"WALL-E é MARAVILHOSO", e se eu não fosse verborrágico por natureza teria feito uma resenha de três linhas. Não há necessidade de falar mais nada.
Existe uma diferença entre ser bom e ser gênio. A Dreamworks é muito boa. Eu adoro Shrek, por exemplo. Mas a Pixar? A Pixar é gênio.
É fácil lidar com personagens com características humanas. O Gato de Botas no Shrek, fazendo cara de carente é ótimo, mas é, tecnicamente simples. Já passar emoção com personagens-objetos?
Vejam por exemplo o Tapete Mágico, de Aladdin. Não tem rosto, voz, nada. E mesmo assim é parte ativa do filme, com toda uma gama de emoções. Para fazer isso tem que ser gênio. Como a Disney.
WALL-E segue a mesma linha. Temos um personagem que em termos de design não tem nada de novo, parece saído de um laboratório de robótica. Ele não fala. Ou quase. Tem menos linhas de diálogo que o Arnold no primeiro Exterminador do Futuro.
Nos primeiros 20 minutos de filme já nos apaixonamos, entendemos o que aconteceu com a Terra, nos emocionamos com seu melhor amigo, uma barata. PQP, uma BARATA e nós nos preocupamos com seu bem-estar.
Eve, a robozinha do espaço tem uma personalidade completamente diferente, e isso é passado sem uma frase além de seu próprio nome.
O Judão está certo, fazer crítica de filme muito bom é um saco. Tudo que a gente quer dizer é "vá ver! vá ver!". A gente fica querendo fazer segredo, não quer contar nem um trechinho, para não estragar a experiência.
WALL-E é filme que vale um mês naqueles Spas Barra-Pesada tipo Spauschwitz, você sai do cinema muito mais leve. Eu me senti feliz por estar vivo e poder me deliciar com essa obra-prima. Nada, NADA que custa R$13,00 vale mais do que o ingresso que paguei para assistir WALL-E.
O Fábio Yabu diz que é um filme de amor.
Wall-E é uma declaração de Amor, e das mais lindas, não apenas ao cinema, à animação e à história da arte, homenageada de maneira soberba nos créditos finais. Mas também à raça, ao espírito humano, e por que não, ao próprio Amor?
Eu diria mais: Ele é um filme feito COM amor, por gente que ama o que faz, gente que não está preocupado só com o hollerith (céus, virei paulista) mas com os resultados. Gente que vai virar a noite não porque o chefe está mandando (e quando o chefe é o Steve Jobs, ele manda sim) mas porque quer refazer uma sequência, trabalhar melhor uma animação, um detalhe.
Chaplin repetia algumas cenas mais de 400 vezes até chegar ao que queria. Os animadores da Pixar prendiam tábuas nos pés para imitar os soldados de plástico de Toy Story e entender melhor a movimentação dos personagens.
Esse tipo de dedicação é algo que não se compra. Esse "vestir a camisa", que tantos gerentes cobram de forma descarada mas não dão nada em troca é algo muito, muito raro. Por isso filmes como WALL-E são igualmente raros.
É um filme para ver e chorar no final, é um filme para sair ligando pros amigos perguntando "viu? viu?" e um filme para ter-se muita pena de quem assistir e não gostar. Significa que há algo muito errado com você.