Taí o Post, cadê meu Audi?

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Recebi um press release hoje da Audi. Infelizmente não era pedido de endereço para ganhar de brinde um R8, ou mesmo um A3, mas mesmo assim o material era interessante. A empresa está apresentando seu novo portal agregador de redes sociais.

A Audisfera é uma ferramenta que engloba Facebook, Twitter, blogs, Audi Magazine, YouTube, sites de notícias, etc, etc. O diferencial é que não confiam na seleção cega por palavras-chave, há um jornalista responsável pela escolha do material que vai ao ar.

A alocação de um profissional para cuidar do conteúdo é excelente, evita que muito lixo seja publicado, mas mesmo assim a idéia parece um tanto batida, e convenhamos, um agregador no site com informações dos produtos é meio marromeno, certo?

Certo, mas não nesse caso. No tempo em que era pobre o Morróida tinha um fórum, o Clube do Stilo. São 15.000 membros cadastrados, 314.000 posts e já tiveram picos de 4687 usuários simultâneos. Fazem encontros nacionais, no 1o encontro foram 65 carros. A visitação deles é maior que a do MeioBit. O PIB também.

Notem, não estamos falando de uma comunidade de motoboys no Orkut “meu sonhu eh um Estylo”, falamos de gente com carros de R$60/R$80 mil. Público Classe A (embora a rigor esse seja da Mercedes)

Gente que compra, cuida, gosta, todo ano ou quase troca de carro por outro do mesmo modelo e se congrega online com outros fãs da marca. É pregar aos convertidos, mas não no mau sentido.

Ao fazer um investimento como a Audisfera, a empresa está investindo em quem já possui o carro. Ninguém vai colocar um Audi em uma cesta de compras depois de ler dois posts de blog, embora um click em um banner do submarino de venda de um Audi fosse algo bem interessante.

O investimento vai além da própria fidelização. Esse consumidor já é fiel. Ao dar meios para que ele encontre informações e conheça outros, a empresa ganha uma força de divulgação muito maior que qualquer campanha tradicional, o boca-a-boca é reconhecidamente o fator mais influente na aquisição de um veículo.

A estratégia da Audi, entretanto, não é nem de longe “ousada”, ela não criou avatar no Second Life, não mandou brindes pra blogs (A3, estou aceitando, já disse) nem fez ações engraçadinhas de marketing de guerrilha. Mesmo assim é uma que aposto que funcionará a médio prazo, e permanentemente. Uma rede de comunicação em redes sociais como esse agregador potencializa a ligação entre as várias ilhas sociais, o entusiasta (acima de 150 salários-mínimos você não é mais fã) tem uma visão global, pode cuidar ele mesmo do seeding, da correção de notícias erradas ou mesmo (e principalmente) de apagar os incêndios.

Isso mesmo, nós gostamos de falar sobre as coisas que… gostamos.

Não estou dizendo de forma alguma que os Audis peguem fogo espontaneamente (embora um A3 me fizesse ter certeza ao negar a afirmação) mas se alguém soltar um boato assim, os membros das diversas redes sociais cairão como cães raivosos, desmentindo e esclarecendo a mídia sobre os boatos mentirosos (ou não, não tenho um A3 para comprovar).

Sua marca está protegida por gente que gosta mais dela do que a maioria dos seus funcionários (cruel, mas verdade). Responda bem a críticas, nos mesmos meios sociais, e seus escudos defletores serão tão eficientes que você poderá até errar de vez em quando, e contar com a compreensão dos consumidores.

Foi preciso um gênio de mídias sociais para isso? Não, basta bom-senso e se lembrar do Campo dos Sonhos: Se construir, eles virão. Assim como meu A3.


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