Eu quase quero ser um portal

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É muito bom ser portal. Ninguém acusa o portal de ser uma organização com fins lucrativos, e principalmente os motivos ocultos dos morais não são questionados. É como ser vizinho de Hitler. Você NUNCA vai reclamar que ele acorda cedo e ao regar as plantas molha o seu jornal. É algo que você espera.

Por mais que eu veja muita gente boa blogando e andando pras essas cobranças “éticas”, a verdade é que nós blogueiros também nos cobramos. Se sair amanhã uma Sex Tape com o Inagaki, mesmo o mais descarado caçador de paraquedistas vai pensar duas vezes antes de publicar. Pode até ser notícia, mas poxa, o cara é legal. O que ganhamos com isso? Mas não publicar seria igualmente complicado. O que fazer?

Já os portais não têm amigos, interesses pequenos e gostos pessoais. Um portal pode publicar quase o que quiser sem essas preocupações.

Nós, blogueiros conscientes, trabalhando para um portal teríamos as mesmas considerações? “Chegou aqui um avi com uma sex tape do Inagaki, publica no destaque”. Você vai entrar em longas discussões éticas com seu Editor ou vai no máximo perguntar “Tão sem camisa mas dá pra reconhecer o ataque do São Paulo, não é melhor liberar com o Jurídico antes?”

Além de ter menos dilemas éticos, a meu ver a impessoalidade do portal pode ser uma vantagem, se o redator não tem paciência de lidar com as múltiplas personalidades que visitam os blogs. É uma vantagem? Ou uma desvantagem? Acho que depende de cada um. Quem não gosta de lidar com leitores, mas gosta de escrever, pode ficar nos portais. Quem não se importa com a imprevisibilidade de reações a cada post, que venha para os blogs. Pode ser ruim, pode ser bom, depende do dia, depende do post, depende do leitor.

A única coisa que não vejo aqui nessa tal de Internet Blogueira é a rotina, que imagino existir em um Portal. E fugir da rotina pra mim é essencial.

Claro, algumas vezes eu queria sim ser um portal. Vejam a foto desta matéria aqui. Agora me diga: Se fosse um blog, quantas dezenas de comentários teríamos atacando o oportunismo, falta de respeito, mau-gosto, sexismo e abuso do blogueiro, que se aproveitou de um momento de distração da atleta, e expôs em seu blog essa foto gratuita e sensacionalista da nadadora com o seio de fora?

Essa dualidade, onde um veículo pode noticiar um fato e outro não pode não atinge só portais e blogs. Lembre-se, todas as vezes que a Globo tentou popularizar a programação para acompanhar o Pânico, foi duramente criticada. Inclusive por gente que assiste ambas as emissoras e não teve problema nenhum com a programação, desde que exibida no pânico.

Se com esse patrulhamento e críticas os leitores que o fazem querer dizer que os blogs estão em um patamar superior, como fonte de informação e opinião, e que não devem se igualar aos portais, então acho que devemos passar a ver essas “reclamações” com melhores olhos.

Mas que a foto do Terra ficou escrotinha isso ficou…

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