A Ilha Flutuante que os Estados Unidos da Bélgica usaram pra enganar os japas

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Sim, já existiu um país chamado Estados Unidos da Bélgica, na verdade tecnicamente ainda existe, é o que nós chamamos erroneamente de Holanda, algo que não existe, são só duas províncias, Holanda do Norte e Holanda do Sul, o país se chama Países Baixos, mas é parte de um pequeno império e -ah, assista este ótimo vídeo pra entender esse rebuceteio.

O que a Holanda (vou chamar de Holanda por preguiça, me processe) tinha de confusão geográfica não foi suficiente para deter a Wermarcht, que considerava o país apenas um corredor de passagem. Invadida em 10 de Maio de 1940, a Holanda se rendeu 4 dias depois, enchendo a França de inveja pela agilidade.

Só que se a velocidade de rendição era digna do pessoal das baguetes, a Holanda não era muito adepta do colaboracionismo, e as forças armadas no exterior continuaram combatendo, enquanto a Rainha Guilhermina e o resto do governo fugiam para Londres.

A Rainha se dirige ao povo holandês, da segurança de Londres. É bom ser Rei.

Uma das estratégias foi enviar os navios holandeses para longe, bem longe. O lugar mais seguro que podiam pensar, as Índias Holandesas, lá no encontro do Oceano Índico com o Oceano Pacífico, mais tarde batizadas de Indonésia. Afinal, que lugar mais seguro e longe da Segunda Guerra Mundial poderia existir?

Claro que esqueceram de avisar aos japoneses, que em 7 de Dezembro de 1941 lançaram um ataque contra Pearl Harbour no Hawaii e mais um monte de outros alvos, geralmente esquecidos por serem considerados de menor importância para Hollywood.

Apesar do ataque a Pearl Harbour ter sido um fracasso estratégico, os Estados Unidos estavam comicamente despreparados para uma guerra, e os japoneses tinham carta-branca pra barbarizar a região, em 1942 eles já tinham invadido China, Vietnã, Coréias, Filipinas..

Eles só não invadiram a Austrália, por algum motivo misterioso…

Será?

O que sobrou da Marinha Real Holandesa estava em Surabaya, na atual Indonésia, que deixou de ser um lugar seguro depois que os aliados tomaram surra atrás de surra nas batalhas do Mar de Java e do Estreito de Sunda (você conhece, não?). Quando os bombardeiros começaram a ficar próximos demais, foi dada ordem de evacuar.

A operação foi realizada com calma, ordem planejamento e precisão militar exemplares. Aqui uma dramática reconstituição de como foi a evacuação das forças aliadas de Surabaya:

Nesse imenso rebuceteio os planos foram por água abaixo, incluindo a estratégia de fuga do HNLMS Abraham Crijnssen. Ele era um pequeno caça-minas de 525 toneladas, um navio ótimo pra pegar mulher em São Paulo mas comicamente inadequado para lidar com ataques japoneses mais poderosos do que um Otaku em um fusca da Kello Kitty.

O Abraham Crijnssen deveria zarpar com três navios de escolta, que o protegeriam de ataques aéreos mas na confusão todo mundo foi embora e o pobre coitado se viu sozinho, armado com algumas cargas de profundidade, um canhão duplo de 20mm e um canhão de 3 polegadas.

Os japoneses tinham uns 2 milhões de submarinos, 400 bilhões de aviões e, bem esta era a frota japonesa no começo de 1942:

Chegar na Austrália seria impossível por meios normais, mas felizmente o Capitão do Abraham Crijnssen era um mestre na estratégia (do grego strategos, em inglês, strategy…). Ele ordenou que seus marinheiros pegassem botes e fossem para terra recolher galhos e troncos, toneladas de galhos e troncos.

A melhor forma de evitar um ataque inimigo, é não ser visto, então iriam camuflar o navio para que ele se tornasse virtualmente invisível a qualquer avião ou barco inimigo nas proximidades.

Não foi nada fácil, mas pegando emprestados os machados de incêndio, e com o excelente incentivo da alternativa ser morrer horrivelmente ali ou num campo de prisioneiros, em tempo recorde o navio estava irreconhecível, com áreas que não podiam ser camufladas com galhos cobertas por panos e/ou pintadas para parecer pedras ou areia.

O Capitão traçou uma rota pulando de ilha em ilha. Durante o dia eles permaneciam imóveis, perigosamente próximos à costa, totalmente mesclados ao meio-ambiente. Durante a noite, se moviam para o próximo ponto, em total silêncio de rádio, sem nenhuma luz de navegação e bem abaixo dos 15 nós de velocidade máxima, que em caso de emergência quase conseguiriam fazer o Abraham Crijnssen escapar de uma tartaruga marinha aleijada nadando na direção oposta.

Foram mais de 3000Km até Freemantale, mas com 18 mil ilhas pra se esconder, o Abraham Crijnssen conseguiu chegar, intacto. Foi o último navio da Marinha Real Holandesa a chegar a um porto amigo.

Dali em diante ele foi transferido pra Marinha Real Britânica, depois foi operado em conjunto, devolvido à Holanda e continuou servindo na região até depois do final da guerra, sem nunca ser alvejado pelo inimigo.

Hoje o HNLMS Abraham Crijnssen curte sua aposentadoria no Museu Naval em Den Helder.



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