O estranho telefone sem-fio que transformou Malala em uma pelega

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Você com certeza reconheceu a referência da imagem acima, a jovem Malala, Nobel da Paz depois de ter levado um tiro de AK-47 na cara, por ousar defender idéias heréticas como querer que meninas frequentem escolas.

A referência é uma das imagens mais conhecidas da Segunda Guerra Mundial, usada em incontáveis materiais de promoção do feminismo, o clássico pôster We Can Do It!

Esse poster representa as milhões de mulheres que entraram no mercado de trabalho na Segunda Guerra Mundial, produzindo as armas e veículos que mantiveram os Estados Unidos funcionando, e foram as ferramentas com as quais os rapazes venceram a guerra.

Incontáveis mulheres foram inspiradas por essa imagem, que se tornou um ícone da capacidade feminina, mostrando que elas não são inferiores a nenhum homem, certo?

Esse cartaz é um dos mais procurados no Arquivo Nacional dos EUA, virou selo, foi parar na capa da revista do Instituto Smithsoniano e é uma das mais icônicas imagens do Século XX. Foi usado em inúmeras campanhas, mobilizações e propagandas políticas.

A realidade é que esse cartaz, uma das imagens mais conhecidas do Século XX, não é nada do que a maioria das pessoas pensa que ele é.

O “We can do it!” foi criado por J. Howard Miller, um ilustrador bem prolífico, que já havia usado o tema antes, em um cartaz de 1942:

O famoso “We can do it!” fez parte de um lote de cartazes criado por Miller entre 1942 e 1943, e parte de uma campanha interna da Westinghouse. Menos de 1800 cartazes foram impressos, e exibidos nas unidades da empresa em Pittsburgh.

As fábricas eram especializadas em fazer forros de capacetes, e o cartaz era parte de uma campanha criada para exaltar o patriotismo, aumentar a produtividade e diminuir a tensão entre trabalhadores e gerência.

Na época os comunistas estavam ficando agitados, e tentavam o tempo todo desestabilizar as empresas, sindicalizando trabalhadores. A campanha incentivava os funcionários a discutirem seus problemas diretamente com a gerência.

No final o We Can Do It foi exibido nas paredes da Westinghouse por menos de 10 dias, e nunca mais foi visto, até ser redescoberto em 1982 por uma matéria na Washington Post Magazine .

Caindo no gosto popular, o cartaz foi adaptado modificado e reutilizado, mesmo sua mensagem, o “WE” can do it deixou de representar os funcionários da Westinghouse e virou “as mulheres”, mesmo ninguém nunca especificando que diabos é o “it” que elas dizem poder fazer.

Por um lado temos uma completa redesignação do signficado do cartaz original, apropriado e adotado por novas gerações, lendo nele suas próprias mensagens.

Do outro lado, a turma que problematiza termos como “criado-mudo” e “mulata”, que insiste que palavras retém para sempre seus significados originais e podem ser ofensivas mesmo em culturas diferentes está, segundo suas próprias regras, promovendo um cartaz cujo principal objetivo era aumentar a exploração da mão de obra principalmente feminina, opondo-se à sindicalização, um dos pilares do pensamento progressista.



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