Egocentrismo sim, egoísmo não!

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Algum tempo atrás afirmei que o Rádio estava morto. Fui prontamente bombardeado no Twitter, a ponto de fazer o impensável: Mudar de idéia. Mas melhor que isso, mudei o meu entendimento da frase.

O Rádio como veículo top, como Grande Formador de Tendências está morto. Não mais Rádio Nacional, Roquete Pinto, radionovelas com capítulos finais encenados ao vivo do Maracanãzinho. A televisão ocupou esse glamour.

Só que não está morto como meio de comunicação de massa. Em tempos de HDTV e TV Digital o Pânico da Jovem Pan atinge 17 milhões de ouvintes em 749 municípios. Seu blog dá isso?

Ontem durante o Apagão eu estava no bar, acessando web via WIFI, com o Nokia N97. Quando a luz piscou, cambaleou e morreu, mudei para 3G. O Twitter pululava de informações, comecei a repassar o que estava acontecendo. Logo as pessoas mandavam mais informações, inclusive com fontes.

Tive a idéia de usar o rádio do celular. Sintonizado na CBN, repassava o que ouvia. O mais curioso era que aos poucos a informação da rádio foi ficando defasada. O Twitter montou um mapa muito mais dinâmico e atualizado. Televisão então, piada. Em algumas praças o Jornal da Globo passava com a tarja “GRAVADO”. 

Mesmo assim a combinação Twitter/Rádio foi imbatível. O Twitter era ótimo disseminando as informações e o Rádio excelente coletando dados específicos, entrevistando autoridades.

Mas Cardoso, se o Twitter tem tanto alcance, e há Internet, porque você não acessou o site da rádio?

Chama-se Lei da Descomplicação Universal. Acessar a rádio pelo celular (e mais tarde por meu fiel radinho de pilha) é simples. Não envolve digitar endereços, não envolve TCP/IP, não tem delay, congestionamento de banda, pacotes perdidos. Custa R$5,00 no camelô e as pilhas duram uma eternidade. No DealExtreme há até modelos a manivela.

O Rádio é uma tecnologia de mais de cem anos, pode ser condensado em um único e minúsculo chip, menor que o do Pedro. Sua INTERFACE é simples e eficiente.

O Twitter embora tenha um setup complexo (exige um computador, link Internet, etc) pode ser usado da mesma forma que o Rádio, depois de tudo pronto. Não é preciso sequer interagir. Quem estava apenas interessado em coletar informação seguia as tags #apagao ou #itaipu. Quem era mais esperto seguia a mim, interagia e ajudava a montar um quadro global da situação.

Com isso conseguimos até descartar as duas hipóteses mais prováveis, Apocalipse Zumbi e Skynet.

Houve gente se espantando, dizendo que eu estava sendo solidário. HELLO, ninguém pensa no óbvio? É DIVERTIDO brincar de Central de Crise, pô. A vida inteira vendo filmes, qualquer bom geek sempre quis uma posição assim.

A nota triste, fora a perda de minha colheita no Farmville foi ver o quanto há gente imbecil e egoísta na Internet.

Alguns idiotas reclamavam que o assunto “estava cansando”, outros mandavam eu calar a boca, “quem quer informação vai no G1”. Não precisa dizer que uma hora os portais de notícias caíram, por falta de energia, e o Twitter ficou no ar.

A postura desses idiotas me dá nojo. Entendam, como bom ególatra em SOU o centro do Sistema Solar, mas como boa estrela eu sei que meus planetas têm vida própria. Não balizo suas vidas de acordo com a minha.

Ao dizer que qualquer um poderia acessar o G1, o idiota esquece que nem todo mundo tem… luz em casa. Nem notebook com modem 3G. O filho da puta está no conforto de seu apartamento, FORA da zona de apagão, vendo milhares de pessoas ilhadas nas trevas trocando informações, e não consegue ENTENDER que em algum lugar, alguém, de alguma forma, não possa ir para casa, ligar o ar-condicionado, abrir uma página num link GVT de 100MBits e reclamar do Twitter.

Por isso defendo ardentemente a diferenciação: Egocêntrico é o sujeito que acha que o mundo gira em torno dele. Idiota é o sujeito que acha que o mundo pensa da mesma forma.



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