Nesta matéria aqui o autor simplesmente clama pelo fim da cobertura de gadgets e tecnologia pela mídia impressa. Diz que essa área é ágil demais, e as revistas principalmente não conseguem acompanhar. É verdade, mas será mesmo preciso essa atitude radical? Será que a mídia impressa como um todo está obsoleta?
O caso apresentado é bem convincente. A Entrepreneur Magazine de Outubro traz uma matéria elogiosa do novo lançamento da Palm, o Foleo. O problema é que um mês antes a própria Palm cancelou o Fooleo, ou Palm Fooleiro, como prefiro chamar, pois o Mercado em peso riu da proposta de um teclado com monitor que funcionaria como extensão dos Treos (e somente eles), não teria capacidade nem de rodar vídeos do YouTube, e ainda por cima custaria US$600,00 – preço de um notebook básico, nos EUA.
Motivo suficiente para que a cobertura desse tipo de lançamento, pelas revistas, seja repensado. MAS… é só isso que as revistas fazem?
Blogueiros costumam ver o mundo como se o blog fosse a medida de todas as coisas. Não é. Também não existe uma vala comum para jornalistas (talvez na Birmânia). O modelo dos blogs compete com uma pequena faixa do jornalismo. Na verdade competimos muito com os colunistas, que curiosamente são quem menos se importa conosco.
Uma revista de tecnologia que cubra lançamentos realmente está em uma posição de inferioridade?
Depende do público. A INFO é uma revista que lista lançamentos com meses de atraso, mas o público não reclama. Sabem o motivo? Sentem-se, blogueiros, pode ser chocante mas… Quem lê a INFO nem sabe que nós existimos.
Doeu? Então de novo: NÃO EXISTIMOS PARA UMA ENORME PARCELA DO PÚBLICO.
O leitor da INFO não se sente desatualizado pois nem sabe que a matéria está desatualizada. Ele prefere ler com calma a revista de papel, ao invés de fuçar blogs.
E não é só em questão de forma que perdemos. Conteúdo também.
Em outras áreas, não podemos nem sonhar em competir. Lendo uma Veja sobre a Crise Aérea, notei um detalhe: No rodapé das páginas, frases de personalidades sobre o assunto. Alguém teve o trabalho de corno de ligar para pelo menos 43 pessoas (assumindo que 100% dos entrevistados rendeu algo aproveitável) para pinçar uma frase. Para o rodapé, nem era a matéria principal.
Qual foi a última vez que você falou com DUAS pessoas antes de escrever um post? OK, UMA? E passar um MSN pro Inagaki não conta.
Não temos equipe para isso. Mesmo os ProBloggers não têm tempo hábil para fazer algo assim.
Blogs também raramente fazem jornalismo investigativo, policial nem pensar. Blogueiro só sobe favela para buscar inspiração. (vou receber taaaaaanto hate mail por causa dessa…)
Quantos posts “em andamento” você tem? Quantos levaram mais de uma sentada (no bom sentido, a não ser que você blogue sobre teatro infantil)?
Cada vez mais eu vejo uma guerra que não existe. Nossos pontos fortes são os pontos fracos da mídia impressa e vice-versa. Nós não temos como ganhar em termos de cobertura em profundidade, blogs são iniciativas quase sempre individuais. Se o sujeito levar uma semana para fazer um post, vai falir.
Estamos para a mídia impressa como a televisão está para… a mídia impressa.
É algo que surpreendentemente as TVs não perceberam ainda, que nós somos competição para o jornalismo televisivo, e competição séria. Unimos o melhor de dois mundos, o texto opinativo e a capacidade de prover imagem e vídeo.
Os jornais e revistas estão vindo para a Internet, tentando competir nos nossos termos. Sinceramente? Tiramos isso de letra, eles não são problema. Problema será quando a mídia falada e televisada (tm Odorico Paraguaçu) perceber que nós somos uma ameaça.
Aliás, problema mesmo será se eles perceberem isso antes de nós.