Hoje estávamos batendo papo no Twitter (você não acha que alguém trabalha por lá, né?) quando surgiu um comercial feito em computação gráfica, kibando uma série de filmes que a Sony fez para a linha Bravia, todos usando gente de verdade, tinta de verdade, explosões de verdade, emoção de verdade.
Não me entendam mal, eu sou ferrenho defensor da computação gráfica, ela nos leva a mundos inimagináveis, Senhor dos Anéis nunca seria feito tão grandioso sem computadores, Transformers seria um fime de brinquedos filmados, sem toneladas de CGI.
Só que somos preconceituosos, ainda preferimos o “real”. Em computador é fácil (mesmo não sendo). O Gustavo Fortes, da Espalhe resumiu bem:
CGI é commodity. Coragem e atitude é q são cada vez mais raros e valorizados
Isso é o que separa homens de meninos com brinquedos caros. As agências pequenas estão sobrevivendo por ações práticas de custo reduzido e resultados desproporcionais. Eu sempre bato na tecla: Quanto custa enfiar um iPhone em um liquidificador? Garanto que é uma fração ínfima do que ganha o Justin Long pra fazer cara de idiota nos comerciais da Apple.
A computação gráfica, como tudo tem um lado ruim, e nem falo dos logotipos giratórios dos anos 80. Sério, a Praga Hans Donner transformou TUDO em coisas prateadas giratórias. Levou anos até fugirem dessa estética. E logo ELE, que havia cria-digo, assinado aberturas com efeitos práticos sensacionais, como a de Champanhe, ou O Dono do Mundo.
Não é preciso mais ter coragem, basta ter um computador. Ousadia? Besteira.
Por isso mesmo em tempos de Tropa de Elite a sequência de ação mais impressionante fodástica e acachapante da história do cinema brasileiro é de 1971. Roberto Carlos a 300Km/h – Não há Luke Skywalker, Stringfellow Hawke, Niobe, Barão Vermelho. Não há NINGUÉM que supere o Comandante Malaguti, em termos de pilotagem.
Notem, isso não é Missão Impossível, em 1996 Tom Cruise usou efeitos especiais, em 71 usaram um helicóptero de verdade e um túnel de verdade.
Depois a sequência continua com um rasante assustador pelo Centro do Rio de Janeiro. Hoje em dia a cena jamais seria feita. Primeiro, ninguém daria permissão. Segundo, ninguém teria COJONES de sequer propor algo assim. Terceiro, ninguém teria os mega-cojones para TOPAR uma idéia dessas.
Claro, você sempre pode tentar. O máximo que pode acontecer é o cliente topar e você ainda ser lembrado 38 anos depois. Mas tudo bem, também dá pra ser feliz criando banner e viralzinho…