Precisamos falar sobre a Hipersexualização da Viúva Negra e o Feminismo-Thanos

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Thanos tem um quê de Adam Savage, com a frase “Rejeito sua Realidade e a Substituo pela minha”. Realidade aliás é o grande vilão da maioria das Histórias, ainda mais da turma da Justiça Social, que adora criar mundos fictícios de sofrimento e opressão, não aceitando quando coisas cruéis como fatos afetam esses mundos.

Um bom exemplo é o desequilíbrio de gêneros em profissões. É um absurdo para a militância haver mais homens do que mulheres em Engenharia e Computação, mas ninguém reclama da dominância masculina na construção civil. Ou do domínio feminino em áreas de Humanas e saúde.

A grande heresia é dizer que essas diferenças são de origem mais biológica do que social, e a turma progressista tampa os ouvidos LALALA quando confrontada com dados como a pesquisa que descobriu que em países aonde há mais igualdade de gênero, a proporção de mulheres que ingressam nos campos de STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) é… menor do que em outros países.

A explicação é que livre das obrigações de mostrar que mulheres podem fazer qualquer coisa (e podem), mais mulheres preferem seguir carreiras que as agradam, e se sentem confortáveis. A militância, claro, ignora isso e repete o clássico quadrinho:

Agora vemos isso acontecer de novo, com o bom mas desnecessário filme da Viúva Negra.

O filme chegou bem tarde, a personagem foi bem sacaneada pela Disvel, ao ponto de quando lançaram brinquedos do Era de Ultron, a moto que a Viúva Negra usa no filme aparece nas caixas com o Capitão América pilotando, refletindo a velha crença de que mulheres não vendem brinquedos.

Isso foi retardado. Sem desculpas.

Até South Park sacaneou bem isso, quando Cartman estava planejando o universo cinematográfico de seu super-herói, o Coon, e no final da Fase 3, depois de 30 filmes, no 31º ele iria “introduzir uma guria”.

No filme, Scarlett Johansson é mais heroína de ação do que espiã, papel que ela desempenhou muito bem nos filmes do MCU, até sua nada honrosa partida como frango de macumba. Ela foi assistente da assistente do Tony Stark, enganou um general russo, tomou conta da SHIELD, foi fundamental para derrotar a Hydra mas…

Aparentemente o papel da Viúva Negra, a mestre-espiã sedutora e mortal, como o próprio nome diz, não é mais politicamente correta. Em uma entrevista, Victoria Alonso, produtora de Homem de Ferro 2 diz se sentir incomodada em como Tony Stark via Natasha Romanova no filme.

O que ofendeu a floquinha foi Tony Star, depois de ver Natasha, aka Natalie dar uma surra em Happy, falar “eu quero uma”. Sendo que, claro, para não afetar a Narrativa Victoria finge que momentos atrás Tony Stark não estava impressionado com o currículo da personagem, incluindo fluência em russo, francês, italiano e latim.

Claro, Tony também ficou impressionado por ela ser, bem, a Scarlett Johansson. “Natalie” trabalhou como modelo na Ford Models, e isso é errado para a turma do politicamente correto.

É chato explicar mais uma vez, mas vamos lá. Tony Stark nessa época não era uma boa pessoa. Ele era um playboy, bilionário, gênio filantropo, com ênfase em Playboy. Lembrem-se, no filme anterior ele tinha gabaritado as capas da Playboy ou algo assim.

Tony Stark não é exemplo, cacete. Ele está demonstrando um comportamento errado por não ser uma boa pessoa, por ainda estar no início do seu crescimento enquanto personagem e ser humano, CACETE.

De resto, Natasha usa essas falhas de caráter para obter resultados. Ela se aproxima de Stark por saber que ele é afetado por seus “poderes”.

Como não podia deixar de ser, Scarlett embarcou no vitimismo, onze anos depois agora está incomodada em como foi tratada por Tony Stark, que o “I want one” faz com que ela parecesse “um pedaço de alguma coisa”.

Filha, você é uma super-espiã criada pela Red Room, treinada para se infiltrar e seduzir homens poderosos. Você está disfarçada de funcionária do Tony Stark, e não sabe como ele pensa?

Agora a melhor parte. Scarlett Diz:

“A outra questão sobre a coisa da hipersexualização é que eu penso que Natasha usa sua sexualidade como uma forma de sentir, de manipular a situação e então ser sapeca e enganadora e então ela vai arrancar suas pernas, certo? Ela vai ser sedutora dessa forma, é o poder dela. O poder dela está na sexualidade.”

Filha, não dá pra ter as duas coisas. Ou você tem uma super-espiã que usa a sexualidade como arma, ou ela é uma vítima oprimida do patriarcado. Os dois não dá.

A Velha Trope

Apesar de ter sido criada em 1964, a Viúva Negra nem de longe é a primeira ou única apresentação do clichê da espiã sedutora. A turma da antiga lembra na hora de Modesty Blaise, criação de Peter O’Donnell e Jim Holdaway…

Mas nem só de ficção vive o Homem, e a trope da espiã sedutora (cuidado, TV Tropes) tem um excelente motivo para ser popular: Ela é 100% real.

Modesty Blaise virou filme em 1966, com a totóssima Monica Vitti

Dá pra traçar essa trope até os tempos bíblicos, quando Raabe, espiã disfarçada de prostituta (ou vice-versa) ocultou dos guardas reais dois espiões israelitas.

Historicamente é extremamente comum Estados usarem espiãs para seduzirem homens burros, que adoram massagear o próprio ego contando seus feitos para a linda e bobinha mulher que lhes está dando atenção.

Mata Hari foi a mais famosa de todas, espionando primeiro para os alemães depois para os franceses, na 1ª Guerra Mundial. Mata era uma “dançarina exótica”. Ela recebeu 1 milhão de Francos para seduzir o Príncipe Coroado Friedrich Wilhelm, herdeiro do trono da Prússia.

Mata Hari era bem ousada e controversa pra época.

A Segunda Guerra Mundial também teve uma abundância de espiãs sedutoras, incluindo essa menina aqui, Freddie Oversteegen, que com 16 anos seduzia soldados nazistas na Holanda ocupada, e os levava para o mato, aonde eram mortos pela Resistência.

Com a Guerra Fria, a criação de espiãs se industrializou, com a KGB abrindo sua famosa “Escola de Pardais”, uma unidade que treinava jovens para aprenderem a seduzir diplomatas e oficiais do Ocidente e extrair informações vitais.

Mesmo hoje em dia todo mundo usa espiãs sedutoras, que não vão aparecer em macacões de couro, mas em uniformes de aeromoças, como secretárias ou jornalistas. Isso vale pra espionagem industrial também.

Ao querer esconder a Realidade, as Scarlett e Victoria estão literalmente fingindo que todas essas mulheres não existem, ou que suas missões, suas profissões são algo de que devem se envergonhar. Um belo exemplo de slutshaming, pra usar um termo da lacrosfera.

Agora o melhor: Veja esta moça:

Belo cosplay de Viúva Negra, né?

O nome dela é Anna Chapman, ou А́нна Васи́льевна Ча́пман, ela é uma “agente da inteligência russa, personalidade da mídia e modelo”.

Ela se casou em 2001 em Moscou com um cidadão britânico para obter cidadania e poder emigrar pros Estados Unidos, já divorciada em 2006. Ela morou em Nova York entre 2009 e 2010, trabalhando como agente clandestina para a Rússia, até que, denunciada por um traidor, foi presa pelo FBI.

Anna foi mais tarde libertada em uma troca de espiões, e seguiu suas atividades, como figura pública e… algo mais. Seu ex-marido morreu convenientemente de uma overdose em 2018.

Em 2013 ela foi vista na conturbada região separatista de Nagorno Karabakh, entre a Armênia e o Azerbaijão.

Chapman é basicamente Natasha Romanova, para tristeza de Scarlett Johansson. E ela nem é a única.

Em 2018 a casa caiu pra Maria Butina, (outra) ruiva russa que estava nos EUA como agente infiltrada. Ela conseguiu entrar no círculo interno da NRA – National Rifle Association e da campanha presidencial de Trump, com objetivo de manipular a eleição a favor de Vladmir Putin.

Maria “espiã russa, eu?” Butina

Ela acabou presa por 14 meses, e depois deportada. Butina nega ser uma espiã, claro.

A História mesmo a atual está repleta de Viúvas Negras, mulheres inteligentes, corajosas, habilidosas e manipuladoras que fizeram homens de gato e sapato, obtendo informações valiosíssimas, manipulando o destino de nações. Se isso fere as sensibilidades da Militância, só lamento. A Realidade, por mais que a militância queira, não pode ser alterada por crianças mimadas.



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