segundo o media kit da Revista Lola, um anúncio multipágina interativo sai por R$27 mil. Um anúncio simples, composto basicamente de um JPEG 1024×768 sai por R$16 mil.

Tá caro? Não, você que é pobre e não sabe cobrar.

16 contos por um anúncio em uma versão para iPad, um equipamento de mais de R$2 mil, que sequer está à venda no Brasil. Pessoas de bom-senso diriam que a Editora Abril enlouqueceu, perdeu qualquer parâmetro e em sua arrogância criou valores irreais para uma mídia que sequer existe.

Pessoas de bom-senso diriam que antes de tudo é preciso muita humildade, para ter sucesso em uma nova e inexplorada mídia.

Só que o mundo não é desbravado por pessoas humildes e com bom-senso. Gente ousada e pioneira desafia o bom-senso e tem a justificada arrogância de achar que triunfarão mesmo sendo os primeiros a tentar algo. Eu admiro essa ousadia e arrogância justificada. Se há uma lição a ser aprendida é a de parar de pensar pequeno, é a de assumir que a expertise, o know-how, a qualidade e o prestígio conquistado em uma mídia podem e devem ser usados como base para outra mídia mais nova.

Acima de tudo, a lição é que se você quer que o Mercado valorize seu trabalho, o primeiro passo é você valorizá-lo.

De resto,como autor do Contraditorium, o Primeiro Blog Brasileiro no iPad, só posso dizer pra Revista Lola e suas co-irmãs, bem-vindas as iPad. Calouras ;)



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