Tenho visto muita gente começando a escrever por causa dessa onda de ProBloggers. Eu mesmo me orgulho de dizer que provavelmente mais gente está escrevendo hoje por minha causa do que pelo Paulo Coelho, mas… vamos devagar com o andor.
Outro dia uma amiga que nem sabe direito sobre o quê quer escrever já disse que quer colocar “aquele negócio de anúncio que dá dinheiro” no futuro blog.
Menos, gente, menos.
Óbvio que não partilho da visão romântica de que blogs são coisinhas lindinhas e imaculadas e não podem ser profissionalizados, monetizados, prostituídos e cafetinados. Acredito na mídia blog, como acredito em livros e revistas. Só que ao contrário dessas outras mídias o blog não só pode como até deve crescer sem se preocupar com monetização.
Você não vai viver de blog no primeiro dia, nem no primeiro mês, e muito, muito provavelmente nem no primeiro ano. Seus ganhos estão atrelados à audiência, e no começo ela será pífia. Imaginando que você terá raras visitas, seus ganhos serão mais raros ainda e isso pode ser frustrante.
Escrever um post complexo e interessante, pesquisado e trabalhado, para no final do dia não fazer nem um dólarzinho não parece “justo” (pra usar o estranho termo que o Fábio associou à remuneração de blogueiros) mas nem Shakespeare, blogueiro fosse, conseguiria mais que isso com seus sonetos, se o blog fosse iniciante, ainda nem conhecido pelo Google ou pela blogosfera.
É o que vai acontecer no começo. Alguns dias você não ganhará nada. Nem um pingadinho. Se sentirá inferior ao Al Bundy. Pensará em desistir. Tudo culpa da maldita extensão AdSense Notifier do Firefox e da sua noção de que “é só escrever o que vem à cabeça e ver o dinheiro entrar”.
Não é assim que funciona, e esse papo “campo dos sonhos”, construa e eles virão, implica em uma tonelada de trabalho. Fazer um campo de baseball sozinho, na mão, não é algo que eu chamaria de “trabalho fácil”.
Seu trabalho no blog será afetado, se você tiver o objetivo de ganhar dinheiro de verdade com ele, a menos que tenha uma excelente visão de longo prazo, que entenda o investimento em tempo e expertise que está fazendo, e que ele não dará retorno significativo de um dia para o outro, achará frustrante os ganhos iniciais. Seus amigos que acompanharão o projeto vão rir secretamente (se não forem ProBloggers também) da merreca que você está ganhando.
Logo você repensará seu projeto, e corre o risco de encostar o blog.
Portanto, em uma primeira fase, esqueça a propaganda. Você escreve atrás de audiência, você não escreve para o robô do AdSense. Então mexa seu traseiro gordo e escreva. Para seus leitores. Os poucos que você tem, os muitos que terá no futuro. O tempo que você perderia consultando ferramentas de monetização, discutindo se submarino é melhor que AdSense e se o HotWords funciona e se o Mercado Livre rende bem em site pequeno, você estaria escrevendo, acompanhando seus leitores, dando feedback nos comentários, visitando outros blogs e deixando comentários inteligentes (a melhor forma de atrair visitantes qualificados).
Ninguém vai te criticar por colocar anúncios tardiamente. Seu blog continuará gratuito da mesma forma. Seus textos continuarão lá. Seus textos antigos, então indexados pelo Google, continuarão gerando dinheiro, texto em blog não fica velho (estranho, para uma mídia tão efêmera, mas é isso mesmo) e você começará a faturar de uma posição bem mais confortável.
Somente se preocupe em colocar AdSense, buscapé e outros quando seu blog passar de 1000 pageviews por dia. Em teoria você já terá atingido o potencial de sustentar um servidor próprio, o que é muito pouco, em termos de dinheiro, mas é O Limiar, o ponto em que um blog se torna autosustentável.
Convenhamos, não será muito mais chique se você puder dizer “coloquei AdSense no meu blog e no primeiro mês ele já se paga”?