Qual a diferença entre podcast e lixo reciclado?

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Anotem o que eu digo: Em breve teremos uma iniciativa de marketing viral de guerrilha inédita e revolucionária: Um podcast sobre Web2.0 transmitido de dentro do Second Life. Ou algo assim.

Agora que virou moda toda empresa quer um podcast, ainda mais as que já são relacionadas com mídia. Só que produzir o conteúdo é outra história. É antinatural para um radialista ou uma produção de programa de TV produzir algo para um público tão pequeno. Sim, mon ami. Ninguém escuta sem podcast. Chocou? Pois é, mas ninguém lê seu blog, também. Nem o meu.

Comparado com a TV Aberta e o próprio rádio, a audiência da Internet é pulverizada e insignificante no Brasil. Por isso iniciativas híbridas, como a Fiz.TV têm mais possibilidade de estourar, ao mirar o melhor de dois mundos. O curioso é que quem não tem foco na Internet, mesmo assim precisa ser “moderno”, e a alternativa não é ser eterno, é ser arcaico mesmo. Por isso tanto programa de TV e jornal impresso lança site com vídeo, áudio e – não, áudio não. Entrevistas gravadas? Que coisa antiga. Lançam Podcasts!

Vendo o site do Amaury Junior descobri que ele não só tem toda uma parte multimídia, como tem um Podcast, o PodFlash, com direito a domínio próprio, em www.podflash.com.br. O podcast é produzido pela PodCasting Brasil, a empresa tem um belo portólio, inclusive. Uau!

Aí fui ouvir e melou tudo.

Podcast nada mais é que rádio AM na Internet. Tudo está lá. A interação,a informalidade, o imediatismo. Não é uma crítica nem uma ofensa, é uma constatação. O formato é idêntico. Tudo bem, é um formato que funciona e se adequa, não vamos reinventar uma roda quadrada. Muitas rádios fazem “podcasts” que nada mais são do que cópias dos programas, passadas sob demanda. Perfeito.

O que não dá é tentar reciclar um programa de televisão, cacete!

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O podcast do Amaury Junior nada mais é que o áudio das entrevistas. Tem vinhetinha, beleza, mas de que adianta um podcast bem mixado, com áudio de qualidade, se no meio do “podcast” o sujeito começa a “mostrar” fotografias e falar delas? Parece transmissão de desfile de carnaval pelo rádio. SIM, MENINOS, EU OUVI. “Lá vem a Luiza Brunet. Nossa, como está linda, vejam essa fantasia minúscula”.

Eu sei que a mídia é incipiente, eu sei que é muito chato falar para as paredes (em termos relativos de audiência) mas enquanto os veículos não investirem SÉRIO em podcast, vai continuar a clara condição de “só pra dizer que tem”. Parece o tal blog corporativo sem comentários, feeds e textos na primeira pessoa, só publicando press releases e exaltando a empresa.

Depois o empresário encontra um amigo na fila do banco (na Grande Cayman, claro) e reclama. “gastei uma grana, quase R$4 mil nesse negócio de podcast e blog. Maior furada”.

Não é preciso um investimento fantástico. Meia-hora por semana é algo que qualquer um pode dispor. Um podcast pode ser um bate-papo legal e despretensioso e mesmo assim atingir seu público. Vejam por exemplo o Podcast de Guerrilha, que nunca teve pretensão de ser nada, e se mantém fiel às origens. (tcha-dum!) Não tem vinheta, não tem momento de ufanismo falando dos links que receberam, não tem cartinhas dos leitores, não tem seções fixas, e funciona. Talvez porque como diz o Mr Manson, é o único podcast do Brasil sem ninguém com voz fina.

Na última edição por exemplo tinham como tema “Relacionamento com Blogueiros”, com participação do Tiago Dória e pelo menos oito cervejas. Foi um belo bate-papo, todo mundo se mostrou bem realista e afinado com a realidade do mercado. Ou pelo menos comigo, afinal concordei com tudo que foi dito.

Portanto, caro empresário, investidor, criador cultural e similar: Invista seu TEMPO em um podcast, não seu dinheiro. Um milhão de dólares não transformam o resto do empadão de ontem em um souflê. Você pode até montar uma apresentação bonita, mas continuarão sendo restos.

E ser alimentado de restos não é algo que faça um visitante/ouvinte/espectador se sentir valorizado.

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