Ser gay nunca foi muito fácil, e nem falo de antes da invenção do KY,e em 1904. Vide a deplorável situação do grande Alan Turing, exposto como homossexual, tratado de sua DOENÇA, emasculado quimicamente e levado ao suicídio. Ganhar a 2a Guerra não era o suficiente, ele também tinha que cuspir no chão, coçar o saco e passar a mão na bunda da secretária.
De lá para cá só os grupos religiosos mais fanáticos (como o islamismo iraniano ou o cristianismo conservador do Bible Belt americano) consideram gays criaturas abomináveis, condenadas ao Inferno. Claro, todo mundo continua secretamente rejeitando a idéia de ter um filho boiola, mas conheço famílias bem conservadoras que simplesmente aceitaram o fato, e não explodiram a pobre criatura de plumas em milhares de pedaços.
Um campo entretanto não mudou quase nada: As Forças Armadas. Aceitar mulheres já foi complicado. Tirando casos onde a sociedade é extremamente equilibrada (como os países nórdicos) ou onde há real necessidade (Israel) mulheres no máximo exercem funções burocráticas. Mesmo os EUA ainda relutam em colocar mulheres na linha de frente.
Gays então, nem atrás. (com trocadilho)
Durante décadas um soldado gay era expulso sem dó nem piedade, com desonra, escorraçado até pelos sujeitos que o comeram achando que isso não os tornaria igualmente gays (não é que pegue, você entendeu). O que não impediu milhares de gays de servirem nas forças armadas americanas, lutando e morrendo do lado de seus irmãos em armas.
Em 1993 o Presidente Clinton (é, o do charuto) instituiu a política “Don´t Ask, Don´t Tell”, (não pergunte, não fale) alterando a legislação que proibia a presença de gays nas forças armadas dos EUA. Com a nova diretriz o sujeito poderia servir sem ter que responder durante o recrutamento se era gay ou não, MAS qualquer declaração de orientação sexual seria punida.
Basicamente um gay poderia ser soldado se não revelasse nunca em momento algum de forma nenhuma que é gay. Do armário para o carro blindado.
A política é tão burra que causou danos irreparáveis, como a expulsão de 59 intérpretes de árabe no Iraque. Não por espionagem, mas por serem… gays. Os sujeitos eram adorados pelos colegas, se colocavam na linha de fogo, lutavam e morriam, mas independente da opinião da grande maioria que servia com eles, RUA!
Cumprindo uma promessa de campanha, Obama está finalmente revertendo isso, e a grande virada (epa!) veio via… Twitter.
O Almirante Mike Mullen, do Estado Maior das Forças Armadas postou dia 2:
“Permitir que homossexuais sirvam abertamente é a coisa certa a fazer. Questão de integridade”. Isso foi histórico, inclusive pelo uso da ferramenta. (no bom sentido, cacete!)
Os críticos dizem que isso afeta a moral dos combatentes. 100% dos críticos NUNCA serviu em combate, não entende que o elo entre companheiros de trincheira vai muito além de opção sexual. Na Inglaterra soldados GLB coexistem abertamente, e não há sinal de danos à moral.
Alias, que exemplo maior de que orientação sexual não tem efeito negativo em uma moderna força de combate do que as Forças Armadas Israelenses?
Desde 1993 homossexuais são abertamente aceitos nas IDFs (Israeli Defence Forces). Inclusive nas Forças Especiais. Qualquer tipo de discriminação no recrutamento, alocação, e promoção baseado em orientação sexual é proibido por Lei.
Em 2005 a Associação de Gays Lésbicas, Simpatizantes, Transexuais, Transgêneros, Transgênicos e o Diabo a Quatro de Israel foi incluída na lista de entidades filantrópicas para as quais um jovem pode prestar serviço, ao invés do Alistamento Obrigatório.
Não que usem como desculpa para fugir da caserna, o número de gays que se alista é cada vez maior. Dá até para entender. Se eu fosse gay e judeu (junte negro e argentino e temos uma piada pronta) a escolha seria clara: No melhor estilo Bastardos Inglórios COM PRAZER eu me alistaria para defender meu país e meus irmãos coloridos de inimigos declarados como o Irã, que executa publicamente jovens pelo terrível crime de serem gays.
Toda essa movimentação não é proselitismo. Nesse caso gays não querem segurar bandeiras, querem segurar armas. Querem que o país pelo qual estão dispostos a dar a vida lhes dê a liberdade de ser o que são.
Principalmente, e aí é a questão de integridade que o Almirante Mullen cita, deve ser feita JUSTIÇA, pois no modelo atual se um soldado que morreu heroicamente dando sua vida em combate para salvar seus irmãos morre, caso ele seja gay mesmo que tenha um relacionamento estável de anos, seu companheiro não será avisado pelos meios oficiais. Não participará do funeral, não ganhará uma palavra de alento, nem sequer terá direito a pensão, auxílio médico e outros benefícios dados aos outros soldados.
Até porque o coração pode ser rosa, mas o sangue é igualmente vermelho.
[ATUALIZAÇÃO]
Hoje, 18/11/2010 o Senado dos EUA votou pela rejeição do Don´t Ask Don´t Tell, a legislação que proibia gays de servirem abertamente nas forças armadas. O projeto seguirá para aprovação Presidencial e em 60 dias ganhará Força de Lei. Parabéns aos 65 senadores que votaram a favor.