Meu último texto gerou vários desentendimentos, embora eu tenha dito com todas as letras que ele foi escrito por minha contraparte (mais) maligna do Universo Paralelo, embora eu tenha falado dos “otários bonzinhos” que divulgam a natureza publicitária de seus posts apontando para meu próprio blog, o MeioBit e o Slonik, muita gente incapaz de entender o conceito de ironia, muito menos captá-lo em um texto ficou “pegada”.
O que devo fazer? Baixar a bola, diminuir o uso de recursos sofisticados de linguagem? E o que fazer com quem neste momento está balançando a cabeça pensando “desde quando ironia é um recurso sofisticado de linguagem”?
Olhando minha visitação o carloscardoso.com tem muito mais visitantes que o contraditorium.com, mas este último é o mais bem-posicionado em todos os rankings, o mais citado e referenciado com links e trackbacks. É o mais lido pelos formadores de opinião. Em termos de assinaturas no feed, tenho mil assinantes a mais no Contraditorium, o que indica um público qualificado, longe dos paraquedistas de plantão.
A realidade é cruel. Não é preciso ser parte da Blogosfera Intelectual para ser mal-compreendido. Vejam a principal razão do sucesso do Kibe: Piadas do Cocadaboa, adaptadas para pouco ou nenhum texto, humor gráfico, sem nenhuma sutileza e que não exige esforço nenhum de seu leitor.
Eu falei no passado do anúncio fúnebre com três linhas de texto, onde a parte “engraçada” estava realçada, para que o leitor achasse onde rir. É assumir que o leitor é idiota, e infelizmente para a maioria dos casos isso é verdade.
Todo mundo já viu a foto da agência do INSS com o sujeito jogado paciência. Marcado no Paint temos setas apontando para a tela do micro, o texto “para melhor servir” (ou algo assim) e o “posto de atendimento – Previdência Social”, junto com uma legenda “jogando paciência no posto da previdência”.
Porra, deixa alguma coisa pro leitor, vai. Por favor. Ao menos finja que ele não é uma salsinha.
Ah, mas vão dizer que não dá para fazer humor sofisticado no Brasil, que você tem que ser rasteiro.
Só que eu não concordo com isso. Quem quiser fazer, faça, mas eu não vou kibificar meus sites, não vou ficar colocando subtítulos explicando a intenção de um texto.
Se eu fizer isso terei que dar razão à Regina Duarte, que diz que a culpa da não-compreensão da mensagem é só do emissor. Desculpe, Regina, mas no momento em que meu público entende a mensagem, não vai ser uma maioria –de fora desse público- que me fará baixar o nível até sua capacidade de entendimento.
Portanto, fiel leitor que chegou até aqui: Não se preocupe. Não vou abrir mão do meu estilo para tornar meus blogs veículos de massa. No máximo me emputeço e crio um blog popularesco para brigar de frente com os kibes da vida. Mas esse, sinceramente eu não farei questão nenhuma que você visite. Vai pegar mal pra mim ;)