A primeira vítima da IA: A turma da Diversidade

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Yay diversidade. Pena que nenhuma dessas modelos existe. Infelizmente.

Eu escrevi um artigo no MeioBit sobre as perspectivas da IA no mercado de trabalho, apontando que toda evolução tecnológica inicialmente gera desemprego, mas até hoje o número de vagas criadas pela nova tecnologia suplanta as perdidas. E que somente empresas burras sairiam demitindo e trocando seus funcionários por IAs, num primeiro momento.

Eu estava certo, claro, mas só parcialmente. Eu esqueci das empresas burras, gananciosas, maliciosas e aproveitadoras, como a Levi Strauss. Nunca confie num antropólogo que virou comerciante.

Não falo do Buzzfeed, bem-programado meu antigo TK-90X era capaz de substituir um redator daquele lixo, o caso aqui é mais complexo. Segundo a notícia, a Levi Strauss contratou os serviços da Lalaland.ai, uma “agência de modelos virtuais”.

A rigor, isso não é novidade. Quase 100% das imagens de carros que vemos em comerciais e anúncios são computação gráfica. Softwares são usados o tempo todo para criar cenários e figurantes em filmes e comerciais. Personagens “virtuais” não são novidade desde que a Marge Simpson saiu na Playboy, a diferença é que agora, com imagens geradas por IA, temos muito mais agilidade e flexibilidade.

Isso é ruim para modelos? Sim, principalmente as iniciantes, assim como a IA é terrível para modelos de fotos de arquivo, povo que ganha muito pouco pra fazer aquelas fotos sem-graça que a gente vê em sites de startups sem muito orçamento.

It’s a living…

O que a Lalaland e outras querem fazer é ir além, usar modelos digitais para substituir fotografia de estúdio, prova de roupa e modelos de catálogos, que não são a Gisele ou a Naomi, mas são moças e moços bonitos elegantes e sinceros.

Chato? Com certeza, mas dá pra entender o desejo da empresa em ganhar em agilidade, mas a Levis não está usando os argumentos de custo e velocidade para usar imagens geradas por IA no lugar de modelos. O argumento deles é… diversidade.

A turma da lacração adora reclamar da falta de diversidade na publicidade, dizem que as marcas promovem padrões inatingíveis e irreais de beleza (como se as modelos não existissem), etc etc e etc.

Eu já expliquei neste artigo aqui sobre a competição intrasexual feminina, e como a publicidade com mulheres bonitas é voltada principalmente para o público feminino, que vê as modelos nas capas e editoriais, e compra as roupas e produtos para se sentir como elas e deixar a concorrência no chinelo.

Só são amigas porque não existem.

Mais ainda: Animais gostam de beleza. Uma pelagem brilhante, uma cauda esplendorosa de um pavão, são indicativos que o animal é saudável e bem-alimentado, o seja: Um bom parceiro para perpetuar a espécie.

Humanos funcionam do mesmo jeito. Nós gostamos de beleza e simetria, e para tristeza da turma que diz que tudo é construção social e forçado pela sociedade machista burguesa cis-hétero, um estudo demonstrou que bebês preferem rostos bonitos, a rostos feios ou comuns.

Todo o papo de “corpos reais” é ótimo pra militância achar que teve algum efeito no Grande Esquema das Coisas, mas na prática é uma forma das empresas fingirem que estão alinhadas com as alas progressistas, sem muito esforço.

Mulher bonita, como sempre.

Fora as campanhas especiais os catálogos continuam populados por gente bonita, a Zoraide Christina, de Villar dos Telles não vai comprar um batom anunciado por uma baranguinha que parece a Gislayne, aquela piranhuda da recepção. Ela vai comprar o batom da Angelina Jolie.

Quando fizeram aquele auê todo com “Vai ter gorda na Playboy sim” eu ri, primeiro por a Playboy nem existir mais, está resumida a um site decadente. Segundo, o tal “gorda na Playboy” era uma foto num perfil da empresa no Instagram. Terceiro, adorei como todo o discurso contra sexualização e exploração da mulher cai por terra se é pra promover “diversidade”.

Toda Diversidade é Ruim?

Não, longe disso. As marcas se tocaram, já tem algum tempo, que nem todo mundo é ariano, e temos visto muito mais negras, mulatas, japinhas e ruivas edificantes na publicidade. Gente bonita de todas as cores, tamanhos e sabores, eu aprovo.

Um grupo de pura diversidade, feito com uma linha de comando.

O que não aprovo é a Levi Strauss dizer que vai usar imagens via IA para… promover diversidade.

“Acreditamos que nossos modelos devem refletir nossos consumidores, e é por isso que continuamos a diversificar nossos modelos humanos em termos de tamanho e tipo de corpo, idade e cor da pele”

Lindo, perfeito, mas ao mesmo tempo eles dizem:

“Embora a IA provavelmente nunca substitua totalmente os modelos humanos para nós, estamos entusiasmados com os recursos potenciais que isso pode nos proporcionar para a experiência do consumidor.”

Ou seja: Ao invés de procurar mais modelos humanos que preencham os requisitos de “diversidade”, vão usar a IA pra gerar as combinações improváveis que a turma do marketing imaginar.

A IA vai acabar com o mercado pra modelos de fotos sorrindo pra salada.

Por um lado, eu entendo, a oferta de modelos diminui cada vez que você acrescenta uma variável. Mulheres negras são um subconjunto de mulheres, mulheres negras lésbicas, um grupo menor ainda, negras lésbicas deficientes físicas, pouca gente. E desse sub-sub-conjunto você tem que achar quem trabalhe como modelo, tenha talento e se encaixe na campanha.

Resultado: Uma empresa que quer pagar de lacradora defensora da diversidade, mas que vai usar um software pra gerar seus modelos, pois é muito caro e trabalhoso pesquisar por modelos, que algumas vezes nem existem. O que diz muito sobre a diversidade imaginária que dizem defender.

Mais fácil criar no computador do que gastar dinheiro atrás de modelos…

O pior é que assim como o povo dos carros adora babar com os comerciais dos carangos, sem ter idéia de que é tudo CGI, um monte de militante vai bater no peito mostrando como as marcas se preocupam com diversidade, sem saber que está elogiando “modelos” que só existem na insana mente de alguma rede neural.


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