Como a Suécia manteve a paz chamando os russos de boiola

Compartilhe este artigo!

A Suécia tem uma história complicada. Eles tentam ao máximo se manter neutros, o que chega a ser mal-visto em alguns casos. Winston Churchill acusou a Suécia de “ignorar as questões morais da Guerra e jogar dos dois lados”.

Durante a 2ª Guerra Mundial os suecos continuaram negociando com os aliados e com os alemães, boa parte do ferro nazista vinha de minas na Suécia, propriedade de empresas alemãs. Essa posição evitou que o país fosse invadido, mas unicamente porque Hitler não quis. Quando um não quer dois não brigam é uma das maiores bobagens já inventadas por pedagogas.

Quando veio a Guerra Fria, a Suécia de novo preferiu se manter neutra, tanto que ao contrário da Dinamarca e da Finlândia, Noruega, ela não é membro da OTAN. Só que esqueceram de avisar isso aos russos, e toda hora eles dão uma cutucada, pra ver se Estocolmo está prestando atenção.

Em geral eles mandam aviões ou submarinos para bisbilhotar os suecos, com freqüência suficiente para garantir uma página na Wikipedia. Por várias vezes violações das águas suecas foram respondidas com minas e cargas de profundidade, mas em 1981 os dois países quase chegaram às vias de fato.

O submarino soviético U137, um diesel-elétrico classe Whiskey armado com torpedos nucleares estava bisbilhotando as cercanias da base naval em Karlskrona, quando atingiu uma rocha submersa, sofreu danos extensos e teve que emergir, encalhando ao se chocar com outra pedra. Um pescador viu tudo, ligou para as autoridades, que demoraram a acreditar, mas era isso mesmo.

Encalhou e encalhou feio.

Com o submarino preso nas pedras, sendo zoado como whiskey on the rocks, os russos tentaram mandar uma frota de resgate, mas os suecos armaram as baterias costeiras e ameaçaram atirar. Depois de vários dias com os russos sendo interrogados, o bom-senso falou mais alto e o submarino foi resgatado por rebocadores suecos e levado para águas internacionais.

Não que os russos tenham parado com suas incursões, e agora chega a parte divertida da história: A Swedish Peace and Arbitration Society (SPAS) é uma ONG pacifista fundada em 1883, com o objetivo de promover paz e democracia. Obviamente eles vem fazendo um excelente trabalho, continuem assim, caras!

No nosso caso em 2015 eles resolveram protestar contra o aumento de gastos militares para monitorar submarinos russos em águas suecas, algo que eles não gostavam, mas não achavam suficiente para justificar os gastos.

Os palhaços da ONG então propuseram uma solução bem mais em conta para manter os russos longe das costas suecas: levando em conta que a Rússia estava (e ainda está) vivendo uma onda de conservadorismo e homofobia de proporções cósmicas, que tal brincar com esse horror a qualquer coisa gay, zoando os marinheiros russos?

Foi comissionada a construção de um sinal para ser instalado no solo submarino, na direção de onde geralmente vinham os submarinos russos.

O sinal teria uma figura em neon de um marinheiro vestindo uma cueca branca e rebolando.

in the navy…

Em russo, o texto “Bem-vindo à Suécia” e “Suécia: Gay desde 1944”, ano em que descriminalizaram o homossexualismo, que diga-se de passagem mostra como não estar metido em uma guerra pode ser excelente para um país, que pode se preocupar com avanços sociais.

A cereja do bolo é que, no melhor estilo 5ª Série, o sinal tem um hidrofone transmitindo em código Morse “siga em frente se você for gay”.

Ninguém sabe por quanto tempo o equipamento funcionou, mas com a qualidade dos sonares modernos, e a irresistível vontade dos russos em fuxicar a vida dos vizinhos, é quase certeza que algum operador de sonar escutou a tal mensagem, transcreveu e repassou para os oficiais, e hoje ela está em algum arquivo em Murmansk.

Quanto a se os submarinos russos seguiram adiante ou não depois da mensagem, aí é com eles. Neste blog nós não julgamos nem discriminamos, cada um com seu cada um.



Compartilhe este artigo!