Uma das 100 pessoas mais influentes no mundo em 2007 é blogueira. Estranhamente não sou eu.

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Por isso não acredito ou respeito prêmios, exceto os que ganho…

OK, agora falando sério: A Time publicou uma lista com gente do nível do Dalai Lama e do Putin, e entre os seletos membros, temos, na posição 31, Yoani Sánchez, blogueira cubana.

Isso mesmo, periferia. A mulher bloga, de forma subversiva, postando de cybercafés e com a ajuda de amigos, já que agora ela está proibida de blogar pelo benévolo governo socialista revolucionário de Fidel Raul Castro. Ela escreve seus textos, amigos sobem para o blog, imprimem comentários, ela responde e passa adiante.

Com menos de 2% da população da Disneylândia do Socialismo tendo acesso à Internet, a maior parte dos leitores de Yoani vem de pendrives, os textos são copiados e repassados, em uma espécie de Samizdat da era digital.

Eu fui apresentado ao blog da Yoani se não me engano pelo Sérgio, gostei tanto, ainda mais pela coragem, que doei 10 Euros, o que em Cuba deve dar para comprar uma casa na praia. Melhor de tudo, irrita o Fidel.

Além de sair na lista da Time, no meu lugar (este ano eu perdôo) ela também ganhou um prêmio na Espanha, mas as autoridades cubanas não a autorizaram a sair do país para receber a honraria.

Pelo menos não farão o papelão que fizeram com Ferenc Rófusz, cineasta húngaro que ganhou o Oscar de curta de animação em 1980, mas como a Hungria vivia sob regime comunista, não foi permitido que ele viajasse para a cerimônia. O que não impediu a embaixada de mandar um sujeito para receber o prêmio, fingindo ser Ferenc Rófusz. Ouvindo pelo rádio a cerimônia, Ferenc diz ter sido um dos momentos mais tristes de sua vida, perceber que um impostor tomara seu lugar.

Para Yoani, todo o sucesso e sorte do mundo, continue com seu trabalho, o mundo precisa de blogueiros que façam diferença.

Ao pessoal da Umbigosfera, vamos levantar um pouquinho o focinho do cocho, que tal sairmos de nossa zona de conforto, de vez em quando? Tente imaginar como deve ser blogar de forma clandestina de um país onde o Paredão é institucionalizado. Vamos parar de perder tempo tentando converter salsinhas que pastam por livre vontade, e vamos dar força a quem tem realmente algo de importante a dizer. Ou vão tentar me convencer que a Yoani não vale muito mais do que os 10.000 membros da comunidade “eu como casca de ferida”? Onde estão as Yoanis brasileiras?

Fonte: NPR


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