Antes de mais nada, não foi a da foto, senão teria anunciado em outdoors, banners e campanhas virais da Espalhe. Segundo, não estou sendo canalha. Faz muito tempo e ela era a criatura mais antitecnológica que conheço. Nem celular tinha e odeia computadores, nunca lerá isto.
Este post não é para me gabar, nem discorrer sobre meu breve histórico (bem mais breve do que gostaria) de profissionais liberais, mas para tentar entender a que ponto o corporativismo politicamente correto chegou. Vejam esta nota que li no Filisteu:
Adriane Galisteu e o teatro Espaço dos Satyros Um estão sendo processados pelo Conselho Regional de Enfermagem do RJ. No ano passado, Galisteu interpretou por um dia uma mulher que usa fantasia erótica de enfermeira, no teatro da praça Roosevelt. O processo cita “incentivo ao fetichismo”
Como assim, Bial? "incentivo ao fetichismo"? É proibido querer transar com enfermeiras? É proibido fazer joguinhos e brincadeiras? Será que as enfermeiras que entraram com o processo poderão ser processadas pelo CRM, pois brincaram de médico quando crianças e isso é "exercício ilegal da profissão"?
Se for assim, as aeromoças – que agora se chamam comissárias, mas o salário é o mesmo- também exigirão o direito de ser ignoradas pelos homens, por Força da Lei? Breve teremos proibições para todas as áreas. Professorinhas? Nem pensar. Advogadas? Te levam pro pau. Médicas? O CRM te pega. Engenheiras? Nem tente. Dentistas? (ok, essas não. Só masoquistas fantasiam com dentistas)
Essa onda do politicamente correto chegou onde não deveria chegar, na nossa libido. Em defesa do corporativismo esses grupos nos tratam como crianças, e daquelas burrinhas que sentam no fundo da sala.
Entendam: Se a mulher for bonita, VAI mexer com os homens, ninguém precisa de "incentivo" de uma peça da Galisteu que ninguém viu para achar uma mulher bonita vestida de enfermeira… interessante. Isso não afeta a nossa visão das profissionais. Pessoas inteligentes sabem distinguir a fantasia da realidade.
Eu sei que os Juízes da vida real parecem muito mais com o Jorge do que com a Juíza Glória Weldon, de Boston Legal.
Será que ele deveria processar a atriz, as emissoras e os produtores, por não retratarem os juízes fielmente, e ainda usarem uma personagem que é sexualmente ativa, e comete deslizes como transar com um advogado em seu gabinete, durante um recesso?
Segundo as regras do Conselho Regional de Enfermagem, ele teria todo motivo para processar. Vejam um trecho deste artigo:
Personagens como a "enfermeira do funk" e a Alzira, da novela "Duas Caras", que fingia ser enfermeira para o marido quando, na verdade, saía para dançar pole dance, foram impedidas de continuar como enfermeiras na ficção.
Enfermeiras de mentirinha de ficção devem ter reputação ilibada?
OK, vamos nos ater às enfermeiras de verdade, como as descritas neste post também do Filisteu, onde dois erros idiotas custaram a vida de um parente dele, e quase mataram outro.
Ou então a enfermeira que anotou errado a cirurgia e removeram o útero da paciente, quando deveria ter sido feita uma cirurgia no ânus.
Um estudo determinou que enfermeiras estão envolvidas em 39% dos erros médicos, enquanto estes são responsáveis por 36%. Será hora dos médicos defenderem a classe e exigirem a mudança do termo para "erro de enfermeira"?
Enfermeiras de ficção não fazem isso. A Carol, de Plantão Médico é mais esperta que a maioria dos médicos, assim como a Carla, de Scrubs. Enfermeiras de fantasia também não. Terem tão pouco amor-próprio a ponto de se sentirem ameaças por uma interpretação da Adriane Galisteu demonstra que há algo muito, muito errado na psique dessas mulheres.
Ainda bem que os sintomas só surgiram agora, do contrário nunca teríamos podido assistir Animaniacs e soltar o bordão OLLLLÁ ENFERMEIRA!