Em 1972 a sonda Pioneer 10 foi lançada rumo ao espaço interestelar, dando antes uma passada por Júpiter. Foi o primeiro objeto feito pelo Homem a deixar o sistema solar. Ela funcionou até 2003, quando uma pane elétrica a silenciou, a 12 bilhões de Quilômetros da Terra.
Indiferente a isso, a Pioneer 10 segue rumo ao desconhecido, levando sonhos e esperanças, e uma mensagem muito especial, sugerida por Carl Sagan:
A Placa da Pioneer, que também foi mandada na Pioneer 11 trás uma representação em linguagem científica da posição da Terra, em relação a 15 pulsares, e a localização do planeta no Sistema Solar.
Também há uma representação de um homem e uma mulher, ambos nus. O homem está saudando com um aceno, a mulher, com os braços abaixados.
Na época a NASA foi acusada de enviar pornografia pro espaço com dinheiro público, Carl Sagan foi atacado por “religiosos, feministas e homossexuais”, muita gente ficou legitimamente ofendida, usando o clássico “pense nas crianças vendo isso”.
Só que esse não foi o único motivo de ataques. Sagan foi duramente criticado pelo fato da mulher ser “submissa”, enquanto o homem tinha agência e estava acenando. Sim, as pessoas conseguem ter esse nível de mesquinharia.
Outro ataque bastante sofrido por Sagan é que a mulher não é “anatomicamente correta”, pois não havia representação da… Fenda Pudenta. Você sabe, aquele negócio que dizem que no Japão é na horizontal.
Sagan foi acusado de machista, de deliberadamente ignorar a anatomia feminina. O astrônomo macho heterossexual cisgênero opressor maconheiro não deu muita bola pras acusações, e depois soube-se que a omissão foi meio que negociada com a NASA, que teria embarreirado a placa se a ppk em questão fosse detalhada demais.
Claro, isso não calou os ofendidos, e a situação escalou até se tornar a mais bizarra aventura espaço-sexual que você já ouviu falar. Tudo começa com um tal de Joe Davis, pesquisador associado do Departamento de Biologia do MIT, mas não se anime, ele não é cientista.
Davis arrumou uma mamata onde recebe verba pra pesquisar… BioArte, Arte Espacial e outras artes arteiras. Por algum motivo as pessoas compram as bullshitagens que ele fala, então Davis está sempre inventando moda.
No caso da placa da Pioneer, ele foi um dos ofendidos profissionais, e decidiu que iria reparar o “erro” de Carl Sagan. Vai ter PPK no espaço sim!
Davis projetou uma intervenção artística chamada Poetica Vaginal, e pelo nome já se vê que não vem boa coisa…
Ele e sua equipe criaram um “detector vaginal” que consistia em um cilindro de polialômero de uns 20cm, preso a uma base de nylon resistente. O cilindro era cheio de água, e tinha um sensor de pressão extremamente sensível.
Várias voluntárias foram selecionadas, entre alunas, artistas visitantes e as bailarinas do Balé de Boston. As voluntárias inseriam (ui!) o tal detector na perseguida. Ele então mediria as contrações vaginais, além de conseguir captar sinais como batimento cardíaco e mesmo a voz das voluntárias.
A frequência mais alta foi de .8Hz, uma ppk bem agitada, provavelmente.
Os sinais foram processados por um software de música eletrônica, harmônicos foram associados a fonemas, e as pepekas das moças agora “falavam”.
No final eles conseguiram três sinais: O sinal analógico original, uma conversão digital e o sinal em fonemas, convertido em voz.
Não, não há detalhes de como as moças se comportaram durante as sessões de gravações, que foram feitas em uma espécie de tenta indígena chamada de “Módulo de Excursão Vaginal”.
Com as gravações prontas, Joe Davis pediu ajuda ao MIT, que operava em conjunto com a Força Aérea um radar em Millstone Hill, perto de Boston. Lá a antena de 46 metros foi apontada para quatro estrelas, incluindo Tau Ceti e Epsilon Eridani, e os sinais das contrações vaginais foi transmitido em loop, a uma potência de 3 Megawatts.
Foi um teste, o objetivo era no dia seguinte fazer uma transmissão ao vivo, conectando diretamente as ppks das voluntárias à antena do transmissor.
O teste durou 20 minutos, após os quais um Coronel da Força Aérea se inteirou do que estava acontecendo, achou tudo uma grande palhaçada e quase literalmente puxou a tomada da brincadeira.
Isso foi em 1986. Os sinais chegaram em Tau Ceti em 1998 e Epsilon Eridani em 1996. Se houver vida por lá, neste momento deve existir uma boa quantidade de exobiólogos e astrônomos coçando a cabeça, tentando entender que diabos significam aqueles sinais vindos daquele pequeno ponto azul.
Melhor ainda: Imagine um futuro distante, naves de Tau Ceti entram em órbita da Terra, é feito o Primeiro Contato, e durante o jantar de recepção o embaixador alienígena pergunta “e por falar nisso, o que era aquela mensagem que vocês mandaram?”
Fontes:
- Poetica Vaginal – A short history of radio messages to ET
- Gender, Sexuality, and Space Culture
- “First Woman on the Moon” by Aleksandra Mir
- Earth calling: A short history of radio messages to ET