Bazinga, em versão vergonha alheia

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Já contei aqui mas é pertinente repetir a história do escritor e publicitário Orígenes Lessa, que um dia se saiu com o slogan para um cliente: “La Fonte, a fechadura que fecha e dura”. Foi uma daquelas sacadas ótimas, todo mundo adorou, durante anos foi o slogan. Um belo dia um cliente de sabonete resolveu que queria um slogan igual. Depois de matutar dias, Orígenes Lessa se saiu com “Sabonete tal, aquele que sabo e nete”.

O cliente não gostou muito, mas nem toda idéia genial funciona duas vezes, vide os milhares de sites de pixels milionários que não saíram dos centavos de Real.

Algumas vezes (ok, na maioria) o pessoal do marketing não tem essa percepção, trabalham com números frios de recall, ROI, market share, replicação primária, integrais de viralização e outros termos que também acabei de inventar. Quando a agência não tem um viés de criação, ou ao menos alguém com bom-senso, o resultado é desastroso.

Temos gente querendo repetir memes de Internet sem entender a dinâmica, resulta na vergonha alheia daquele comercial com a mulher do sanduiche-iche ou a patética tentativa sabo-e-nete da Gol em criar Gol Facts inspirado no Chuck Norris.

Agora imagine a cena:

AGÊNCIA DA ASUS, INTERIOR, DIA

Diretor de Criação apresentando o Brieffing:

Cliente: Asus

Produto: EeePad (original, né?)

Público Alvo: Nós

Racional: O cliente quer apresentar o seu netbook/tablet para um público geek/nerd, adepto de novidades. O diferencial é que o tablet se destaca do teclado.

Proposta: Segundo os índices do NIelsen nosso público-alvo assiste uma tal de Big Bang Theory, uma série sobre nerds. Vamos criar uma paródia da série, focada e centrada no nosso produto. Com isso os consumidores verão seus ídolos utilizando fascinados o EeePad e consequentemente o comprarão. Simples como água. Já são 5h? Cadê minha cocaína?

Como a equipe de redação da agência é composta de uma dupla semi-aposentada que não conseguiu juntar o bastante pra montar uma pousada em Cordeiro, não só não querem brigar como nem sabem do que se trata o tal Big Bang Theory, já passaram da idade de se importar com ´o público. Escrevem um texto básico, passam pra produção.

Segundo as imortais palavras do sábio Laerte, Produção Não Pergunta, Produção Produz.

O resultado?

293 dislikes, apenas 83 likes e comentários no estilo “joguei 2m58s da minha vida no lixo”. Veja por si mesmo.

A regra é MUITO clara. Se for fazer uma paródia, que seja engraçada. Se for fazer um jabá, que seja pertinente, como o Kinect em Smallville ou seja cômico, como em 30 Rock quando Alec Baldwin e Tina Fey terminaram a cena do merchã e pediram pra câmera “podemos receber nosso dinheiro agora?”

Do jeito que foi feito a Asus desrespeitou a inteligência dos consumidores. Desculpe, Asus, mas se a gente achasse esse filme engraçado no mínimo trabalharíamos em sua agência de propaganda.

(dica do Marcel)


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