As moças que fizeram a alegria das tropas quando deram a rosca aos soldados

Compartilhe este artigo!

A maioria das pessoas acha que guerras são ganhas por quem tem mais soldados e mais armas, mas Napoleão já dizia que um exército marcha em seu estômago. Na realidade há vários outros fatores, um dos mais importantes se chama… moral.

Sem acreditar no que estão fazendo soldados não ganham guerras. Se o sujeito achar que que está vencendo, tem apoio dos superiores e dos colegas, ele pode tudo.

Um bom exemplo é uma história que rola em várias versões, mas em essência foi durante a Batalha de Ardenas, quando os alemães ajudados pelo General Inverno deram uma surra nas tropas da 325a Divisão, que sofreu perdas terríveis. Segundo a história um grupo de uma guarnição anti-tanque estava em retirada, quando passaram por um soldado solitário cavando uma trincheira na beira da estrada.

Ele teria perguntado: “Vocês estão procurando um lugar seguro?”

“Sim”

“Então podem se acomodar atrás de mim. Eu sou da 82a Divisão Aerotransportada e aqui é o mais distante que aqueles bastardos vão chegar!”

Na Primeira Guerra Mundial o problema da moral era muito pior. Foi uma guerra de trincheiras, com soldados passando anos sem avançar um metro sequer, andando na lama, comendo mal, passando frio e sofrendo com doenças reais e imaginárias. Muitos atiravam no próprio pé na esperança de uma infecção, uma amputação e uma passagem para casa.

As tropas americanas sofriam especialmente, pela própria distância era quase impossível uma dispensa para visitar a família, e até a correspondência era limitada. Muitos grupos assistenciais tentaram diminuir essa distância, mandando pros rapazes um pouco de casa. Entre esses estava o Exército da salvação, fundado em 1865.

Eles mandaram 250 voluntários, quase todos mulheres para montar serviços religiosos, sessões de música (os Walkmans da época eram enormes) e… comida. As moças receberam capacetes, máscaras de gás, botas, uma Colt 1911 calibre 45 e foram mandadas pra linha de frente, onde serviam chocolate, café e bolos para os soldados.

No dia 19 de Outubro de 1917 duas delas, Margaret Sheldon  e Helen Purviance ouviram de um soldado um pedido: Fazia tempo que ele não comia… um donut. Elas gostaram da idéia, e começaram a correr atrás de ingredientes, pilhando caminhões de suprimentos e até reservas pessoais de outros soldados. Conseguiram farinha, fermento, açúcar, sal, ovos e leite. Pegaram um capacete, encheram de gordura e botaram no fogo, enquanto prepararam a massa usando uma garrafa e um estojo de munição de canhão como rolos de amassar.

Com um cobertor tampando a área de preparo, elas fritavam 9 rosquinhas de cada vez, o cheiro se espalhava pelas trincheiras e os soldados não conseguiam acreditar. O primeiro da fila a receber uma rosquinha disse “Oh boy, se isso é a guerra, não quero que acabe”.

No primeiro dia elas produziram 150 rosquinhas, mas logo atingiram níveis industriais, produzindo diariamente 9000 unidades.

 

Com ajuda de mecânicos do exército improvisaram equipamentos pra cortar e furar a massa (as primeiras rosquinhas não tinham furo no meio) e arrumaram fritadeiras maiores. Outras voluntárias do grupo percorriam as casas das fazendas próximas pedindo doações de ovos, e às vezes conseguiam até canela e baunilha. Elas produziam outras guloseimas, como tortas e cupcakes mas as rosquinhas acertaram o coração dos soldados.

Havia algo mágico no sujeito estar numa condição miserável e do nada surgir um par de moças bonitas trazendo rosquinhas e chocolate.

Ao final da guerra mais de um milhão de rosquinhas foram comidas pelos soldados. Quando eles voltaram pra casa começaram a pedir nas lanchonetes pelo doce (rosquinha é um doce?) que tanto conforto havia trazido em seus momentos mais solitários.  Logo donuts deixaram de ser apenas mais um ítem no menu e se tornaram uma das comidas preferidas da América.

As moças das rosquinhas se tornaram parte da cultura popular, indo para na Broadway em shows do Ziegfried Follies, viraram música do Irvin Berlin e fizeram bastante sucesso como tema da Don’t Forget The Salvation Army (My Donut Girl).

Durante a Segunda Guerra Mundial a Cruz Vermelha assumiu a tarefa demandar moças bonitas oferecer roscas para jovens soldados, foi tudo muito mais organizado, com várias unidades percorrendo os acampamentos. As rosquinhas eram produzidas e distribuídas em algo que os millenials iriam inventar só em 2016 e chamar de Food Truck:

A iniciativa era tão popular que alguns exagerados começaram a dizer que “Os Donuts vencerão a guerra”. Não chega a tanto, mas que eles ajudaram, ajudaram, e Helen Purviance morreu em 1981 aos 95 anos, com a sensação de dever cumprido e sabendo que agora havia o Dia Nacional do Donut, e organizações de apoio a veteranos de guerra mantinham viva a tradição de dar rosquinhas para soldados.



Compartilhe este artigo!