Quando o FEMEN surgiu, uns anos atrás, eu gostei da idéia. Não só por ser homem heterossexual, portanto defensor do patriarcado, porco-chauvinista estRupador e apreciador de peitos.
Esse lado conta, e se o FEMEN peca na diversidade (cadê as FEMEN negras?) ao menos capricham na qualidade, só tem filé no movimento.
Fora isso, achei muito, muito legal por ser uma forma de protesto que incomoda a hipocrisia reinante ao mesmo tempo em que é eminentemente pacífico. Ver peitos é bom mas ver conservadores moralistas religiosos em modo revolt apenas porque algumas gurias tiraram a blusa é bom demais.
Infelizmente a coisa não ficou tão inocente. O protesto se tornou vandalismo e desrespeito, no momento em que uma imbecil meteu uma serra elétrica* em uma cruz erguida para homenagear as vítimas de Stalin.
* eu sei que é moto-serra mas sou escravo da tradução errada clássica
Eu acho plenamente injusto o que o Governo Russo fez, ao condenar e julgar (reversal proposital) as meninas do Pussy Riot, por terem invadido uma igreja em um protesto contra Vladmir Putin. Só que vandalismo e violência não é resposta. O FEMEN foi muito pior que o Pussy Riot, desrespeitando um símbolo histórico E religioso.
Aí, claro, como toda modinha, o negócio chega no Brasil, cedo ou tarde. Chegou nas mãos de uma tal Sara Winter, uma garota bobinha com discurso idealista que não resistia a um questionamento da Luciana Gimenez em um dia ruim. Mesmo assim, palmas pra ela.
Só que nem tudo são flores. A garota começou a se complicar quando tentou explicar as causas do FEMEN. Misturou exploração sexual com prostituição, atacando as putas, algo sagrado para as feministas, afinal se a mulher tem direito a decidir sobre seu corpo, tem direito de comercializá-lo em regime de leasing. O importante é que elas não seja explorada por um esquema de cafetinagem. Eu concordo.
O pessoal das interwebs, que não vale um cruzado real, começou a fuçar e descobriu que a loirinha bonitinha bobinha com seios maravilhosos não era flor que se cheirasse. Em sua página no Orkut ela assinava comunidades integralistas, se mostrava fã de movimentos skinheads, ultranacionalistas, Segunda Guerra Mundial, Jair Bolsonaro, Orgulho Paulistano, etc.
Para piorar, uma busca na Wikipedia por Sarah Winter, o pseudônimo dela, retornava esta criatura aqui.
“Sarah Winter née Domville-Taylor (1870–1944) was a noted British Nazi Supporter and member of the British Union of Facists”
Sim. O pseudônimo é da nazista britânica mais famosa. Jura ela que é coincidência, mas mesmo notórias feministas foram bem, bem críticas ao FEMEN Brasil.
Com a casa caindo, o FEMEN tentou se distanciar da polêmica, mas elas ADORAM um holofote. A última foi o “sequestro”. Elas postaram uma mensagem no Facebook pedindo socorro, pois uma das ativistas do grupo estava “desaparecida e, provavelmente foi sequestrada”.
Eu sei, não faz sentido (tm Felipe Neto). Quem resolve sequestro é polícia, no máximo os Expendables. Postar um caso desses no Facebook é no mínimo burrice, colocando em risco a vida da vítima. Mesmo assim, veja o post:
Não vou me preocupar com a questão da tal Sara ser uma mala, que nem quis acompanhar a amiga num passeio pelo aeroporto, nem a eficiência digna de CSI de em menos de uma hora, SEM POLÍCIA acessarem as gravações de segurança. Também não vou comentar a cena hollywoodiana de um sequestro no aeroporto de Campinas, sem ninguém testemunhar nada. Ninjas, ela foi sequestrada por ninjas.
Problema é que nem ninjas nem ninguém dá a mínima pro FEMEN, elas são absolutamente inofensivas politicamente. Elas estão no mesmo nível de risco subversivo do beijoqueiro e do PCO.
No mesmo dia, a “explicação” do caso:
Vamos ver se entendi: Ela achou que estava sendo seguida e preferiu não embarcar. Seria seguida dentro do avião?. Não teve tempo de avisar a Sara. OK, tudo bem, mas como ela conseguiu pegar os documentos na bolsa da Sara, sem a outra perceber? Bruna Themis é ninja? Se ela é ninja, para quê ter medo? Será que estava sendo seguida por super-ninjas?
De resto, palmas pra Sara, solidariedade até o fim, acho que era uma situação de risco, soltou um “te fode aí” e embarcou. Yay! Band of Brothers perde.
Acha que tá ruim? PIORA. Hoje a Bruna resolveu entrar nas interwebs, deu de cara com o bafafá e não gostou. Postou os dois textos abaixo, no Facebook do FEMEN Brasil:
Sim. Toda a história era mentira. Ela pediu as contas, toda a história foi inventada. Criaram um sequestro falso, o que, se não me engano é crime, attentionwhorismo nível 10.000. Só que esqueceram que a falsa sequestrada tinha a senha da conta no Facebook!
Seguindo a tradição de que a melhor forma de se livrar de um problema é eliminar todas as evidências de sua existência, o FEMEN Brasil apagou a página no Facebook. Pronto, resolvido. Nada daquilo aconteceu.
Exceto que não contavam com o cache do Google. Lá ainda dá pra acessar vários posts, inclusive os acima. Claro, com a memória de Dori do internauta brasileiro, amanhã elas lançam outra página e ninguém se lembra de nada. Felizmente o maior inimigo do FEMEN é o próprio FEMEN, e elas mesmas cuidarão de inviabilizar o movimento, repetindo o ciclo até acharem algo melhor para brincar, igual aconteceu com Os Piratas.
Como? Não sabe de que Piratas estou falando? Pois é.