Até eu tive meu Dia de House

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Grandes poderes trazem grandes responsabilidades mas às vezes só ser grande já traz também.

Foi o que pensei quando uma jovem de 24 anos do meu lado no sinal na esquina da Rio Branco com 7 de Setembro, pediu socorro, hoje umas 6:40 da manhã.

Ela olhou, soltou um “me ajuda” fraco e desabou, a cabeça em direção ao meio-fio de pedra. Por sorte ela era pequena, pude segurá-la e deter a queda.

Deitei a moça no chão, comecei as perguntas de praxe. Não estava sob medicação, não apresentava sudorese, sem tonteira, apenas uma forte dor de cabeça.

Tentei chamar o 190. Avisaram que tinha que ligar pro 193. Lá ninguém atendia. Outro transeunte ligou para o 192. Pelo visto o conceito de um número único de emergência é demais para o brasileiro.

Uma enfermeira apareceu, ajudou com os primeiros socorros enquanto eu mantinha os curiosos afastados, desde as velhas que queriam rezar até o pessoal que queria dar água sal doce aspirina etc etc etc.

A regra é clara: se você não sabe o que o paciente tem qualquer coisa que der pode piorar o quadro.

Durante todo o tempo ela ficou lúcida, disse que já vinha com a tal dor de cabeça havia alguns dias. Pode ir de um simples quadro de pressão alta, até um tumor. Só sei que não é Lupus.

Tive que enfrentar algumas salsas como o gênio que perguntou se estava passando mal. Não, ela adora tirar uma soneca no chão do Centro do Rio…

Também tomei conta da bolsa da moça. Com seu celular conseguimos ligar para o namorado, ela não tinha família no Rio.

Quando finalmente o resgate chegou, com uma equipe feminina (chique!) passei as informações e ainda pediram ajuda pra erguer a maca, com direito a “no três”  e tudo.

Não sei qual o  prognóstico, mas sei que só de tê-la salvo de um traumatismo craniano já posso dormir com a sensação de dever cumprido.

Afinal se for verdade a afirmação do Talmud de quem salva uma vida salva o mundo todo, vocês estão todos em débito comigo ;)


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