“Bichas nojentas são uma abominação aos olhos de Deus”

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Isso é o que dizem alguns, mas de modo algum concordo. O que não invalida o fato do título ser apelativo, babaca e desnecessário, não fosse pertinente ao tema deste post, que não tem nada a ver com bichas nojentas, ou mesmo as limpinhas e asseadas.

Existe um conceito usado no jornalismo (e em todo bom texto argumentativo desde São Tomás de Aquino) onde apresentamos pelo menos dois lados de uma questão. No caso do jornalismo, omitimos a conclusão, para o texto não se tornar opinativo.

É um modelo válido, mas não é o ÚNICO modelo. Em alguns casos ele simplesmente não se aplica. A liberdade dos blogs deveria SIM ser utilizada pela imprensa, ao menos nesses casos. A tal “isenção” tem limites. Não acho que seja produtivo sequer OUVIR gente que defenda escravidão, por exemplo.

Dar “o mesmo espaço” se torna improdutivo. Teóricos da conspiração são como trolls, adoram catar minúcias irrelevantes e NUNCA estão satisfeitos. Imagine um programa do Discovery dando o mesmo espaço para o pessoal que não acredita no Pouso a Lua. Imagine se cada programa sobre Evolução envolvesse criacionistas. Imagine se um livro de paleontologia viesse com um capítulo sobre Criacionistas da Terra Jovem, que acreditam que o mundo tem 6000 anos de idade.

Eu não acho que a mídia deva se posicionar em cada pequeno assunto, mas NO MÍNIMO deveriam pensar duas vezes antes de assumir como válidas as idéias apresentadas. Essa posição magnânima em cima do muro gera ao menos em mim a impressão de que a mídia é BURRA, que aquele pessoal na TV não pensa.

Vejam por exemplo esta matéria da CNN: A chamada é “Homossexualidade: é um problema precisando de uma cura?”


Eu diria que quem criou a chamada precisava é de uma curra. A matéria envolve uma Lei dos anos 50 que obrigava médicos na Califórnia a examinar as causas e pesquisar a cura do Boiolismo Juramentado. Bonnie Lowenthal, uma deputada local está propondo uma alteração na Lei para invalidar essa legislação idiota.

Um idiota chamado Richard Cohen que se engana dizendo que é ex-viado, se opõe. Diz que gays são frutos de lares desfeitos, infância ruim, abuso sexual e que por isso podem ter sua condição revertida, como ele. Digo, como não, tão me estranhando?

A questão é: A deputada afirma que NÃO HÁ oposição, que todo mundo concorda que a Lei não reflete a visão do povo da Califórnia, que é algo completamente pró-forma.

A CNN ao invés de uma chamada no estilo “Deputada quer invalidar legislação idiota” ou algo do gênero, LEGITIMA a “controvérsia” com a chamada, e para “mostrar o outro lado” chama um sujeito que não tem NADA a ver com o peixe (ok, com a fruta), que foi expulso de várias organizações de classe e cuja maior realização é ser reconhecido como… “reorientador sexual”, “curando” gays.

Acho interessante quando me acusam de buscar polêmica, apenas por emitir minha opinião, enquanto a mídia CRIA polêmicas (adoram o termo) onde elas não existem. EM NOME da “imparcialidade jornalística”. Não consigo ver onde isso que a CNN faz ajuda. É uma fórmula, um modelo e como toda forma (já caiu o acento?) limita o formato do bolo, por mais gostoso que seja, não ficará diferente de outro, ao menos visualmente.

Nem toda questão é válida. Mr Garrison, em South Park definiu muito bem: “Não há perguntas idiotas, só pessoas idiotas”. Millor fala que não se deve amplificar a voz dos idiotas. Eu concordo, mesmo não praticando tanto quanto gostaria, mas sou só um blogueiro latino-americano sem dinheiro no bolso e vindo do interior. O que falo não reverbera, não no nível de uma CNN, uma Globo.

Por isso acho MUITO temerária essa postura de nivelar (por baixo) todas as partes de um debate, ainda mais quando o debate sequer existe. Não sei quantos cientistas já foram na Ana Maria Braga mas duvido que tenham tido tanto espaço e respeitosa reverência quanto o picareta Jucelino da Luz. TODOS os especialistas entrevistados denunciam as tais “cartas autenticadas” como falsificações grosseiras, o Fantástico já detroçou  o sujeito, mas em nome da “impacialidade” ele ainda é convidado nos programas da casa.

Sinceramente eu prefiro às vezes a Fox News, que ASSUME uma opinião e deixa isso claro. Acho mais honesto do que ver “jornalistas” tratando com gente como o tal jucelino.

O bem mais valioso que um leitor pode dar a um autor -e é o único que peço- é o benefício da dúvida. e justamente por ser tão valioso não acho que ele deva ser usado em casos flagrantemente desiguais, como o pessoal que defende ardentemente que a Terra é plana. (sim, eles existem).

Do contrário seremos obrigados a aceitar racistas em debates sobre racismo, ou mesmo em debates sobre gays gente que não acredite que bibas ao morrer viram purpurina, o que é um fato mais que reconhecido.



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