Vince Speranza percorria as estradas de Bastogne, Bélgica, sob uma avalanche de memórias de guerra. 65 anos antes ele havia combatido as tropas nazistas naquele mesmo lugar.
Reconhecendo as colinas e árvores, ele achou o ponto exato onde viu combate pela primeira vez, um jovem soldado de 19 anos participando da libertação da Europa, embora tecnicamente eles estivessem cercados, mas paraquedistas são treinados para isso.
Ele contou a seus anfitriões como naquele ponto preparou sua metralhadora, aguardando a ordem de seu tenente. Os alemães desceram o morro mas foram surpreendidos por cercas de arame farpado escondidas sob a neve. Vince esperou a primeira onda de alemães, a segunda que veio para tentar soltar a primeira, e só quando a terceira onda de infantaria se embolou no arame o tenente deu a ordem.
Foi um massacre, a neve ficou vermelha enquanto jovens iguais a Vince eram dizimados por fogo pesado. Nesse momento ele tenta mudar de assunto, e vão almoçar na cidade. Vince pediu três garrafas de vinho para alegrar a mesa, e começou a contar histórias.
Ele lembrou de um dia em que estava a uns 6Km de Bastogne, recebeu ordens para ir na cidade buscar baterias para os rádios, e aproveitou para ir visitar um amigo ferido. Os alemães haviam tomado o hospital de campo, então os feridos americanos eram tratados na igreja local, quase sem suprimentos médicos. Os outros soldados doavam o que tinham, cobertores, bandagens, até água.
Achando seu amigo, ferido nas duas pernas, Vince ficou feliz em ver que ele sairia dali em alguns dias, mas o amigo fez um pedido especial: Queria algo para beber.
“Onde diabos eu vou achar algo para beber? Estamos cercados pelos alemães, não temos suprimentos”
“Deve ter alguma taverna na cidade…”
Vince saiu pelas ruas de Bastogne. Achou um bar, todo destruído. Andou mais um pouco, achou outro também abandonado, mas não custava tentar. Puxou a alavanca da chopeira e o precioso líquido dourado vazou da torneira. YEAH!
Ele só tinha o capacete, então o encheu de cerveja, voltou até o hospital. O amigo adorou e logo outros soldados feridos estavam saboreando uma deliciosa e gelada cervejinha belga.
Vince fez mais algumas corridas até o bar, mas na última quando chegou na igreja o médico-chefe, um Major o esperava na porta.
“Que diabos você pensa que está fazendo?”
“Err.. estou levando ajuda e apoio a meus companheiros feridos?”
“Seu filho da puta eu tenho casos de pneumotórax, gente ferida no estômago, você quer matar alguém? Saia daqui ou eu mando te fuzilar!”
Vince deixou de ser um soldado já veterano e voltou a ser um moleque de 19 anos. Ganiu um pedido de desculpas, jogou a cerveja fora, botou o capacete molhado e saiu correndo.
Todos riram da história, menos o pessoal de Bastogne.
“Calma, então o senhor usou seu capacete para levar cerveja para os feridos?”
“Sim”
“E o senhor era da 101a Aerotransportada, Companha H?”
“Isso mesmo”
“O senhor é famoso na Europa!”
Ele não entendeu o que o belga estava falando, até que o anfitrião pediu para o garçom trazer quatro cervejas Airborne.
Alguns moradores haviam testemunhado as corridas de Vince atrás de cerveja, a história foi passando de boca em boca até chegar a uma cervejaria local, que desde então produz uma edição especial em homenagem ao ato de Vince, com direito a copos especiais em formato de capacete.
Na mais aleatória das circunstâncias Vince Speranza descobriu que era uma lenda local, e agora ela estava confirmada como verdadeira!
E como bônus, Vince Speranza em 2016 com outros veteranos e uma musiquinha conhecida de quem viu Band of Brothers: