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Uma das coisas que a gente aprende quando trabalha com propaganda é que há duas formas de vender: Uma é ter conteúdo. O Pinguim do Ponto Frio por exemplo é um exemplo brilhante de como conteúdo pertinente, excelente timing e senso de humor conseguem retwits espontâneos e gente que só dá bom dia pra mãe se ela pagar, elogiando publicamente o perfil.

Até hoje lembramos e repetimos os comerciais criativos dos anos 80, antes dos marketeiros e suas planilhas e mapas de segmentação e ROIs e grupos de foco tirarem a graça da propaganda. 30 anos e o 1o Sutiã e o Garoto BomBril estão por aí.

A outra forma de vender é..

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sexo.

Não é de hoje, mulher bonita sempre foi usada como artifício de propaganda. A grande conquista da revolução sexual não foi o fim da exploração da imagem da mulher na publicidade, que graças ao Doce Lorde Satã não aconteceu, mas a percepção de que mulheres também são um segmento importante, e com isso passaram a explorar a imagem do homem também. Yay igualdade!

Na Internet isso não é diferente. Todo o discurso de igualdade cai por terra quando os Nerds Esclarecidos começam a babar pela Olivia Wilde, Jennifer Lawrence ou Emma Watson. Curiosamente não babam tanto em cima da Sara Jean Underwood e da Olivia Munn, pois elas cometem o terrível pecado de gostarem de “coisas nerds”, e como todo bom grupo excluído nerds não aceitam gente que compartilhe de seus interesses mas não preencha seus ideais estereotipados de aparência.

Com a popularização das Interwebs e o Ocaso dos Nerds pessoas comuns se tornaram maioria, trazendo com elas seu comportamento tradicional. Essa foi a oportunidade de um monte de gente para “brilhar”.

O YouTube tenta (não consegue, mas tenta) manter o ambiente “familiar”, e embora haja muita safardanagem debaixo dos panos, quando um filme que viole as regras começa a ganhar popularidade, é removido. Só que isso não impediu o surgimento de…

 

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Reply Girls.

O fenômeno, que se tornou uma praga em 2011/2012, chegou a um ponto em que um monte de jovens heterossexuais saudáveis se percebeu irritado e reclamando diante da visão de… peitos.

As Reply Girls eram vloggers que normalmente ficariam no fundo da cadeia alimentar, seriam pouco mais que plâncton, o que combina com seus QIs. Só que elas dispunham de uma arma que o Felipe Neto nunca terá, ao menos por enquanto, pois a Lei exige acompanhamento psicológico de pelo menos 1 ano antes da Operação:

Peitos.

Note, elas não são as tradicionais attention whores, não falam sacanagem, não sexualizam o vlog. Não que haja nada de errado nisso. O truque é que sempre escolhem figurinos que realçam seus atributos naturais, colocam Wonderbras e outros truques, capricham no decote e usam o frame mais lascivo como thumbnail. Aí vão em um vídeo popular, selecionam a opção de “Responder com vídeo” e linkam suas obras-primas.

O Reply não tem nada a ver com o vídeo original, mas aparece listado, assim:

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Era comum as Reply Girls ganharem mais de 500 mil visualizações, faturavam horrores em AdSense, e não entregavam conteúdo NENHUM. Os vlogs eram um lixo e os peitos em questão não passavam de acessórios.

A coisa ficou séria quando provavelmente anunciantes (o único grupo que tem acesso aos ouvidos do Google) começaram a reclamar, e o YouTube soltou uma versão nova de seu algoritmo de recomendação, diminuindo a importância dos tais vídeos das Reply Girls.

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Não entenda errado. Adoramos peitos, ainda mais quando estão associados a moças mulheres do sexo feminino, e em pares (os peitos, mas as moças também, se for possível).

Um dos programas mais legais do YouTube era o 2 Hot Girls In the Shower:

Ele fazia basicamente o mesmo que as Reply Girls, usava um apelo sexual pra lá de apelativo, para atrair o espectador, mas não só entregava o que prometia, como ia além da sacanagem, havia conteúdo real, um belo bônus.

Já as Reply Girls, que em alguns casos postavam de 15 a 20 vídeos por dia, muitas vezes sem sequer assistir o vídeo ao qual estavam em teoria respondendo, eram apenas uma forma de ganhar cliques e macetear o sistema de publicidade do YouTube.

<PASSAGEM DE TEMPO>

Agora está surgindo uma outra praga; gente que coloca frames únicos nos vídeos com cenas de sacanagem (é o que vende, afinal) mas o conteúdo não tem nada de pornográfico. Com isso os algoritmos do Google não detectam a anormalidade, e depois que o sujeito clicou, computou e clique e validou a exibição do anúncio, CA-SHING, dinheiro em caixa. Easy Money, como diria John Connor.

Hoje, a coisa virou bagunça DE VEZ. Vejam o que apareceu na home do YouTube Brasil. Sim, na home:

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Uma cena, claramente de um filme pornô, com direito a chamada implicando a tal Anita, a funkeira que caiu na graça da classe média interneteira. O Google, que suspendeu o Knutz, do UEBA por escrever “XXXXXXXXXX”, e considerar como ‘nudez estrategicamente disfarçada’, deixa uma enrabada explícita em sua home.

O vídeo, claro, não tem nada a ver com a imagem, é uma cena de Chaves, mas já faturou 860 mil visualizações, fazendo disparar as exibições de anúncios E assinaturas do canal.

E por falar no canal, claro que o conteúdo original deles é zero. Se resumem a republicar vídeo de outros canais, matérias do CQC e similares. Mesmo assim tem gente defendendo a estratégia, em uma espécie de Maquiavelismo de Merda misturado com a Lei de Gerson, o fato de terem conseguido 860 mil visualizações com (por enquanto) 880 assinantes, justifica tudo.

A home do YouTube deveria ser uma vitrine para o que há de melhor no site, não uma forma de recompensar esperteza e trapaça. Muito menos exibir putaria.

Estamos em uma época onde a mídia online está se firmando como competidora´dos formatos tradicionais. O fato da Netflix ter escolhido A Toca, da Parafernalha como primeira produção do site fora dos EUA mostra uma confiança não só no público, mas nos criadores nacionais. É triste ver que ao mesmo tempo o Google não se preocupa em levar a sério o próprio serviço.

Claro, o mais fácil é que desconsiderem tudo e me acusem de inveja, mas assim é a Internet.


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