Instagram, slut shaming, protestos e suequinhas

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ebbahoje-tem_thumb Instagram, slut shaming, protestos e suequinhasSlut Shaming é uma postura esquisita onde o sujeito defende que mulher só pode existir na cozinha ou no quarto, mas só pode admitir que gosta da cozinha. Além de geograficamente limitante e hipócrita, essa postura demonstra o desconforto desses homens com mulheres feitas com materiais que não sejam PVC.

A prática é tão difundida socialmente que mesmo mulheres praticam o slut shaming,e isso vem de berço. OK, berço não, mas de escola. Todo colégio se resume a um bando de meninos reclamando que as meninas não dão mole nem fazem nada, mas chamando de galinha as que ousam fazer ou dar mole. Confuso pra elas, não?

Nota: Curiosamente a mais vadia da escola é sempre aquela que ninguém nunca pegou. Vá entender. Vingancinha?

Agora em Gotemburgo, Suécia, surgiu uma conta de Instagram com o propósito de expor “vadias” (e vadios, afinal é um país com igualdade de gêneros). Recebendo dicas anônimas, a tal conta publicava fotos de jovens de 13 a 16 anos, inclusive Ebba Thilly, a bela vesguinha de 16 anos da foto.

 

Ela foi instagramada, com direito a ser chamada de puta e vaca, mas só soube por amigos. O dono da conta planejou direito: Bloqueava todo mundo que era contemplado. O perfil acabou apagado, mas voltou repetidas vezes no Facebook.

Centenas de jovens foram expostos, com direito a xingamentos de ordem sexual e racista. Isso gerou revolta, e como aprendemos em Heartbreak Ridge, Suécia é coisa séria. Os estudantes montaram uma página de protesto mas não ficaram no sofativismo. Depois de mais de 6000 inscritos, começaram a investigar e identificaram a autora do perfil como uma aluna de 17 anos da escola Plusgymnasiets em Gotemburgo.

O resultado foi uma multidão de mais de 150 alunos em modo-revolt cercando a escola:

Deu polícia, 27 foram presos, carros pisoteados, pedras atiradas, basicamente o pau comeu. A molecada queria tirar o couro da fofoqueira.

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A suposta (não gosto muito dessa construção mas no caso não há provas mesmo) autora do perfil denunciador da diversão alheia jura inocência. Ela já foi entrevistada pela polícia, está sendo investigada e foi recolhida com a família para uma localização secreta, sob proteção.

Os protestos já estão no segundo dia, e agora surgiu um novo ângulo, graças a essa loirinha linda da Foto, que só tem 16 anos, mas pode olhar, a idade de consentimento lá é 15.

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Irma, que também foi alvo de ofensas do tal perfil, declarou que a sacanagem era normal, ela mesma vivia implicando com as amigas, e sendo “xingada” por elas. O que gerou a revolta no caso foi que depois de receber garantias de anonimato, os desocupados que mandavam fotos com nomes e descrições das atividades moralmente questionáveis das amigas que não praticavam essas atividades com eles tinham seus perfis divulgados.

Isso mesmo: A tal conta era uma armadilha. Você xingava, com recalque em 9000 a chata que não te dava mole, ia dormir achando “coloquei a vaca em seu lugar” e acordava descobrindo que sua atitude covarde babaca e infantil agora era pública, com nomes dados aos bois, seu corno.

Sofia Mirjamsdotter, jornalista feminista sueca acha que o caso foi positivo. Ela lembra que esse tipo de coisa sempre existiu nas escolas, que ninguém nunca fez nada e –acrescento eu- ninguém nunca morreu por causa disso, exceto em casos patológicos, mas aí o stalker deveria ser internado.

A diferença é que a perseguição pública dentro da escola tem limites. Na Internet, onde o cerumano expõe o pior de si mesmo, vale tudo, e é preocupante ver que jovens conseguem lidar com o bullying presencial mas sucumbem ao online. Quase todo caso de suicídio de estudante hoje tem um componente de Internet forte.

É um lembrete de que a tecnologia evolui mas socialmente ainda somos macacos pelados, e nada nos últimos 4 bilhões de anos nos preparou para lidar com o mundo moderno, nossas máquinas amplificam nossa voz, e não ligamos para as consequências, não entendemos o efeito multiplicador.

Se eu por despeito escrever “Fabiane é safadinha” na parede do banheiro do MeioBit OU postar no Facebook para 150 mil pessoas, para mim dá no mesmo, é o mesmo ato. Mas quando a informação repercutir, se multiplicar e voltar até a supracitada safadinha, ela receberá respostas de um monte de gente que não conhece, julgando-a e a ofendendo apenas para se sentirem parte de um grupo, haters da Fabiane. Que, aliás, nem sabiam que existia até acharem a página ofensiva.

Qual a solução? NINGUÉM SABE. Nunca o mundo mudou tão rápido, e pela primeira vez a forma com que indivíduos se comunicam com o mundo foi completamente alterada. Não fomos programados para lidar com isso. Aprenderemos na porrada, mas aprenderemos. Uma pena que tantas suequinhas lindas sejam magoadas no processo.

Fonte: The Local

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