Da inefável superioridade da mídia impressa

Spread the love

Embora eu seja um artesão da palavra que vive do meio eletrônico, confesso minha queda pelo papel. Livros ainda são meus bens mais preciosos, e sinto saudades da época em que comprava quase um por dia. Ao vivo, em livrarias, como Jesus queria que comprássemos.

Entretanto não é o contato do papel que me faz ter mais apreço pela mídia impressa; descobri que o que mais gosto nela, e o que me faz gastar dinheiro em livrarias de aeroportos e rodoviárias é a capacidade de uma experiência de leitura sem interrupções por idiotas.

Em uma revista tenho certeza de que tudo ali estará aderente a um padrão de qualidade. Sei que os idiotas, quando existem estão restritos a seção de cartas. Não corro o risco de ler um texto excelente para em seguida vê-lo desrespeitado e vilipendiado pela plebe ignara.

Percebi isso de forma bem clara ao tentar ler esta puta matéria feita pela Solange Azevedo para a Revista Época. Foram 11 entrevistas traçando o perfil de Farah Jorge Farah, cirurgião plástico que em 2003 matou a amante, Maria do Carmo Alves, com direito a esquartejar o corpo, no melhor estilo Dexter/CSI.

Terminei de ler o trecho disponibilizado para não-assinantes, ia postar no Twitter sobre a matéria quando cometi a infelicidade de olhar os comentários. Os imbecis semi-analfabetos que parasitam caixas de comentários já haviam chegado. Assim uma senhora ação de reportagem foi agraciada com pérolos como:

imbecis_thumb Da inefável superioridade da mídia impressa

Toda a reverência que eu estava sentindo pelo trabalho da Solange foi embora. Imagine você assistindo Lista de Schindler e na hora em que o nazista executa a arquiteta judia alguém toca uma corneta com o Hino do Flamengo. Acabou o clima. Mesmo que o idiota seja empalado com a corneta, já era.

A mídia impressa não tem esse problema. Talvez por isso textos “sérios” não façam parte das mídias sociais, ou quando o fazem é sob normas rígidas de comportamento. Agir da forma como os imbecis acima (na verdade da forma como qualquer troll age) é um desrespeito aos leitores E aos autores.

E eu gosto de ser respeitado, tanto como autor como quanto leitor.

PS: A dica da matéria foi do Bruno Ferrari, que além de ser aquele cara feio de Malhação, também é jornalista diplomado da Época.

NAOTAFACIL2 Da inefável superioridade da mídia impressa