Ao contrário de Ayrton Senna a F1 está morta e enterrada

Compartilhe este artigo!

speed_racerComo todo brasileiro eu cresci assistindo Fórmula 1. Foi uma rara exceção no complexo de vira-latas glorificado pela cultura nacional.

Era um esporte que tinha tudo pra não fazer sucesso por aqui. Caro pra burro, eminentemente europeu, tecnológico e –maior pecado- individualista, trabalhando em cima do talento individual. Tudo que o brasileiro aprende a desprezar desde criança. Mesmo assim os Domingos de corrida eram sagrados.

Acho que era uma catarse, não podíamos viver 24/7 de viralatismo, as corridas eram a chance de vermos um brasileiro vencedor, competindo de melhor pra pior (igual pra igual my ass) com os melhores do mundo. Talvez Emerson, Piquet, Pace fossem aceitos por levarem a carga do viralatismo junto com eles, talvez o público os aceitassem pois venciam “apesar de brasileiros”.

Hoje a Fórmula 1 é uma piada. O nome Senna não é mais sinônimo de talento, o nome Piquet foi apagado para esta geração, só sendo respeitado no passado e o nome Fittipaldi se tornou o Opera dos pilotos. É bonzinho, todo mundo gosta mas ninguém usa.

Lembrando o Passado:

Em 1983 todo mundo falava mal do autódromo em Donnington Park, na Inglaterra. Mimimi não tem ponto de ultrapassagem, mimimi. A MacLaren reclamava que seu motor Honda era fraco. Os instrumentos de medição o colocavam 80 Harry Potters abaixo da concorrência.

Aí um Piloto chamado Ayrton Senna mostrou –não é que estivessem errados- que ele não tinha o menor respeito pelas Leis da Física. Não só ignorou solenemente a tal potência inferior do motor como achou criou não um mas quatro pontos de ultrapassagem. Impaciente, ele fez na primeira volta o que muita gente (estou olhando pra vocês, Rubinho,Nelsinho e todos que se definem por inhos) nunca fez na carreira inteira.

Ele saiu de um 5o lugar no grid para a pole position, deixando pra traz Prost, Schumacher e outros. No final ele ganhou a corrida com uma volta de vantagem em todo mundo menos o 2o colocado.

Outro momento de gênio:  GP da Hungria, 1986. Senna numa Lotus uns 30% além dos limites teóricos do carro. Piquet numa Williams, um caso de gênio gênio(sou Sennista, me processem) contra gênio com carro MUITO melhor. Senna segurou o que deu, até que Piquet lembrou que era gênio e gênio não precisa respeitar Leis da Física. Indo contra TODAS as regras de segurança existentes ele simplesmente jogou o carro na curva além do traçado e além do controle. É o que as pessoas comuns chamam de “entregar pra Deus”.

Seria assustador se Piquet não FOSSE Deus.

Após passar Senna com essa trapaça metafísica, Piquet fez o Mundo voltar ao normal, as Leis da Natureza voltaram a valer e ele seguiu adiante.

Hoje não vemos mais nada disso. A Fórmula 1 virou burocrática, é rara a corrida que tem algum momento emocionante, mas não estou escrevendo este post para reclamar disso. Este post é para avisar quem ainda gosta do esporte que seus dias estão contados.

A praga politicamente correta chegou à fórmula 1. Os Ecochatos venceram.

Lembra dos motores V12 3.0 da Ferrari? NUNCA MAIS. As regras da FIA para tornar a Fórmula 1 um esporte VERDE, valendo para a temporada de 2013 são:

  • Motores terão cilindrada reduzida de 2.4 para 1.6
  • RPMs máximas baixarão de 18 mil para 12 mil
  • Número de cilindros será limitado para 4
  • Biocombustíveis
  • Economia de 35% no consumo de combústível

Isso mesmo. Nem o Fiat Stilo do Morróida é tão fraco. Hoje só sai de fábrica com motor 1.8.

Quer dizer: Um carro de competição, de exibição, criado para correr menos de 20 corridas por ano para agradar os ecochatos tem que ser lobotomizado, aleijado até perder no SuperTrunfo pra um FIAT. Qualquer fusca rodando três vezes por semana consome mais recursos naturais que um F1 que corre 20 vezes por ano.

Se é assim, acabem logo com o esporte. Não tem nenhuma “utilidade”, pelo ponto de vista dos ecochatos, F1 não serve para puxar arados ou transportar alface orgânica até a lojinha do bairro.  Que a Fórmula 1 se vá com a cabeça erguida, que o último som que emita seja o ronco dos motores de verdade, não o patético murmúrio dos carros elétricos que com certeza os ecochatos estão pensando em introduzir como obrigatórios na categoria, em 2014, provavelmente.

Você que ama corridas, ama velocidade e ama essas máquinas maravilhosas, fique com esta jóia, que fala muito mais alto que esses gestos verdes vazios:

[ATUALIZAÇÃO]

Um bando de trollzinhos de merda™ saiu me atacando, com o ódio de sempre. mimimi só fala merda, mimimi não entende nada de Fórmula 1, etc, etc.

Uns dias atrás um sujeito de forma independente se solidarizou comigo. Disse ele: “esses motores são patéticos para a categoria mais importante do automobilismo mundial”. O sujeito também defendeu a inovação: “Concordo que precisamos cortar custos, mas essa abordagem ‘pobre’ da F-1 não é boa. Ser barato é diferente de não ser caro. Queremos que a F-1 esteja ligada a inovações, incentivando a tecnologia”.

Quem é esse sujeito, que concorda comigo então obviamente não entenda nada de Fòrmula 1? Luca di Montezemolo, presidente da Ferrari.

Confira as declarações aqui, aqui e aqui


Compartilhe este artigo!