Assumindo que jornalistas paraquedistas só lerão o título, semana que vem estarei perguntando “é pro Fantástico?” e ouvindo “é sim”.
Mas… vamos à notícia completa: A Universidade do Texas, junto com a empresa de publicidade online Chitika, produziu uma pesquisa demonstrando que 1% dos blogs são responsáveis por 20% do faturamento total.
Examinando dados da própria Chitika, Technorati e outras fontes, usando um monte de fórmulas bonitas e cheias de símbolos de integral (o que torna uma fórmula cientificamente válida para a audiência leiga) concluiram:
Os 50.000 maiores blogs geraram US$500 milhões de receita em 2006.
A relação entretanto é cruel. Do mesmo jeito que a taxa de desemprego em Hollywood é de mais de 90%, e para cada Tom Hanks há 5000 John Smiths que trabalham pelo salário mínimo da categoria, estamos falando de um universo de mais de 80 milhões de blogs. Esses 50.000 representam 0,06%. Vejamos no gráfico:
Os números são mais detalhados. Desses 50.000 blogs, temos:
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Os top 1% representam aproximadamente 20% da receita total.
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Os top 5% representam aproximadamente 50% da receita total.
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Os top 10% representam aproximadamente 80% da receita total.
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Os top 15% representam aproximadamente 90% da receita total.
Vamos colocar isso em algo que todo mundo entende: Dinheiro:
Lembre-se, são só médias, aproximadas. Obviamente a soma não bate, sendo que alguns blogs estão muito acima, outros (mesmo estando entre os top 50.000 do Techorati) estao muito abaixo desses valores.
Segundo a pesquisa um blog entre os top 1%, ou ranking até 500 no Technorati (o blogblogs, por exemplo) faturaria anualmente duzentos mil Dólares.
Já um blog como o Contraditorium, que está em posição 3556 no Technorati (ou entre os top 7%) faturaria US$80 mil anualmente, ou $6.666,66 por mês. Tem muita gente já dizendo que dado o 666 no valor, provavelmente eu faturo isso mesmo.
Sem muitos detalhes, ainda não. (ênfase no “ainda”, faz favor)
A pesquisa já está sendo atacada como algo muito, muito chutado, e embora eu concorde com a tal regra 80/20, não acho que haja uma distribuição uniforme, mesmo entre os blogs top, ou os toptop. (não confundir com toptoptop, Marco Aurélio Garcia não é blogueiro) Há muita forma de monetização não facilmente mensurável, os valores variam de blog para blog, de post para post e de dia para dia, e como toda boa aproximação estatística, você puxa o cobertor pro seu lado, deixa a menina pelada.
Não estou acusando o trabalho de ser a clássica estatística de suplemento dominical de jornal do interior, onde se eu como dois frangos e você não come nenhum, estatisticamente cada um de nós comeu um frango. Mas os valores apresentados só devem ser usados com propósito humorístico, pseudopolêmico ou, no máximo, como uma visão global do quanto os blogs faturam, em uma blogosfera “de verdade”. US$500 milhões é um valor bem respeitável, se levarmos em conta que as estimativas para o comércio eletrônico no Brasil em 2006 ficavam na casa de R$3,9 bilhões.
Portanto, temos dois caminhos: Assumir a clássica postura cucaracha de ficar chorando pitangas (e não chorando pela Camila Pitanga, que é algo perfeitamente compreensível) de como ao contrário do Brasil os gringos entendem os blogs, como eles são respeitados, valorizados, fap fap fap…
Ou podemos entender isso como uma senhora oportunidade de crescimento, mostrando o quanto ainda há de espaço a ser desbravado no Brasil, quanto dinheiro ainda há a ganhar e como é excitante ser pioneiro em alguma coisa, aprender fazendo não por preguiça mas apenas porque… nunca foi feito antes. Sinceramente? Estou adorando, é dez vezes melhor do que ficar seguindo fórmulas prontinhas em livros do SENAC “como montar uma padaria”.
Vejam o ranking do Technorati. Não sou só eu, praticamente todos os grandes e bons blogs brasileiros estão nesse bolo dos Top 50.000. Alguém chegou lá chorando pitangas? Duvido. Público se consegue ralando, trabalhando e acertando mais do que errando, mesmo sem manual de instruções ou mapa do tesouro. O efeito colateral é que um blog com essas qualidades não é mais um diário ou mesmo um hobby. É um empreendimento, seja individual, seja coletivo.
Essa mudança de paradigma de blogueiro para blogueiro-empreendedor é natural, não dói e não traz as dores de cabeça de gerenciar uma padaria. Traz outras, mas a sensação de ser piloto e não passageiro, mais ainda, a sensação de ser o Exupéry e não um piloto da ponte-aérea é incomparável. Douglas Coupland, em seu excelente livro Microservos fala sobre esse sentimento. Ele chama de “sensação de ser 1.0” o que em tempos de Web 2.0 parece estranho, mas a graça É ser 1.0, ser inovador. Ser original.
Empreendedorismo pra mim é isso. O resto é Copy/Paste.
Via Techcrunch
Nota: Antes que o CCC – Comando de Caça ao Cardoso erice as penas, aviso que há um erro no título do post acima. O Techcrunch colocou $50, sendo que o documento original fala $500. Erro do Techcrunch. Sorry, periferia, eu não dou moles tão fáceis assim.