TODO é pra Jacu

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Eu acho que há algo fundamentalmente errado em minha estratégia quando o primeiro item de sua lista de coisas a fazer é “organizar a lista de coisas a fazer”.

Sim, eu já li aqueles livros de auto-ajuda para empresários, os dez hábitos mais organizados de gente organizada, ou algo assim. Como todo livro de auto-ajuda, não ajudam muito em situações específicas. Situação específica significa toda e qualquer situação diferente da demonstrada no livro. Com aquela pessoa. Que em geral nem existe.

Assim, usando a parábola das pedrinhas no jarro com água ou outra palhaçada de palestras motivacionais, vamos ver como se livrar de uma lista de tarefas enorme:

1 – Fazer primeiro as simples e rápidas

Excelente idéia. Você vai se livrar de 8 tarefas por dia. Como essas tarefas pequenas só entram na média de 2 ou 4 por dia, você no final de dois dias diminúi a fila em… um dia. Ah, as tarefas grandes continuam se acumulando.

2 – Fazer primeiro as complicadas

Essas tarefas demandam tempo e pesquisa. Às vezes vários dias. Com isso a lista de pequenas tarefas vai se acumulando. Pior: Pequenas tarefas que dependem de prazo vão pro espaço. Já estou devendo um monte de memes por causa disso. E me odeio por perder esses deadlines, e ainda por cima deixar o pessoal que tão gentilmente me convidou, na mão.

3 – Fazer as tarefas de acordo com o deadline de cada uma

É a técnica preferida no ambiente corporativo. Praticada sem culpa tanto por chefes quando por funcionários. Os funcionários são extremamente generosos ao firmar prazos de semanas para tarefas sabendo que na realidade podem ser realizadas em um dia em modo sabático, entrando em um transe de mescalina (ok, cafeína, alcalóide errado).

Os gerentes por sua vez entendem que uma tarefa de baixa prioridade nunca será completada, portando esperam a data-limite se aproximar, o que torna a tarefa prioritária.

Em alguns casos quando a direção perde a mão, TODOS os trabalhos se tornam prioritários. Uma vez tive que botar o proverbial pau na mesa com um diretor que tentou explicar que TODOS os projetos eram prioritários e que a entrada de mais um deveria ser encaixada em um cronograma que já era irreal, sem afetar prazos ou metas dos outros projetos. Acho que violar Leis da Física não era algo que atrapalhava os devaneios daquele sujeito.

Na prática, como o ambiente corporativo em peso pode atestar, essa técnica não funciona muito bem.

4 – Atribuir prioridades a cada tarefa, gerando uma análise bayesiana determinando qual deve ser feita primeiro

A parte da análise bayesiana é sacanagem, mas a escala de prioridades é séria. Por exemplo: “backup semanal” é algo com prioridade alta. Já “post no Junglebook” (um de meus projetos periféricos) não é.

Olhando a data do meu último post do Junglebook dá pra perceber que nada melhor para foder com uma tarefa do que assumir de cara que ela não é importante.

5 – vestir um abadá, tomar um chá de ebó, incorporar a ciganinha, jogar os búzios e determinar qual tarefa deve ser feita primeiro

Chá de ebó é muito ruim e o cavalo aqui não gosta de vestir saia, então essa não funciona comigo.

6 – Admitir incompetência, empurrar com a barriga e fazer só o que for imprescindível pra manter tudo no ar

Não funciona. A idéia normal é que seria algo aceitável, uma situação estável, não algo Excepcional mas ao menos não um desastre completo. Mais ou menos como seu casamento.

Desculpe, é furada. Em uma prova-viva da Entropia, o caos vence. A situação não é estável, tende a degradar cada vez mais. Aceitar somente um mínimo de novas tarefas vai minar sua capacidade de realiza-las, e o interesse dos outros em propô-las para você. É algo próximo do auto-ostracismo. Nada recomendado.

Eu havia estabelecido anteriormente um sistema de metas baseado em posts, mas a vida de um blogueiro é mais que uma série de posts. Outro efeito ruim dessa estratégia é que os posts tendem a ficar curtos, me prendo a um número. Isso é errado.

Adotarei portanto uma nova e inédita estratégia: Slots de tempo.

Dividirei meu dia útil, relacionarei as tarefas (incluindo tempo para pesquisas e projetos de longo prazo) e atribuirei slots de tempo para cada 1. Aí ficaria por exemplo:

  • Posts no blogdocardoso.com: 1,5h
  • Posts no contraditorium.com: 2h
  • Posts no Meiobit.com:2,5h
  • Manutenção: 0,5h
  • Teste de plugins: 0,5h

E por aí vai.

Funcionará?

Não sei. A idéia é parar o que estiver fazendo se invadir o horário de outra tarefa. Com isso todas terão sua chance, e não irão se acumular. Essa técnica tem nome? (fora “coisa óbvia”, “bom-senso” e “graaande novidade”) Se não tiver, chamaremos de Iniciativa Cardoso.



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