"Upar" é perfeito se você é uma cavalgadura

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Este gentleman, este poço de diplomacia, compreensão e caridade cristã que vos fala perdeu a linha. Lendo um post no blog da Beatriz Kunze, vi um sujeito reclamando da tal entrevista sobre Software Livre no Jô Soares. Uma hora o sujeito diz que “upou” a entrevista para um servidor.

Perguntei se “upar”, em língua de gente era subir.

“upa” para mim é como se fala com cavalos. Juca Chaves tinha uma modinha assim. “Upa upa upa cavalinho sem medo, leva pra Brasília o Presidente Figueiredo…”.

Já expliquei aqui que não tenho nada contra neologismos. Eles são essenciais para a evolução da língua. Só que como qualquer biólogo sabe, evolução significa aquisição de novas capacidades, uma característica não desaparece, da noite para o dia, dando lugar a uma outra.

Em línguas ocorre o mesmo. Sutiã não nasceu sutiã, antigamente era soutien. Calcinha não nasceu calcinha, conviveu muito tempo com calçola.

Acima de tudo um neologismo preenche uma lacuna. Não temos um termo em português para “power-up”, nem para “frag”. São termos que ACRESCENTARAM algo ao vocabulário dos gamers. Esse mesmo um termo que não existe em português, ao se referir especificamente aos jogadores de videogames. ISSO é evolução.

Já usar “upar” no lugar de “subir” demonstra total deficiência de vocabulário. “subir” não é uma alternativa imperfeita. Não é chamar mouse de apontador. Nada está sendo acrescentado ao idioma.

Note que as pessoas baixam arquivos. Ou então fazem um download. Isso é kosher, pois não há um termo em português equivalente para “baixar um arquivo de um servidor para um computador local”. O termo acrescentado ao idioma é “download”. O pessoal do mv-brasil.org.br pode reclamar, mas ninguém vai usar “descarrego”. Isso é coisa mais pra pais de santo do que pra geeks.

Já o “upar”? Bem, se por falta de vocabulário vamos upar ao invés de subir, acho que devemos printar ao invés de imprimir e subbar ao invés de legendar.

Como eu quero ampliar meu vocabulário ao invés de reduzí-lo, e isso só é possível através de leitura e conversas com pessoas inteligentes, limitarei ao máximo meu contato com gente que fala “upar”. Isso não afetará em nada os leitores do Contraditorium, mas com certeza limitará minha resposta aos comentários dos posts da Cicarelli e outros mais populares no www.carloscardoso.com.

 


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