Míssil Nuclear vs Blindado, quem ganha?

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A história de hoje é rapidinha mas suculenta demais pra deixar passar. Envolve o LGM-30 Minuteman, o principal míssil balístico intercontinental em uso pelos EUA, que entrou em serviço pela primeira vez em 1962, a versão 3, a mais atual é de… 1970.

Isso mesmo, todos os mísseis nucleares americanos em silos nos Estados Unidos são um projeto que começou a ser especificado (o 3) em 1966. Mesmo assim ele quebra o galho, com alcance de 13 mil Km consegue colocar várias ogivas nucleares em um alvo com precisão de 240 metros.

O Minuteman é um míssil em 3 estágios, com combustível sólido e 18 metros de comprimento, e como qualquer um em Alcântara pode te dizer, se você conhecer um bom medium, combustível sólido é um negócio perigoso, pois quando dispara, não tem como desligar.

Pois bem; em 1984, em um silo de mísseis na fronteira com o Nebraska e Wyoming, um Minuteman começou a dar alteração. O sistema de navegação do míssil apresentou defeito, o que era normal, dada a vida útil limitada desse tipo de sistema, o que não estava na normalidade era que os sinais espúrios que o sistema de navegação começou a enviar sinalizavam que parte do processo de lançamento estava em andamento.

Existem dezenas, talvez centenas de circuitos e procedimentos para evitar o lançamento de um míssil, mas depois que ele foi lançado, já era. Não existe sistema remoto de autodestruição em mísseis operacionais, seria perigoso demais o risco do inimigo descobrir e acionar remotamente.

Algo que é feito ao menos recentemente é alimentar os mísseis com coordenadas de alvo no meio do oceano. mas antigamente isso tudo era definido por hardware.

No caso os operadores começaram a resetar sistemas, pra evitar que uma sequência de disparo fosse iniciada, pois mesmo que as ogivas (O Minuteman 3 carregava um pacote MIRV -Multiple Independent Reentry Vehicle – várias ogivas independentes) não detonassem, seria muito, muito ruim para a diplomacia um foguete americano carregando dezenas de Kg de Plutônio cair em Moscou.

A última fase do lançamento é a abertura da porta do silo, uma estrutura com várias toneladas de concreto armado que nos modelos mais modernos é acionada por poderosos sistemas hidráulicos, mas antigamente era por carga explosiva:

Quando os operadores começaram a suar mais frio ainda, indicando que talvez a merda fosse acontecer, o responsável pelo silo teve uma última idéia: Mandou estacionarem um blindado em cima da porta do silo.

O racional era que quando ela fosse aberta, o blindado ficaria no lugar, igual a uma toalha puxada com velocidade, tamparia a saída e o míssil explodiria, matando todo mundo no silo mas ao menos salvando bilhões de uma guerra nuclear.

Por muita sorte não foi preciso, o míssil foi desarmado a tempo, e permanece o desconforto e curiosidade de saber que o mundo teria sido salvo… por um carro.

Fonte: Los Angeles Times, 29/10/1987



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