As coisas que a gente faz por dinheiro

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Eu sempre disse que a Literatura (e por literatura entenda-se qualquer profissão onde você ganhe dinheiro escrevendo) era o ideal para os tímidos. Não era preciso aparecer, nada de palestras, apresentações, poderia até capitalizar em cima dessa imagem, como o Veríssimo, o Salinger ou o Rubem Fonseca. Como já devo ter contado, consegui a proeza de sentar em um ônibus ao lado de um sujeito que estava lendo um livro meu. Ele nunca saberá quem eu era, para mim, perfeito. Anonimato, invisibilidade.

O “pobrema” é que dei uma longa parada com meus livros, e a idéia do blog se tornou bem atraente, por dar retorno rápido, ser excelente em termos de feedback dos leitores e permitir textos curtos (relativamente falando, eu sei) e variados. Tudo que o Dr receitou para meu Déficit de Atenção. E embora todos os meus movimentos sejam friamente calculados, eu me ferrei de verde e amarelo ao não calcular o interesse da mídia “de verdade” nos blogueiros.

Sei lidar com o dia-a-dia, emails, um evento ou outro, mas a coisa está saindo de controle. Enquanto o Edney era o boi-de-piranha da blogosfera, sendo enviado pra todo tipo de reportagem onde precisassem de alguém pra aparecer, perfeito. Mas agora sobrou pra mim.

A última foi a Kátia Arima, que me procurou para uma matéria sobre blogueiros na Folha. Topei, pois ela soube ser diplomática e usou bons instrumentos de convencimento, como demonstra a imagem ao lado.

Pois bem; a matéria saiu. O link está aqui mas só pra assinantes do UOL. Já estou recebendo emails, mas com isso posso lidar. Não dá é pra parar aí. Para fazer a gravação para o Jornal da TVE já foi um parto. Agora tive que recusar um convite para participação em um programa de TV, primeiro por conhecer minhas limitações, segundo por ser ao vivo. Sem experiência de mídia, e ao vivo? Morte certa.

Quem se prejudica nisso tudo?

O blog.

Então temos duas possibilidades: Mantenho o estilo recluso, feliz com o nível atual de visitação e exposição, ou então começo a me divertir com essa coisa de aparecer na mídia falada, filmada e televisada.

Assumindo que eu sou o último a me levar a sério, e não tenho risco de perder o controle do Ego, dada minha megalomania natural, acredito que o ideal é parar de frescura. Opiniões?



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