A televisão ensina pra gente que se você passar a menos de 500Km de uma cidade pequena do Sul dos EUA, você já era. Ou vai ser devorado por canibais, ou será morto por fantasmas ou cairá nas mãos de um xerife corrupto e um juiz do mal, sendo mandado para a cadeia e abusado e espancado por guardas cruéis. Ah sim, que você não seja negro, isso não ajuda.
Na prática, como sempre o mundo não é tão preto e branco, nem todo policial é um monstro sádico e nem todo bandido é um psicopata assassino cruel e desumano. Essa realidade permite que coisas legais aconteçam, como aconteceu no Condado de Polk, na Geórgia.
Um grupo de presidiários estava trabalhando limpando um cemitério local. Estava quente, muito quente. O guarda que os vigiava começou a sentir sinais de insolação, agravada por ele sofrer de Síndrome de Arnold-Chiari, uma má-formação da base do crânio que reduz o fluxo sanguíneo para o cérebro, e acabou desmaiando. Os cinco seis prisioneiros se depararam com uma situação ideal: O porco inconsciente no chão, a van com chave na ignição, a arma do guarda no coldre aguardando ser roubada.
Fosse um filme do Spike Lee o sujeito seria torturado e morto ali mesmo. Só que a realidade costuma ser melhor que Spike Lee. Os prisioneiros socorreram o guarda, tiraram o colete pra que ele respirasse melhor, afrouxaram o cinto sem tocar na arma. Pegaram o telefone do guarda, chamaram 911, seguiram as instruções e esperaram o socorro chegar.
No final o guarda se recuperou, e sua família agradeceu aos prisioneiros preparando para eles um almoço no parque, mas não ficou só nisso a história. O Xerife do Condado classificou o ato como “heróico”. O guarda também elogiou a turma. “Nenhum dos meus caras fugiu, nenhum deles fez nada que não deveriam ter feito.”
O Juiz do Condado de Polk, outro que segundo tudo que a gente aprendeu na TV deveria ser o diabo em pessoa, ignorou o estereótipo e acatou a recomendação do Xerife. Os cinco seis prisioneiros receberam uma redução de 25% na pena.
Fonte: NBC