A Segunda Guerra Mundial foi um evento fundamental para a liberação das mulheres. Os soldados voltaram para casa e descobriram que suas Mulheres de Atenas agora eram operárias, engenheiras, administradoras. Aviadores voavam em aviões construídos por mulheres, as bombas atômicas usaram Urânio e Plutônio purificados em instalações operadas por mulheres, que segundo os cientistas responsáveis eram mais eficientes do que os técnicos cheios de diplomas e PhDs.
Na Rússia milhares de mulheres snipers espalhavam o terror entre os nazistas, fora incontáveis outras pilotando caças e tanques. Só que na Alemanha não era assim. A Raça Superior só via a superioridade de suas mulheres na área reprodutiva.
Não que eu discorde, por um segundo sequer que a Claudia Schiffer é uma matriz de altíssima qualidade.
As mulheres foram ativamente direcionadas para cumprir funções de esposas e mães. Só por extrema necessidades foram aceitas nas forças armadas, e mesmo assim em pequeno número. Eram secretárias e telefonistas. Nas fábricas prisioneiros de guerra eram preferíveis, assim as futuras mamães do Reich não sujavam as mãos.
Houve um campo em especial onde as mulheres se destacaram, e não era um campo bonito, era o campo de concentração. Quando a SS começou a ficar com falta de homens resolveu colocar mulheres trabalhando como guardas e ajudantes. A maior parte eram voluntárias. Que alguém se voluntarie a um trabalho que era desconfortável mesmo para nazistas, provocando deserções e suicídios, vai além da minha capacidade de compreensão.
Uma delas mulheres era Ilse Koch. Seu apelido mais carinhoso era A Bruxa de Buchenwald. Ela começou em outro campo, onde o então noivo era comandante. Quando Karl Otto Koch foi transferido para comandar Buchenwald, ela foi junto como guarda e secretária, e lá mostrou as garras.
Ela fazia obras no Campo com dinheiro confiscado dos prisioneiros, incluindo claro dentes de ouro. Um de seus passatempos era inspecionar prisioneiros atrás de tatuagens interessantes. Estes eram enviados para o médico do campo, que as removia e transformava em abajures de pele humana. Viu? O trenzinho do seu marido não é o pior hobby que ele poderia inventar.
Ilse e suas atrocidades inspiraram a protagonista do deliciosamente ruim filme de nazixploitation, Ilsa, She-Wolf of the SS, de 1975, onde Dyanne Thorne faz a promíscua e sanguinária oficial nazista que abusa de prisioneiros das formas mais cruéis que o cinema dos Anos 70 podia mostrar: Com muitos peitinhos e sangue falso.
Ao contrário de Dyanne Thorne, cujo último filme é de 2013, a carreira de Ilsa não foi longa. Seu marido foi preso pela Gestapo em 1943, pois há poucas coisas que os nazistas não toleram e improbidade administrativa é uma delas. Karl Koch estava envolvido em um esquema de corrupção, fraude e assassinato de prisioneiros para que não testemunhassem sobre suas falcatruas. Ele foi enforcado em 1944, dias antes do campo onde estava prisioneiro ser libertado pelos Aliados.
Ilse ficou em cana até 1944, libertada por falta de provas e presa pelos aliados em 1945. No meio do julgamento para fugir da sentença ela deu um jeito de arrumar uma gravidez, o que não foi um feito fácil, afinal ela só mantinha contato com outras prisioneiras e com os guardas da prisão, todos ingleses e em sua maioria judeus.
Provando que a necessidade realmente cria estranhos companheiros de cama, alguém acabou fornecendo a Ilse o DNA e a desculpa que ela precisava. Mas não foi sorte, Ilse tinha fama de pistoleira, passava o rodo nos oficiais nazistas e dizem, até em prisioneiros. Só livrava a cara do marido, que por sua vez era compreensivo. Otto Kock era gay, o casamento era puro disfarce, e convenhamos, dado o apreço dos nazistas pelos rapazes alegres, melhor um corno vivo que um gay morto.
Seja lá como for o esquema deu certo e Ilse saiu com a incrível pena de 4 anos de prisão. Um segundo julgamento foi marcado com novas acusações e dessa vez ela pegou prisão perpétua. Ela sobreviveu até 1967, quando se matou aos 60 anos, depois de desenvolver ilusões paranóicas de que seus antigos prisioneiros iriam atacá-la em sua cela.
Ilse apesar de tudo era uma santa perto de uma tal de Irma Grese.
Irma era conhecida como A Hiena de Auschwitz, muito provavelmente não por causa de seu senso de humor.
Filha de um fazendeiro, ela abandonou a escola aos 14 anos, passando a se dedicar a uma organização nazista para jovens moças. Se ofereceu como voluntária e acabou trabalhando de auxiliar de enfermagem em um hospício da SS, mas era tacanha demais para conseguir passar nas provas para Enfermeira.
Em 1942 ela se ofereceu e foi aceita como Aufseherin, guarda, no campo de concentração feminino de Ravensbrück, mais tarde sendo transferida para Auschwitz. Irma andava com botas pesadas, uma pistola e um chicote. Costumava atirar em prisioneiras por puro tédio. Testemunhas a viram chicotear outras mulheres até a morte, e atacá-las com cachorros famintos.
Irma sabia do terror que causava e adorava entrar nos alojamentos e ver as expressões de pânico. Ela mantinha casos com os outros guardas e oficiais, alguns dizem que com o próprio Josef Mengele, e chegou a forçar um prisioneiro médico a fazer um aborto, quando engravidou sem-querer.
Especialmente cruel é a forma com que escolhia quais prisioneiras iriam para a câmara de gás. Além das fracas e doentes, como era habitual, Irma Grese exterminava todas as mulheres que mesmo naquelas condições sub-humanas ainda mantivessem um traço de beleza, algo que indicasse que elas fora dali seriam mais bonitas do que Irma. O que, diga-se de passagem, não era difícil.
Em abril de 1945 Irma foi capturada em Auschwitz. Seu julgamento aconteceu entre Setembro e Novembro de 1945, ao final Irma Grese foi condenada a morte por Crimes contra a Humanidade. às 9h34min do dia 13 de Dezembro de 1945 o carrasco puxou a alavanca, abriu o alçapão e a medula de uma das mais terríveis nazistas foi separada de sua cabeça, matando-a com a rapidez e misericórdia que suas vítimas nunca tiveram.
Irma Grese, a Hiena de Auschwitz, responsável direta e indiretamente por incontáveis mortes morreu aos 22 anos.
VINTE E DOIS ANOS e a criatura é capaz de mais maldade, mais crueldade do que 99,999% de todos os humanos que já viveram. Entenderam agora, crianças, porquê eu não uso mais o termo “Feminazi”?
É trivializar um descritivo que se refere a mulheres muito, muito ruins. Comparar Irma, Ilsa e outras a um bando de histéricas de Facebook é uma falta de respeito. Não com as histéricas, elas que se fodam, mas com as vítimas das nazistas de verdade.
Pensando bem, é um desrespeito até com as feminazis de verdade. Convenhamos, Ilsa e Irma podiam ser tudo, mas eu duvido que postariam textão lacrador feminista empoderado, mas voltassem atrás a mando do namorado da moça criticada na foto: