Moana 2: Será que terá a vagina dentada?

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Não é de hoje que contos de fadas são amenizados, as versões variando de acordo com a cultura e a moralidade reinante. Em alguns casos, como nas versões modernas adulteradas por pedagogas e militantes, tiram toda a lição de moral das histórias, para não traumatizar as criancinhas. Outras vezes alteram por achar o original pesado demais.

Bolas, elas deveriam ser pesadas, essas histórias originalmente existiam como lições de cautela, ensinando as crianças como permanecer seguras em um tempo em que uma criança que se aventurasse muito longe de casa corria sério risco de ser comida, vendida como escrava, ou comida.

E pesadas essas histórias eram. Em uma das versões mais antigas da Chapeuzinho Vermelho, o lobo mata a avó, corta a carne dela, engarrafa o sangue e quando a Chapeuzinho aparece o lobo disfarçado oferece a carne e o sangue para a menina, que come a avó sem perceber.

As versões que chegam até a Disney em geral já são amenizadas, como A Pequena Sereia. No original de Hans Christian Andersen a saga da Ariel (no conto ela não tem nome) é beeem mais sinistra.

Primeiro, ela depois que salva o príncipe descobre que humanos têm vida curta, mas em compensação têm uma alma e quando morrem vão pro céu como o Manuel, já sereias apenas se dissolvem na espuma do mar. Ariel faz um pacto com a Bruxa do Mar para ganhar pernas, e poder fazer o príncipe se apaixonar por ela. Assim parte da alma dele passaria para ela, e ela iria pro céu.

algum comentário besta sobre o rabo

A pegadinha: A poção seria extremamente dolorosa, e quando Arial acordasse com pernas, cada passo seria como andar sobre facas afiadas.

Ah sim, o príncipe fica amigo da Ariel, eles passam por aventuras juntas mas tem uma outra princesa na jogada, ele se apaixona por ela e marcam casamento. Se o príncipe se casar com outra na manhã seguinte Ariel morre.

As irmãs trocam seus cabelos com a Bruxa, ganham uma adaga mágica e dão para Ariel; se ela matar o príncipe ganhará uma alma e voltará a ser sereia. Ela tenta mas não consegue, se joga no mar com a adaga, morre e vira uma ninfa do ar. Seu desejo genuíno de ter uma alma a salvou, agora ela precisa praticar boas ações por 300 anos e irá pro céu.

As histórias que são baseadas em mitologia costumam ser bem mais alteradas e amenizadas, Hércules está longe de ser aquele cara gente-boa meio marrento do desenho, e temos ainda o nosso convidado especial: Māui.

A caracterização da Disney está muito próxima da personalidade do Māui “real”, ele era um brincalhão trapaceiro malandro, quase um Loki do Bem, mas sua história foi bem amenizada.

Pra começar, Māui não foi “abandonado” pelos pais. Assim que ele nasceu, a mãe, que já tinha cinco filhos para criar, o jogou no oceano. Yay infanticídio! O Mar, com pena, não deixou o bebê se afogar, os deuses do ar o levaram para a terra. Ele estava prestes a ser devorado por aves de rapina, quando Rangi, um dos deuses criadores do mundo o viu e o levou para a morada dos deuses.

Criado pelos deuses, Māui aprendeu coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar, inclusive como se transformar em vários animais. Com o tempo ele ficou curioso sobre sua família na Terra. Com a bênção dos deuses ele voltou para o mundo, reencontrou a mãe e ela o acolheu.

O anzol de Māui segundo o filme foi um presente dos deuses, mas nas lendas originais ele começou com um osso de mandíbula que pertencia à avó dele. Māui decidiu que queria o objeto e simplesmente intimidou a velhinha, mas não fique com pena. Ela era péssima pessoa, ninguém gostava dela, talvez por ser canibal e comer quem chegasse muito perto de sua casa. E você falando mal da avó do Tamatoa.

O destino de Māui foi selado quando ele descobriu que a mãe ia todo dia visitar o pai no mundo dos mortos. Ela diz para Māui que ele deve destruir Hine-nui-te-pō, a Deusa da Morte, livrar a humanidade de seus poderes.

O pai de Māui diz que Hine é muito poderosa, mas Māui insiste, e o pai passa a concordar com o plano. Māui então reúne os irmãos, os ensina a se transformar em pássaros e vão para o Reino dos Mortos.

Detalhe: Isso tudo foi muito no início do mundo, e embora Hine-nui-te-pō fosse a deusa dos mortos, ninguém ainda havia morrido. Assim como os elfos do Tolkien os humanos eram imortais se ninguém matasse eles. O que Māui queria era a verdadeira imortalidade.

Chegando, eles encontraram Hine dormindo, com as pernas abertas. Perfeito. Māui explicou seu plano: Como todos os humanos nascem de uma vagina, ele iria reverter o processo; entraria pela vagina de Hine-nui-te-pō e sairia pela boca. Não, Maui não entendia muito de anatomia feminina, mas de alguma forma o processo o tornaria imortal, e por extensão, todos os humanos.

Os irmãos acharam o plano terrivelmente engraçado, mais ainda quando, de acordo com algumas versões da lenda, ele se transformou em uma minhoca para invadir a perseguida divina. Em outras versões ele vai na cara e na coragem mesmo.

Māui estava pela metade quando um dos irmãos não aguentou, começou a rir e isso acordou Hine-nui-te-pō.

Invadir a vagina alheia com a dona dormindo, mesmo com a melhor das intenções não é algo recomendado. Ainda mais se a dona da supracitada vagina for a Deusa da Morte, e a vagina em questão for um modelo 2.0 com upgrade e… dentes de obsidiana.

Compreensivelmente Hine-nui-te-pō ficou puta, e para azar de Māui, ela ainda era praticante de pompoarismo. Contraindo os músculos e fechando as pernas, os afiadíssimos (mesmo, com obsidiana não se brinca) dentes partiram Māui ao meio, e aí já não importa se ele era homem ou minhoca.

Māui se tornou o primeiro Homem a morrer, e aparentemente Hine-nui-te-pō gostou da idéia, e desse dia em diante os Homens começaram a morrer como morremos hoje em dia.

Só Não digo “Thanks a lot, Māui” porque ele é capaz de responder “you’re welcome!”


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