O estranho caso do Bispo da Lua

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Religiões em geral vivem no passado, relembrando histórias da Idade do Bronze. Uma tentativa de criar uma religião atualizada envolvendo aspectos da vida moderna, como viagens espaciais soaria ridículo, uma idéia ruim de um autor medíocre de ficção científica. Isso aliás já existe, chama-se Cientologia, mas não quer dizer que as religiões antigas não convivam com a modernidade.

Se bem que não dá pra chamar de modernidade coisas como o Observatório do Vaticano, fundado em 1580. Pois é, o mesmo Vaticano que condenou Galileu e Giordano Bruno, se bem que o foco dos dois casos nunca foi a Ciência.

O Vaticano tem uma longa história científica, que o diga Mendel e seus experimentos com hereditariedade, e inúmeros astrônomos, em sua maioria jesuítas deram sua contribuição para a Ciência. A segunda maior cratera visível na Lua se chama Clavius, em homenagem a Christopher Clavius (1538, 1612, padre, astrônomo e matemático jesuíta que entre muitas outras contribuições, aperfeiçoou o calendário gregoriano.

Em um dos mais belos contos de Ray Bradbury, Os Balões de Fogo, o autor narra a história de um padre que foi para Marte depois que soube de relatos de estranhas criaturas avistadas de tempos em tempos.

Os Marcianos eram etéreos, criaturas de pura energia, mas isso não impediu o padre de tentar convertê-los, só para descobrir que os marcianos há muito abandonaram seus corpos físicos, e com eles todas as tentações, se tornando criaturas puras e sem pecado, então obrigado, Padre Peregrine, mas não precisamos ser salvos.

O mais curioso é que essa situação não é muito diferente da posição real do Vaticano. Em 2012 o então Diretor do Observatório do Vaticano, Padre José Funes, revelou em uma entrevista que Roma aceita perfeitamente a idéia de vida extraterrestre, e que podem ser bem diferentes de nós, mas um detalhe é interessante: Há discussões filosóficas entre os teólogos do Papa que talvez os aliens não precisem ser salvos.

Eles extrapolaram a parábola da ovelha perdida, e talvez todo o resto do Cosmos viva na Glória de Deus, e somente os humanos tenham se desgarrado, o que é um conceito interessante mas não sei se se aplica aos Klingons e aos Goa’uld.

Essa postura também resolve outro problema, pois determina que só existe um Cristo, e não uma franquia com Jesus renascendo em cada civilização espalhada pelo Cosmos, o que seria no mínimo uma judiação com o coitado. Segundo a Equação de Drake existem pelo menos 15 milhões de civilizações na Via Láctea, se Jesus for crucificado em todas elas, haja prego!

Claro, isso não quer dizer que quando começarmos a colonizar o Sistema Solar e além, não teremos missionários indo junto, eles precisam cuidar das almas dos colonos, mas quem realmente pensou nisso (não a sério) foi Sua Eminência o Bispo William Donald Borders.

Em 1968 foi estabelecida a Diocese de Orlando, Flórida. Dom Borders não estava cego ao que acontecia em sua volta, nem surdo, foguetes subindo, astronautas da Apollo 8 lendo um trecho do Gênesis, e Buzz Aldrin fazendo Comunhão após o pouso na Lua.

Talvez até em agradecimento ao respeito dos astronautas, Dom Borders fez seu dever de casa, e descobriu algo deveras interessante, que ele foi revelar em 1969, após o pouso da Apollo 11, em uma visita de beija-mão ao Papa Paulo VI.

Durante o encontro o Bispo soltou, com a maior naturalidade:

“O senhor sabe, Sua Santidade, em sou o Bispo da Lua.”

Como o super-poder do Papa é infalibilidade e não onisciência, Paulo VI fez “ahmmm?” Ao que o Bispo explicou:

Segundo o Código de Direito Canônico de 1917, quando novos territórios são descobertos, eles ficam sob a jurisdição da Diocese de onde partiu a expedição exploratória. Como a Apollo 11 saiu de Orlando, ele era o Bispo responsável… pela Lua.

Tecnicamente o Bispo Borders era então responsável pela maior Diocese de todo o mundo, em termos de área, mas como a população temporária da Lua nunca passou de 2, isso não o tornou mais influente.

Mais tarde foi esclarecido que como a Lua é inabitada, a tal jurisdição não signfica nada, exceto que o Bispo Borders tinha um ótimo senso de humor. E eu concordo.



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