Quanto mais o mundo avança, menos sai do lugar. Nos velhos tempos os anunciantes escolhiam programas, pagavam para inserir comerciais nos intervalos, nós assistíamos, e todos ficavam felizes.
Ultimamente isso tem mudado, as pessoas estão vendo cada vez menos TV, o conteúdo tem se espalhado por mais mídias do que é razoável gerenciar (tente montar um plano para 3 milhões de pageviews/dia sem incluir UOL e Kibeloco) e a própria qualidade da programação vem caindo.
Os espectadores também estão descontentes com a própria publicidade. Equipamentos como o TIVO, que agregam a função de DVR com recursos de pular comerciais fazem muito sucesso, e os bons comerciais desaparecem num mar de polishops, medalhões persas e televendas em geral.
A saída tem sido o marketing de guerrilha, marketing viral, marketing de emboscada, marketing de oportunidade, marketing de latrocínio, marketing de estupro seguido de morte, ou seja lá qual o marketing da semana.
Só que esse marketing quando funciona é baseado em algo que não mudou: Uma boa idéia.
Eu defendo que PRIMEIRO vem a idéia. Uma idéia boa é forte em qualquer mídia. Vejam por exemplo este filme: Pegaram um monte de ovelhas, colaram mantas com LEDs nelas e fizeram animações, usando cães pastores, stop motion, etc. Ficou DUCA.
No final quem assina o filme é a linha de TVs de LEDs da Samsung. Não é um filme institucional, não fala do produto e a associação entre a idéia do filme e o que está sendo anunciado exige uma certa quantidade de neurônios.
Por isso mesmo o filme é desesperadamente replicado pela Internet. Subido dia 16 de Março, já foi visto 1.179.922 de vezes.
O que aconteceu? Fácil: Ao invés de associar seu produto a um filme ou série qualquer, a Samsung criou o próprio conteúdo agregado. Desencanaram de fazer um comercial. Fizeram um filme que funciona sozinho e desperta a curiosidade geral.
Qual a lição aqui: Na geração 2.0 todo mundo pode ser produtor de conteúdo, inclusive os anunciantes. Se você não tiver um blog, um programa, uma revista que seja suficientemente interessante, o anunciante corre o risco de produzir o próprio conteúdo e te dar um pé na bunda.
Garanto que as agências adorariam pegar a verba de veiculação e transformar em produção interna de filmes legais. Só quem não gostaria seriam os veículos, que teriam que melhorar e muito seu conteúdo, pois hoje sofrem do mesmo mal dos músicos, que não podem mais produzir um CD com 8 faixas medíocres garantindo a venda em 2 faixas decentes.